!Aviso de gatilho!
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Peço a Ruggero para ir falar com Tomás e peço também para que ele tente ficar calmo, pois assim que Tomás estiver mais tranquilo, eles precisarão conversar.
Ruggero não diz que sim nem que não, apenas avisa que quer ficar sozinho no quarto até conseguir assimilar tudo.
Eu até concordo, já que não há mais bebidas nem remédios não tenho com o que me preocupar e até entendo que ele queira ficar sozinho um pouco. Foi um baque para ele ouvir aquelas palavras do filho.Vou até o quarto de Tomás e a porta está entreaberta, mesmo assim bato duas vezes e ele me manda entrar.
Meu pequeno está sentado no chão com a cabeça enfiada entre os joelhos e o corpo está tremendo com o choro compulsivo.Me agacho ao seu lado e toco seu ombro, ele se assusta.
− Quer conversar?
− O papai não me ama. – Diz com a voz anasalada. – Ele vai me mandar para longe.
Relaxo as pernas e acabo me sentando. Suspiro fundo para controlar minhas próprias emoções.
− Ele falou aquilo, mas não é a verdade. Escuta – Seguro o rosto dele para que ele me olhe nos olhos. –, seu pai não quer se afastar de você, pelo contrário, ele jogou fora todas as bebidas. Ele quer ser um pai normal, o pai que você quiser que ele seja.
Seus olhões espertos e avermelhados pelo choro me fitam com uma faísca de esperança.
− Não tem mais bebida?
− Nenhuma. Eu juro. Eu mesma joguei tudo fora e os remédios também.
Ele funga e esfrega a ponta do nariz com as costas da mão.
− Então ele vai brincar comigo e assistir desenho?
Meu coração se derrete com aquela tão inocente pergunta. Para as crianças é tudo tão simples, elas só precisam de pequenas coisas. Ele só quer que o pai veja desenho animado com ele.
Puxo- o e beijo-o na testa.− Vai, sim. Aliás, você devia ir tomar um banho enquanto eu faço pipoca e falo para ele que você quer ver... hum... Qual seu desenho favorito?
Ele sorri, apesar da cara de choro.
− O daquela princesa que pode falar com o coelho! – Diz, empolgado.
Estalo a língua. Eu conhecia aquele desenho.
− Princesinha Sofia! – Deduzo. – Eu também adoro aquele coelho falante! Se o seu pai deixar, eu posso assistir com vocês?
Ele então se levanta mais animado e assente veementemente.
− Pode! Será que o papai vai assistir todas temporadas?
Balanço a cabeça ponderando.
− Eu vou lá falar com ele e você vai tomar um banho, daí quando você se arrumar, todos nos reunimos para assistir e comemorar que o seu papai te ama muito e vai melhorar cada vez mais por você, combinado?
Tomás nem responde, mas o abraço e o sorriso lindo que ele me dá, já é a resposta que eu esperava.
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Deixo Tomás no chuveiro tomando o devido banho quente para acalmar seus ânimos infantis e sentindo-me mais tranquila, vou até o quarto de Ruggero, bato na porta duas vezes, mas ele não diz nada, por isso deduzo que possa estar no banho ou talvez esteja na varanda olhando as rosas.
Mesmo conhecendo-o há pouco tempo, já consigo notar que as rosas são muito importantes para ele. Ele até havia gostado dos girassóis.
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Nos Seus Olhos (Volume 1)
FanfictionAcusado da morte da esposa a quem tanto amava, recluso em sua mansão, dependente de álcool e remédios para dormir e um pai relapso, é isso que Ruggero Pasquarelli se tornou desde o falecimento da esposa; Desde que sua mulher desaparecera ao cair do...