Karol

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Aviso: *A música que será "cantada" lá no final do capítulo é essa que está na mídia do capítulo. Por isso, peço de todo coração que deem play quando chegar na parte. Por favorrrrrr*

*****
Coloco Tomás no meu colo e saio do quarto sem nem olhar para trás; não desejo brigar com o Ruggero e muito menos na frente do menino, mas meu sangue ainda ferve nas veias com suas palavras duras.
Ele é um homem terrível.

Fecho a porta atrás de nós, porém ainda ouço a voz dele, mas ignoro.
Dou um beijo na bochecha úmida e gelada de Tomás e forço um sorriso.
Lá na fazenda a gente aprende que sorri sempre é melhor, mesmo que por dentro tudo esteja uma balbúrdia sem fim.

- Meu pai não é mal. - Tomás diz assim que eu coloco ele sentado na ilha da cozinha. - Ele vai deixar você ficar.

Minhas mãos ainda estão trêmulas pela emoção da briga. Eu sempre fui assim, na mínima chance de briga meus olhos já enchiam de lágrimas e minhas mãos tremiam.
Eu odiava brigar, mas se fosse necessário...
Mas enfim, encaro Tomás sorrindo.

- Você foi bastante corajoso enfrentando seu pai. Fiquei até emocionada com seu carinho, sabia? Vcoe é um menino muito forte.

Ele sorri e suas bochechas ficam levemente avermelhadas.

- Acha que um dia vou ser tão durão quanto meu pai? Todo mundo tem medo dele, até aqueles homens grandes que vem aqui com malas e ternos. - Ele coça o queixo e me olha.

Balanço a cabeça.

- Você vai ser um homem muito gentil e amoroso. Não é legal causar medo nas pessoas, Tomás. Não mesmo. - Explico.

O menino fica pensativo e depois suspira como se tivesse chegado a alguma conclusão.

- Karol, você acha que meu pai me ama? Se ele te deixar ficar é porque ele me ama, né?

Por um momento fico em silêncio absorvendo aquela pergunta e tentando vasculhar minha mente em busca de uma resposta, mas... Eu não conheço essa família, sou uma estranha que adentrou a casa e manchou o carpete com chá para prisão de ventre.
Mas mesmo assim me esforço para dizer algo útil.
Me inclino na direção do menino e beijo sua testa.

- Independente de qualquer decisão eu sei que seu pai te ama. Ele te ama muito.

Não sei se ele acredita, mas aceita minha resposta.
Ficamos nos encarando por algum tempo, porém antes que ele pergunte mais alguma coisa, Margarida entra na cozinha e me lança um sorriso.

- Tomás, saia um pouco, preciso conversar com Karol. - Margarida diz.

- Mas a Karol vai ficar, né? - O garotinho pergunta apreensivo.

Olho de um para o outro. Estou indecisa, para mim tanto faz, porém já me apeguei a Tomás. Não quero deixá-lo com esse pai sem escrúpulos que ele tem.
Não posso nem conceber a ideia de que esse lindo menino se torne um homem azedo e mal.

- Vai, mas preciso falar com ela antes. Vá para seu quarto, certo?

- Tudo bem! Oba! - Ele vibra e eu o abraço e o ajudo a descer. - Tchau, Karol!

- Tchau, meu amor. - Lhe dou um beijo no rosto e observo-o sumir do meu campo de visão.

Então o viúvo azedo havia mudado de ideia?
Afinal ele tem um coração...

- Sente, filha. Precisamos falar.

- Aconteceu algo? - Pergunto de antemão.

Margarida pede novamente para que eu me sente e eu obedeço, porém ainda estou com uma pulga insistente atrás da orelha.

Nos Seus Olhos (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora