Capítulo 22

11 6 5
                                    

Tamânda

Ainda não acredito que fui irresponsável o bastante para não chegar a tempo ao portal. Como sou burra! Isso não poderia ter acontecido!

Continuo a descer a montanha com a cabeça baixa e de repente sinto algumas gotas de água em minha pele, ergo a cabeça e percebo o céu escurecer rapidamente. Ouço um forte trovão e os pingos de chuva começam a ficar mais numerosos. Seguro firme as rédeas de Névil e o levo para debaixo de uma árvore para que possamos nos abrigar até que a chuva passe.

Depois de muito tempo esperando, Névil começa a ficar inquieto, pois mesmo estando embaixo da árvore, estamos nos molhando bastante.

- Shhhh. Calma querido, já está quase passando, tá? - massageio seu pescoço e aliso sua crina.

Ele começa a ficar mais calmo, quando repentinamente ouve-se outro trovão pavoroso juntamente com um raio que cai perto de nós, aumentando o medo de Névil que corre em direção ao campo.

- Névil! - grito, tentando fazê-lo voltar, mas ele não me obedece.

A velocidade na qual ele está indo é muito grande, tento-o acompanha-lo, correndo, mas não consigo alcança-lo.

Continuo correndo para tentar encontrá-lo na esperança de que tenha parado em algum lugar próximo.

A chuva está cada vez mais forte, meu vestido está completamente encharcado, o que dificulta meu andar. Prossigo com dificuldade porém a ventania é tanta que está impossibilitando minha visão.

O chão está escorregadio e andar está se tornando mais difícil, mas não penso em desistir, tenho que encontrar Névil o quanto antes.

Pequenas correntes de água formadas pela chuva, surgem embaixo dos meus pés fazendo-me perder o equilíbrio, levando-me ao chão, causando minha queda em uma poça de lama.

Ainda dentro da poça levanto a cabeça e enquanto limpo o rosto, ouço risadas.

- Eu não acredito nisso! - diz Charles rindo estrondosamente, montado em um cavalo de cor marrom.

- Não tem graça nenhuma - digo limpando o rosto.

- Calma, não precisa ficar brava comigo.

- Eu? Brava com você? Claro que não.

- Quer que eu lhe ajude?

- Não preciso, sei me cuidar sozinha - falo me levantando.

Ele me olha fixamente e percebo que ele está segurando o riso.

- Você tem certeza de que não precisa de ajuda?

- Tenho! - ao me levantar e dar um passo à frente, escorrego novamente e volto a cair.

- Ah não, desculpa - diz ele rindo novamente ainda mais alto.

- Some daqui!

- Quer que eu suma?

- Se puder me fazer esse favor.

- Humm. - resmunga ele - Mas você vai me agradecer por trazer seu cavalo, agora ou mais tarde?

Minha mente está tão conturbada que nem percebi que Névil estava junto ao cavalo de Charles.

- Névil! - brado em alta voz.

Saio da poça, desta vez com mais cuidado para não voltar a cair.

- De nada - diz Charles ironicamente.

- Nunca mais faça isso, ouviu!? Nunca mais!?

- Você está dando uma bronca nele?

- Estou - falo sem olha para Charles e abraçando Névil.

Entre Céus E TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora