ISABELA

18. A Família de Isabela

Por muita insistência de Cristina e de seus pais, Fernando aceitou não dormir no hotel com Isabela e sim passar a noite com eles, não por ter de dormir no sofá da sala, mas por sua suspeita ainda não confirmada de que os pais de Cristina não o vissem com bons olhos.

Poucos minutos antes de dormir, os quatro conversavam na sala:

– Nando, tem certeza que não falta nada, vocês estão mesmo bem?

– Sim, Cris, estamos bem, pode ficar tranquila.

– Filho, da boa noite pro seu pai e arruma nossa cama que nós já vamos dormir.

O pequeno não respondeu nada, apenas abraçou o pai, em seguida sua irmã e subiu pro seu quarto.

– Isa, vai escovar seus dentes e se preparar pra dormir que eu preciso falar com sua mãe.

Ao contrario de Andre, Isabela não falou com ninguém, foi ao quarto ao lado onde estavam as malas, pegou uma toalha de rosto e sua escova e foi pro banheiro.

– Nando, ela não falou comigo o dia todo.

– Eu percebi.

– Estou me perguntando quanto disso eu vou conseguir suportar.

– O necessário, Cris, eu prometi a ela que ela não precisava ser hipócrita e falar ou se comportar de maneira contrária ao que ela realmente sentia, mas pedi insistentemente que ela fosse pelo menos gentil e educada com você.

– Ela não foi grossa comigo não, só não está falando comigo, ela tá fria e estranha comigo, fora isso não tenho do que me queixar.

– É como eu te disse, dê tempo a ela.

– Onde ela vai dormir, não cabem vocês dois ai nesse sofá, e eu acho que ela não vai aceitar dormir comigo.

– Boa pergunta, mas acho que vamos ter de nos arranjar aqui mesmo.

– Mas Nando, é apertado demais.

– Não se preocupe, a gente se ajeita aqui.

Nesse mesmo instante Isabela passou do banheiro pro quarto ao lado onde estava a bagagem: – Pai eu vou dormir com o senhor, né?

– Viu o que eu te disse?

– Verdade, não se preocupe, ela dorme comigo – falou baixinho apenas pra Cristina ouvir, em seguida dirigindo-se a Isabela, continuou – Sim, meu anjo, você dorme comigo sim.

Isabela agora veio do quarto e sentou-se ao lado do pai, quando Cristina o beijou no rosto – Boa noite, Nando.

– Boa noite Cris, – retribuiu o cumprimento e ficou olhando sua filha enquanto Cristina a beijava na testa

– Boa noite meu amor, te amo muito, viu minha menina.

– Boa noite – foi tudo o que ela respondeu.

Depois que já estavam sozinhos, Fernando agradeceu-a:

– Obrigado, meu anjo.

– Pelo que?

– Achei que não fosse dar boa noite pra sua mãe.

– Só estou sendo educada, como o senhor me pediu.

– Eu sei, por isso estou agradecendo.

– Educação se usa em todo lugar ne, pai?

– Sim com certeza.

– Até mesmo com estranhos.

– Sim, mas ela não é uma estranha, ne?

– Pode não ser pro senhor, mas pra mim passou a ser.