Capítulo 20

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Galardriel

Me desperto e vejo que muitas horas já se passaram, adormeci e nem notei. Levanto cansado, sinto que não tenho mais vontade de viver. O ar deste castelo está se tornando cada vez mais irrespirável.

Já está bastante tarde, mas mesmo assim, resolvo tomar um ar fresco. Vou até o jardim das rosas brancas, e me sento em um banco. Esse lugar sempre me trouxe calmaria.

Lembro-me de todas as vezes que meu pai me trouxe aqui quando eu era apenas um garoto, naquele tempo eu tinha certeza de que ele me amava, hoje eu já não acredito mais nisso.

Abaixo minha cabeça e começo a chorar.

- Galardriel?

Reconheço a voz de Dhelayla e não levanto a cabeça, apenas falo:

- Dhelayla, por favor, hoje não mais.

- Posso me sentar aqui com você?

- Eu não acho uma boa ideia.

- Por favor?

Olho para ela e percebo seu rosto amável.

Ficamos em silêncio e ela diz:

- Está tudo uma loucura, não é?

- Você não faz ideia.

- Você acha que eu não estou sofrendo por isso?

- Acredite, não tanto quanto eu.

- É muito mesquinho da sua parte, achar que só você está sofrendo por isso, Galardriel, ou você acha que só você tinha outros planos? Eu também não queria me casar agora, para mim também está sendo muito difícil assimilar toda essa situação, mas você está sendo mimado o bastante para não perceber que todos nós estamos envolvidos nisso, que há dois reinos envolvidos em toda essa história, e que precisam da nossa ajuda, mas não, você acha que a situação está sendo desconfortável apenas para você.

Suas palavras são mui duras, porém ela fala de um jeito tão meigo e amável, que me faz admirá-la.

- Mas eu não vou conseguir te amar.

- Eu estou pedindo para você me amar? Eu apenas quero que possamos nos respeitar, que possamos ser amigos. Desde que cheguei aqui, você tem me tratado de má forma, quando na verdade nada disso é culpa minha.

- Mas você foi falar do beijo e...

- Como você acha que eu estava me sentindo? Eu estava mal! Peço perdão e reconheço que foi um erro meu, mas você acha que se eu tivesse contado ou não para o seu pai, mudaria algo?

- Não.

- Então por que ainda me trata com toda essa indiferença?

- É complicado.

- Eu sei que é, mas pelo menos vamos fazer um esforço para que possamos ser ao menos amigos.

- Me desculpe, eu não havia pensado dessa forma.

- Eu sei que não, mas alguém tinha que te mostrar isso, senão você iria continuar nos machucando, sabe?

- Agora sei - olho para ela e rio.

- Então, podemos ser amigos? - pergunta ela estendendo a mão.

- Claro que sim - aperto sua mão.

- E eu quero que você saiba que não irei confundir as coisas, e que só nos casaremos pelo bem do povo.

- Obrigado por compreender.

- Não há de quer.

Ficamos sentados e em silêncio mais uma vez.

Entre Céus E TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora