Ruggero ( Penúltimo)

1K 89 32
                                    

A medalhinha de Karol estava queimando na palma da minha da mão. Era a única coisa que eu tinha dela agora. Os médicos me entregaram antes de levá-la para uma tomografia.
A pedra havia acertado a parte de trás de sua cabeça e por ter sido uma pedra muito grande, os danos pareciam mais sérios do quê a equipe de primeiros socorros previra.

Eu não entendia o que diziam. Eu só entendia que ela não estava bem e não parecia a minha Karol.

Sento-me no chão no meio do corredor que leva até a sala onde está sendo feita a tomografia e seguro firme nas mãos a câmera fotográfica onde há uma foto dela sorrindo para mim.
Em pensar que faz tão pouco tempo que aquela foto havia sido tirada... Ainda podia sentir seus lábios nos meus.

Porque Eleanor fez aquilo?

Deus do céu!

Deslizo o dedo pela lente da câmera e remoo no meu intimo o momento em que ouvi seu grito e logo em seguida a vi cair no chão. Tão indefesa.
A minha Karol.

Viro a cabeça e vejo uma mulher murmurar algo para a outra que está ao seu lado e depois ambas me olham.

Do quê será que estão falando?

− Está satisfeito? – A voz de minha mãe me arranca do transe do momento e sou obrigado a olhá-la. Ela está vermelha. – Ruggero, veja onde esse seu romance com a emprega te trouxe! E se essa menina morre?

Levanto-me do chão com o sangue fervendo dentro das veias e encaro a mulher mais fútil que já conheci.

− Ela. Não. Vai. Morrer! – Digo entre dentes.

Ela rir com escárnio.

− Sabia que já está em todos os tablóides de fofoca? Como se não bastassem as fotos!

Franzo o cenho.

− Fotos? Que fotos?

Mamãe balança a cabeça cheia de cabelos louros.

− Você não viu? Não viu o que o Claudio Guerra postou naquele site chechelento dele?

Tranco meu maxilar.

− Que porra de fotos são essas? Fala logo, Cacete!

Ignoro o olhar de reprovação de algumas enfermeiras que passam por nós.

− Toma. Olha. – Antonella me entrega seu celular e, na mesma hora, eu reconheço as benditas fotos. São as mesmas que esse filho da puta tinha me mandado. As fotos da traição da Cristina.

"Será que Ruggero Pasquarelli sabia das puladas de cerca da atriz? Seria isso motivo o suficiente para uma briga séria que levaria à morte da estrela? Façam suas apostas."

FILHO DA PUTA! – Berro e atiro o celular para longe.

Algumas pessoas se assustam e alguém me chama de maluco, mas isso não me importa. Aquele maldito havia postado aquelas fotos e ainda havia insinuado que eu tinha culpa na morte da Cristina. De novo. Tudo de novo.
E então me dou conta: Por isso a ira de Eleanor. Ela deve ter lido aquilo.

Por isso todos me olhar e cochicham. Todos.

De repente começo a sentir como se meu peito estivesse fechando e as paredes se aproximando como se fossem me esmagar entre elas.
Puxo a gola da camisa e solto o ar devagar pela boca.

Karol precisa de mim.

Sinto a mão de Antonella no meu braço, mas empurro para longe.

Preciso ficar bem. Preciso ficar bem para Karol.

Nos Seus Olhos (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora