12. Marcatto

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Era três e meia da tarde quando Isabela aproximou-se do portão e novamente as vertigens voltaram, tal qual das outras vezes sua cabeça rodou, levou uns cinco minutos até que ela pudesse se sentir melhor, em seu coração aquela voz agora voltara a falar com ela, era ali, não mais se enganaria, sua longa jornada tinha finalmente terminado, o homem que morava naquela casa, tinha certeza absoluta, mesmo sem nem apertar a campainha, era o mesmo garoto da fazenda baronesa, o mesmo que apaixonou-se por sua mãe quando ainda eram crianças.

Seus olhos se encheram de água, lembrou-se de seu irmão, "eu achei mano" pensou consigo mesma, "eu achei".

Observou cada detalhe da campainha antes de apertar, enxugou os olhos com a manga da blusa e apertou, ouviu um som intermitente como de uma cigarra cantando.

Apertou uma, duas, três vezes, será que ele não estava em casa? Tinha certeza que era ali, agora tinha, pois era aquela voz que dizia a ela, era ali, sabia que era, apertou uma quarta vez quando uma voz masculina respondeu lá de dentro:

- Já vai.

Era ele, só podia ser, seu coração quase lhe saía pela boca.

Ouviu passos do outro lado do portão, uma sombra pode ser vista por baixo e a fechadura destrancou e o portão abriu.

- Boa tarde? - Um homem novo, branco, alto, cabelos pretos e usando óculos sorria para ela.

- Boa tarde, o senhor é o Fernando?

- Sim, sou eu.

Parecia mentira, ele realmente existia, estava diante dela falando com ela.

- Fernando? É mesmo o senhor?

- Sim - o homem pareceu curioso.

- Seu nome é Fernando Marcatto?

- Sim, sou eu, e o seu, como é?

- O senhor morou em uma fazenda chamada Baronesa quando era criança?

- Sim, morei, - agora Fernando estava realmente intrigado.

- Sua mãe se chama Marta e a irmã dela, sua tia, se chama Graça?

- Quem é você, garotinha?

- Responde pra mim por favor, sua mãe é a dona Marta? - não pode conter as lágrimas, que já molhavam seu rosto.

- Sim, é ela sim, você me conhece de onde?

- Então você existe mesmo?

Fernando não soube o que responder, estava realmente intrigado. Mais intrigado ainda ficou quando numa reação impensada Isabela foi ate ele e o abraçou, e ainda abraçada com Fernando e chorando continuou:

- Então você existe mesmo? Eu pensei que eu estava ficando louca, várias vezes eu pensei se você realmente existia, se todo mundo a minha volta não tinha mesmo razão, eu andei tanto pra te encontrar, eu passei tanta coisa e agora você está aqui na minha frente.

Fernando estava sem ação, mudo, com Isabela ainda abraçada e chorando. Quando então ela afastou-se e tentou se eplicar:

- Eu sei... eu sei que pode parecer loucura, - respondeu ela agora tentando se recompor - pode parecer maluquice de menina, mas se você... quero dizer, o senhor, me deixar entrar e me der um copo com água, eu prometo que explico tudo.

- Tudo bem, entre. - Ficou de lado permitindo que Isabela entrasse.

Ao passar por ele, Isabela viu parado na garagem o mesmo carro preto de vidros brilhantes que passou por ela na manhã daquele mesmo dia. Desceu uma pequena rampa, e Fernando seguiu atrás dela.

ISABELAOnde histórias criam vida. Descubra agora