O retorno pra Fortaleza em companhia do pai, ora era esperado com ansiedade, ora Isabela não queria nem pensar, pois sabia que iria se separar de André, por isso andava colada nele o tempo todo, as vezes ele não se importava, as vezes ele se estressava.
A mãe de Cristina continuava dizendo as escondidas que Fernando tomaria seus dois filhos, e que já estava conseguindo fazer isso com Isabela, Cristina simplesmente ignorava.
A recepção na casa de Cristina foi bem diferente do esperado, Fernando esperava ser recebido com certa frieza pelos avós de Isabela, no entanto, a avó de Isabela fora única a trata-lo com certa reserva, o que ele simplesmente ignorou, com a família não tinha um horário especifico para as refeições, Fernando aproveitou pra sair com os filhos todos os dias, ficou cinco dias lá mas enfim chegou o momento de ir embora.
No aeroporto, a emoção maior de Isabela foi despedir-se de André, demoraria muito mais de um mês pra rever o irmão novamente.
Fernando conheceu Deco, o namorado de Cristina, este até pensou em vir junto ao aeroporto, mas Cristina o convenceu a não ir, ela sabia que ele estava apenas com ciúmes, afinal, Deco não era tão chegado assim em Isabela e nem ela nele.
Na hora dos abraços finais, depois de abraçar os filhos, enquanto esses se abraçavam, Fernando roubou um beijo de Cristina, ela no entanto não ofereceu resistência alguma, beijou de volta, pareciam realmente, marido e mulher se despedindo de alguma viagem.
– Eu vou sentir sua falta de novo.
– Eu também vou. Mas agora nossas vidas vão continuar por caminhos diferentes...
Eles até teriam muito mais pra conversar, porem pararam ao perceber os filhos abraçados e rindo dos pais.
Tão logo o almoço terminou, Drica subiu ao seu quarto, já tinha ajudado a mãe com a louça e agora poderia ter o resto da tarde livre, Isabela a dias não entrava em contato, de certo estaria visitando seu irmão em São Paulo, ela tinha falado algo a respeito em uma das últimas conversas.
O castigo prometido pra uma semana inteira sem sair de seu quarto não passou de três dias, por esse lado estava feliz, sabia que a amiga estava bem mesmo antes do primeiro contato.
Estava deitada na cama com uma revista de novelas, sonhando com os garotos bonitos nas páginas da revista quando alguém bate à porta de seu quarto:
– Júnior, quer parar com essas gracinhas? Você sabe que a mamãe não gosta.
Mas as batidas não paravam.
– JUNIOR, PÁRA COM ISSO, SEU BESTA! – levantou-se com raiva e foi até a porta do quarto e não acreditou no que seus olhos viam.
– Oi sua malucaaa!
– Isaaaaa.
Inacreditavelmente era verdade, Isabela estava linda e sorridente bem diante de seus olhos, cabelos presos numa presilha florida, calça jeans azul clara e camiseta amarela com uma blusa de lã também azul por cima.
– Você chegou agora?
– Sim, vem cá, tenho que te mostrar uma coisa – desceu a escada correndo puxando Drica pela mão escada abaixo.
Quando chegou na sala, Drica viu um homem estranho conversando com sua mãe, ele era alto, branco, cabelos pretos, usava óculos e muito bonito.
– Pai, eu quero que o senhor conheça minha amiga Drica.
– Oi garota, tudo bem?
– Tudo, o senhor é o pai da Isa?
– Sim, sou sim, e estava aqui nesse instante agradecendo sua mãe por terem cuidado dela. E acho que devo agradecer também a você por ter sido amiga dela.
– É um prazer, a Isa é um amor, quando vocês chegaram?
– Agora a pouco.
– Eu pedi pra ele pra gente dar uma passada aqui, queria te dar um beijo, sua doida – pulou em cima da amiga sentada no sofá fazendo cócegas nela.
– Seu Fernando, vou fazer um café o senhor aceita?
– Claro, nesse dia frio será ótimo.
– Meu marido logo chega, ele não ia ficar a tarde toda no trabalho e por isso levou o Junior com ele.
Assim que Vera saiu da sala as meninas pararam com as brincadeiras:
– Pai, foi ela que me ajudou a fugir de novo, se não fosse por ela eu teria voltado pra casa da minha mãe sem te conhecer – falou com a voz baixa como que contando um segredo pro pai.
– Drica, o que você fez não foi certo, mesmo que sendo sua amiga, ela estava fugindo de casa, mas mesmo assim eu tenho que te agradecer pois se não fosse por isso, eu ainda estava sem saber que tenho dois filhos lindos.
– Eu me coloquei no lugar dela, seu Fer, posso te chamar assim? É mais fácil.
– Pode sim, – respondeu rindo do mesmo temperamento da Isabela.
– Se eu estivesse no lugar dela, também iria fugir de casa pra conhecer minha família.
– Mas não faça mais isso, é errado.
– Eu sei, além do que não será mais preciso, a Isa já esta com o senhor.
Nessa hora parou um carro no portão tocando a buzina.
– Meu pai chegou, MÃÃE, O PAI CHEGOOOU. – gritou de lá mesmo.
– Pára de gritar, sua doida, vai lá e fala pra ela.
– Não precisa, ela já sabe.
Foi nesse instante que Junior chegou a porta com uma sacola do pai na mão, tão logo viu Isabela soltou a sacola e foi pra bem perto dela, o que deixou Isabela surpresa, pois até onde ela se lembrava bem Junior não tinha gostado muito dela:
– Oi Isabela.
– Oi Junior.
Ficaram os dois sem graça, um olhando pro outro quando Isabela agarrou-o e lhe deu um beijo no rosto.
– Oi Isabela, nossa convidada fugitiva está de volta?
– Oi seu Edgar, – Isabela foi até a porta abraçar o pai de Drica.
– Muito prazer, Edgar.
– Fernando, decidimos passar aqui para lhe agradecer, seu Edgar.
– Que nada, seu Fernando, era minha obrigação, não podia deixar uma menininha linda dessa na rua. Faríamos mais ainda, só que nossa hóspede desapareceu, ne Isabela?
– Lógico, o senhor ia mandar seu amigo me devolver pra minha mãe.
– Isa, já conversamos sobre isso, você estava fugindo de casa, ele estava certo.
– Achei que o senhor estaria ofendido conosco por isso, seu Fernando.
– De jeito nenhum, Edgar, eu já disse a ela, no lugar dela faria o mesmo.
– Não ficou fora de mão pro senhor vir de Fortaleza até aqui, seu Fernando? – perguntou Vera servindo café a todos.
– Não, na verdade passamos em São Paulo onde fui conhecer o André meu outro filho, a Isa morava lá com a mãe e o irmão, na casa dos avós, mas por um motivo ou por outro elas decidiram não me contar sobre eles, foi por isso que Isa fugiu de casa e fez essa loucura, foi sozinha ate Fortaleza me encontrar.
– E assim você foi parar no meu caminhão, ne? Sua maluca?
– Foi. – respondeu sorrindo abraçada ao pai.
– E só pra garantir... – Fernando abriu a carteira e tirou de lá dois documentos, um seu e outro de Isabela e entregou os dois nas mãos de Edgar.
– Fernando não precisa, só de olhar na cara dela e na sua dá pra saber que são pai e filha. – devolveu-lhe os documentos e tomou mais um gole de seu café.
Ficaram na casa de Drica aquele dia, saíram a noite pra jantar fora, onde Isabela contou com detalhes o restante de sua louca viagem, no dia seguinte estavam novamente dentro de um avião voltando pra casa.
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ISABELA
AdventureUma garota de 12 anos q foge de casa a procura de seu pai, até aí a história não teria nada de especial, o problema é que Isabela não sabe nada dele, nome, endereço, profissão, absolutamente nada, mas mesmo assim ela atravessa o país sozinha sem ter...