25. Conseqüências

80 17 103
                                    

Pelo resto do dia e no seguinte a comunicação entre pai e filha era somente o necessário, principalmente por que Isabela já passou o inferno na escola, apesar de seus apelos e das aparentes promessas de todos, a estoria chegou lá e correu rapidamente entre os conhecidos dela, a noite do dia seguinte, Isabela sentou-se ao lado do pai no sofá da sala encarando-o insistentemente enquanto ele ignorando a presença dela, assistia TV tranquilamente.

Então ela pegou o controle, desligou a TV e esperou até que o pai a olhasse.

– Que é que você quer, Isa?

– O senhor não vai fugir de nossa conversa, Fernando Marcatto.

– Isabela, "eu" sou seu pai, pare de agir como se tivesse 30 anos!

– E o senhor pare de agir como se tivesse 15.

– Eu não...

– Aquela menina tem 15 anos, pai, 15! Ela é de menor, o senhor tem quase 30, será que eu é que tenho que ter juizo por nós dois aqui?

– Ela não me deu chance sequer de me explicar, Isa

– Ai coitadinho, ela lhe ameaçou foi? Tipo o que? Me beija ou eu tiro a roupa?

– Pare de ser sarcática!

– Pai, acorda! Se a polícia souber disso o senhor vai preso, sabia? E eu vou ser obrigada a voltar pra casa da minha mãe!

– Está preocupada com meu bem estar ou com medo de voltar a morar com sua mãe?

Ela não respondeu de imediato, antes de dizer qualquer coisa deixou as lágrimas rolarem pelo rosto e então falou de voz embargado:

– Não tá vendo que eu não quero te perder, seu ingrato! – jogou a almofada do sofá no chão e saiu com raiva da sala.

Fernando não a seguiu, no fundo ele sabia que ela estava certa o tempo todo, desde o primeiro sorriso de Rafaela ele já sabia que isso daria problema, no entanto a beleza da garota o hipnotizou tanto que quando ele se deu conta do que fazia, o beijo já era gostoso demais pra ser deixado pela metade, tudo o que se lembra a seguir era a vergonha procurando um buraco pra se esconder no chão da cozinha e os amigos de Isabela se divertindo com a cena, pois por incrível que pareça, Rafaela realmente se confundiu.

Naquele momento tudo o que lhe pesava no coração era a tristeza por ter magoado o coração da filha, o arrependimento não era medo das consequencias de beijar uma garota de menor, mas sim por ter machucado quem tanto lhe amava.

Então, descalço como estava, de bermuda laranja e camisa polo branca, subiu as escadas devagar, abriu a porta do quarto de Isabela cuidadosamente e a filha estava deitada de bruços na cama, com seu vestidinho branco florido e a cara afundada entre as almofadas da cama chorando magoada.

A cena machucou-lhe ainda mais, agora ele próprio sentiu os olhos molharem, tirou os óculos e pôs no criado mudo então sentou-ne na beira da cama da filha e delicadamente alisava os cabelos dela.

Isabela levou uns segundos ainda até mudar de posição e ainda deitada encarar o pai.

Fernando deitou-se ao seu lado e ficou olhando em silencio os olhos vermelhos de Isabela.

– Eu não quero te perder, paisinho, por favor, não percebe a gravidade disso?

– Me perdoe por ter te magoado.

Isabela não respondeu nada, apenas deitou a cabeça no peito de seu pai abraçando-o, então Fernando insistiu:

– Me perdoa filhinha, papai magoou você, me perdoa?

ISABELAOnde histórias criam vida. Descubra agora