No dia seguinte, Isabela acordou de madrugada com Drica chacoalhando ela e chamando baixinho:
– Isa, acorda, a gente tem que conversar, acorda!
– Que foi? O que aconteceu? Já é de manhã?
– Não, ainda é de noite, acho que é uma meia noite, não sei.
– Por que você tá me acordando agora então, o que aconteceu?
– Você dormiu rápido, eu fiquei acordada sem sono e ouvi meus pais assistindo TV na sala, depois eles vieram deitar e eu fui lá na porta do quarto deles, ouvir o que eles 'tavam conversando.
– E você ouviu eles falarem algo interessante? – perguntou Isabela já se sentando na cama, agora mais desperta e interessada no assunto.
– No começo não, mas eu 'tava quase vindo deitar quando eu ouvi minha mãe perguntando se meu pai tinha falado com o Flavinho.
– Quem é Flavinho?
– É o amigo do meu pai que é advogado.
– E o que ele respondeu?
– Disse que conseguiu falar com ele, contou pra ele de você, falou até que 'tava achando que você fugiu de casa e que 'tava com medo de ficar muito tempo com você aqui por que podia se complicar com a lei.
– Sim e daí?
Drica deitou-se na mesma cama que a amiga pra conversarem melhor, com a luz apagada, e dividindo a mesma coberta as duas planejavam:
– Daí que ele falou que eles podem se complicar sim, a justiça pode achar que foi meu pai que te sequestrou.
– Mas não foi nada disso!
– Eu sei que não foi, escuta que eu ainda não acabei.
– Fala.
– Minha mãe mandou ele convidar o Flavinho pra almoçar com a gente no domingo próximo.
– Mas hoje já é quinta-feira, tá muito em cima!
– Calma, meu pai 'tava falando pra minha mãe que ele só vem pra te conhecer, dependendo de como for ele volte aqui na segunda ou na terça pra te levar.
– Mas eu não quero nem conhecer ele.
– Eu também não quero que ele te conheça, você vai ter que sair no sábado então, mas sábado já é amanhã!
– Hoje é quinta, amanhã é sexta-feira!
– Que seja, tá muito em cima do mesmo jeito.
– Tá mesmo, mas não se preocupe, vai dar tudo certo.
– Ai minha nossa, o que eu faço? – virou-se de barriga pra cima na cama com as duas mãos apoiadas no travesseiro.
– Vamos pensar em algo, não se preocupe, eu vou ajudar você a planejar, vamos dormir amanhã a gente pensa numa solução!
No dia seguinte, à mesa do café da manhã, o diálogo entre a família foi algo mais ou menos previsível:
– Amor, por onde anda aquele seu amigo que estudava direito?
– Já se formou, 'tá trabalhando num escritório de advocacia lá perto do galpão – era assim que os funcionários da transportadora de biscoitos se referiam ao seu trabalho – de vez em quando eu vejo ele lá pelas bandas.
– Você bem que poderia convidá-lo pra almoçar conosco um dia desses.
– Até que não seria má ideia, há muito tempo a gente não senta junto pra bater papo, que tal se eu trouxesse ele pra almoçar conosco no domingo?
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ISABELA
AdventureUma garota de 12 anos q foge de casa a procura de seu pai, até aí a história não teria nada de especial, o problema é que Isabela não sabe nada dele, nome, endereço, profissão, absolutamente nada, mas mesmo assim ela atravessa o país sozinha sem ter...