15. Ódio

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Isabela acordou sem saber ao certo onde estava, primeiro imaginou que fosse sonho, talvez ainda estivesse em casa ou mesmo em Palmas com sua nova amiga, mas a cama macia, o quarto enorme, geladinho, logo lhe trouxeram certeza, não era sonho, tinha mesmo achado seu pai.

Saiu do quarto, desceu as escadas e ele estava no sofá da sala lendo um livro de qualquer coisa.

- Oi meu amor, que bom que você acordou!

Ela não respondeu nada, apenas sentou-se em seu colo, agarrou-se à seu pescoço, encostou a cabeça em seu peito e continuou de olhos fechados: - Estou com preguiça.

- Claro, minha princesinha dormiu muito.

- Que horas são?

- Falta vinte minutos pras seis da tarde.

- Eu deitei era umas quatro horas, eu não dormi nem duas horas.

- Meu amor, você deitou quatro horas da tarde de "ontem"! - Respondeu dando mais ênfase na última palavra.

- Como é que é? - Espantou-se Isabela, olhando seu pai.

- Você dormiu o resto da tarde de ontem, a noite toda e o dia todo até agora.

- E por que é que o senhor não me acordou?

- Por que você estava bem cansada, eu queria que você dormisse o suficiente pra restaurar suas energias, como se sente?

- Com fome.

- Vamos comer então.

- O senhor ainda não comeu?

- Sim, eu almocei, mas já faz tempo.

- Se eu dormi em seu quarto, onde o senhor dormiu? - Perguntou sentando-se à mesa enquanto seu pai preparava algo para os dois comerem.

- No escritório.

- Por que não me colocou pra dormir lá? A cama é sua, pai.

- Não sei, acho que não pensei nisso na hora, além do que o escritório não é tão confortável assim pra você.

- Então o senhor dormiu num sofá?

- Foi, mas dormi bem.

- Então eu durmo lá hoje, a cama é sua, não quero tomar seu lugar.

- Não existe isso de "tomar meu lugar", você é minha convidada de honra, quero que se sinta bem.

- Pai, - como ela falou apenas isso, Fernando olhou-a em silêncio segurando um pão numa mão e uma faca na outra, ao que Isabela continuou: - Contanto que eu esteja com o senhor, qualquer lugar que seja eu sempre vou estar bem.

Ele sorriu antes de responder: - A partir de agora eu sempre estarei com você.

Minutos depois, de volta ao sofá, era hora de pai e filha planejarem o futuro:

- Eu e você temos muita coisa ainda pra conversar.

- Eu até sei sobre o que o senhor quer falar.

- Eu sei que sabe, é sobre isso mesmo.

- Ela perguntou por mim?

- Você sabe que sim, Isa.

- E o que o senhor respondeu?

- Que você estava dormindo, mas prometi a ela que quando acordasse nós ligaríamos de novo pra ela.

- Mas eu não quero falar com ela, pai.

- Mas meu amor, isso é impossível, ela é sua mãe.

- Eu sei que é, mas ela não lembrou que eu sou filha dela quando mentia pra mim, por que é que agora eu tenho que lembrar que ela é minha mãe?

ISABELAOnde histórias criam vida. Descubra agora