13. Feridas

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Fernando dirigiu-se ao telefone tendo na mão esquerda o diário de Isabela, e na direita o telefone sem fio, memorizou a ordem dos dígitos, discou o número, tirou os chinelos do pé e deitou no sofá. O telefone chamou uma, duas, três vezes, o quarto toque foi interrompido por uma voz masculina do outro lado da linha:

– Alô?

– Alô, boa tarde, eu poderia por favor falar com a Cristina?

– Quem gostaria?

– É um amigo dela.

– Desculpe, mas ela não está falando com ninguém por esses dias.

– Mas é um assunto muito importante.

– Eu sei, mesmo assim, estamos enfrentando um problema de família muito sério esses dias, me diga seu nome e sobre o que é o assunto que depois eu falo pra ela e quando ela puder ela te liga.

– Ok, tudo bem então, diga pra ela que o Fernando ligou e que eu tenho notícias da Isabela, tenha uma boa tarde. – fez uma pausa de alguns segundos só pra dar a impressão de que ia mesmo desligar e sorriu sozinho deitado no sofá ao ouvir a voz do outro lado da linha responder preocupada:

– Ei, espera, não desliga, por favor, você falou o que?

– Eu disse que tenho notícias da Isabela, ela fugiu de casa há um mês, não é?

– Sim, como você sabe disso?

– Me deixa falar com a Cristina que eu explico tudo, prometo.

– Tudo bem, espera só um minuto que eu vou passar pra ela.

Fernando continuou com o telefone no ouvido e por alguns segundos não ouviu nada, depois ouviu vozes baixas que conversavam aparentemente com a mão abafando o telefone:

"Cris, tem um rapaz no telefone querendo falar com você".

"Júnior, já te falei que não quero falar com ninguém".

"Ah, mas com esse eu tenho certeza que você vai querer falar".

"Júnior, me deixa sozinha vai, não quero saber de falar com ninguém que não seja sobre minha filha".

"Cris, ele falou que o nome dele é Fernando e que ele tem notícias da Isabela".

"Como é que é"?

"Fala com ele, toma, ele tá na linha".

– Alô?

–Alô, quem fala?

– É a Cristina, Fernando?

– Oi Cristina, sou eu.

– Meu irmão me falou que você tem notícias da Isabela?

– Tenho sim Cristina.

– Como está minha filha, Fernando, por favor, me diz como ela está?

– A "nossa" filha está bem Cristina.

– Ah Fernando, a gente tem muito o que conversar, eu sei, mas eu estou preocupada demais com ela.

– Eu entendo, foi por isso que eu te liguei, ela chegou aqui na minha casa faz uma hora.

– Uma hora, como assim? Ela saiu daqui já faz um Mês!

– Eu sei, ela me disse, mas ela só chegou aqui a uma hora atrás.

– Minha nossa, onde ela esteve esse tempo todo?

– Onde você acha que ela esteve?

– E você acha que eu sei?

ISABELAOnde histórias criam vida. Descubra agora