Tamânda
Sinto algo tocar minha pele e isso me faz despertar imediatamente
- Desculpe-me, querida, não quis assustá-la - diz minha mãe agachada à minha frente, acariciando meu rosto.
Desencosto-me lentamente de Névil que está desperto.
- Faz muito tempo que a senhora chegou?
- Não muito. Mas procurei você em toda a casa e não encontrei, então fiquei preocupada e resolvi te procurar aqui.
Um pouco desnorteada pelo sono, balanço a cabeça e pergunto:
- Que horas são? Deve ser bem tarde.
- Na verdade não. Por conta das chuvas, tivemos que encerrar os trabalhos mais cedo.
- E o papai?
- Ainda não chegou.
Levanto-me e ao erguer a cabeça sinto uma leve dor no pescoço. Névil se levanta sem demora e vai até seu bebedouro e em seguida se dirige ao cocho de madeira, onde fica sua comida.
- Acho que ele não precisa mais de mim. - digo sorrindo
- Mas o que aconteceu? O que essa toalha e esse lençol estão fazendo aqui? E o porquê dessa fogueira? Ou melhor: por que você está dormindo com o cavalo? - pergunta confusa.
- Calma. Lá dentro lhe conto tudo.
Recolho o lençol e a tolha que estão no chão, junto um pouco de água nas mãos e apago a fogueira. Me despeço de Névil e junto com minha mãe, saio do estábulo.
Corremos para que não fiquemos com roupa encharcada. Entramos rapidamente em casa, pela porta dos fundos que está entreaberta e minha mãe comenta:
- Que chuva repentina, não?
- Exatamente! - confirmo - Estava passeando com Névil e de repente o céu fechou-se.
- Falando em caminhar; onde você e Névil estavam?
- Passeando, mãe.
- Sim, mas onde? Todos os dias você sai pela manhã e volta no mesmo horário. É como se você tivesse um compromisso marcado.
- Não é nada disso mãe - dou de costas.
- Não vire as costas para mim, eu estou falando com você - diz ela severamente.
- Está bem - viro-me de cabeça baixa.
- O que está acontecendo com você? Já faz dois anos que essas suas saídas têm acontecido continuamente e você não me conta o que está havendo.
- É complicado, mãe.
- Então descomplica - sentou-se em um dos assentos da sala e me puxou para junto dela - Você sabe que além de eu ser sua mãe, eu sou sua amiga, não sabe?
- Sei! - digo colocando as mãos no rosto.
- Então por que não confia em mim?
- Eu confio, mãe.
- Então me conta!
- É que... Eu estou apaixonada.
Seu olhar transmite seriedade e ao mesmo tempo confiança. Ela joga o cabelo para trás e pergunta:
- Por quem?
- Ele não é daqui.
- Sim, mas quem é ele? O que ele faz da vida?
- Ele é um príncipe.
- É o Harry!? - pergunta assustada.
- Não, mãe! Que horror! Ele não é daqui.
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Entre Céus E Terra
Romansa1º Livro Reinos distintos, separados por uma grande e antiga guerra. Guerra esta que mesmo tendo acontecido há milênios, guarda segredos e traz consequências até os dias atuais e, no meio de tudo isso dois jovens que se amam. Um anjo e uma feiticeir...