20. Vida Nova

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Quando o avião pousou em Fortaleza, era em torno de três da tarde, ao invés de pagar um táxi, Fernando ligou pro amigo Ricardo que prontamente veio busca-lo em seu próprio carro, Fernando sempre deixava o carro com ele nas viagens.

– Nando, você não repara se eu voltar pro trabalho, ne? Tô correndo um pouco lá hoje.

– Não Rico, claro que não, eu passo em frente e te deixo no portão. Amanha apareço por lá. Hoje tenho de arranjar as coisas lá em casa com minha nova colega de cela.

– Ai pai, que horror, colega de cela, credo.

Uma vez em casa, as malas todas no chão da sala, Fernando tomou Isabela pela mão e sentou-se com ela no sofá:

– Isa, como a gente combinou, teremos algumas regras, aqui, tudo bem?

– Sim senhor.

– Pretendo transformar aquele quartinho menor que eu uso pra estudos em um quarto pra você. Você vai estudar de manhã, e pela tarde quando não estiver fazendo algum curso, que vamos pagar pra você, você terá tarefas, seja de escola ou seja aqui de casa mesmo, ok?

– Sim, senhor, não se preocupe, não vou lhe dar trabalho.

– Como você pode ver, a casa é toda arrumada, e vamos combinar que ela estará sempre assim, pode ser?

– Claro, na casa da minha vó a gente também tinha que ajudar em casa e deixar tudo arrumado, mas eu posso te perguntar uma coisa?

– Se eu souber te responder...

– O senhor e minha mãe pretendem voltar?

– Isa, olha...

– A gente viu vocês se beijando no aeroporto.

– Pois é, na verdade, eu é que beijei sua mãe e ela apenas deixou.

– O senhor ainda gosta dela?

– Não sei, meu anjo, pra te falar a verdade não sei nem por que fiz aquilo.

– Pode ficar tranquilo que eu sei guardar segredos, tá?

– Eu sei, Isa, agora depois dessa loucura toda que você fez principalmente, ne?

Uma semana depois a rotina de Isabela era outra, já estava devidamente matriculada na escola e ia as aulas todas as manhãs, porém com um mês inteiro longe dos estudos, perdeu algumas notas importantes e teria que estudar muito pra acompanhar, tinha muita gente legal na nova escola e rapidamente fez novos amigos. Alguns professores eram chatos outros no entanto eram bem legais.

Aos finais de semana ia na casa de seus avós pais de seu pai, não era tão distante dali, descobriu até que tinha outros tios e primos que nem imaginava, as vezes saíam pra algum churrasco ou alguma festa com seu novo tio Rico e o pessoal do trabalho de Fernando.

Não falava muito de sua mãe a ninguém, pelo visto esse seria sempre um assunto difícil pra ela, quando alguém lhe perguntava algo a respeito, sempre conseguia educadamente mudar de assunto e mesmo quando ela ligava e seu pai praticamente a obrigava a falar com ela, era reservada e monossilábica, a frieza ainda era bem clara mesmo em sua voz, o que obviamente sempre levava Cristina às lágrimas.

Fernando no entanto parecia ter uma paciência infinita, tinha se determinado a resolver esse assunto, mas seu jeito calmo e quieto tinha uma maneira mais moderada de resolver problemas, isso de certa forma acabou até aproximando os pais de Isabela pois Fernando passava um bom tempo acalmando Cristina e conversando com ela sempre que esta falava com Isabela ao telefone.

Com André, no entanto ela mudava da água pro vinho, era tagarela, ria e contava histórias o tempo todo sem parar, queria que seu irmão soubesse de todas as novidades, dos primos, da escola, dos novos amigos vizinhos do condomínio onde morava com seu pai.

ISABELAOnde histórias criam vida. Descubra agora