Capítulo 23

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Tamânda

Sinto algo tocar minha pele e isso me faz despertar imediatamente

- Desculpe-me, querida, não quis assustá-la - diz minha mãe agachada à minha frente, acariciando meu rosto.

Desencosto-me lentamente de Névil que está desperto.

- Faz muito tempo que a senhora chegou?

- Não muito. Mas procurei você em toda a casa e não encontrei, então fiquei preocupada e resolvi te procurar aqui.

Um pouco desnorteada pelo sono, balanço a cabeça e pergunto:

- Que horas são? Deve ser bem tarde.

- Na verdade não. Por conta das chuvas, tivemos que encerrar os trabalhos mais cedo.

- E o papai?

- Ainda não chegou.

Levanto-me e ao erguer a cabeça sinto uma leve dor no pescoço. Névil se levanta sem demora e vai até seu bebedouro e em seguida se dirige ao cocho de madeira, onde fica sua comida.

- Acho que ele não precisa mais de mim. - digo sorrindo

- Mas o que aconteceu? O que essa toalha e esse lençol estão fazendo aqui? E o porquê dessa fogueira? Ou melhor: por que você está dormindo com o cavalo? - pergunta confusa.

- Calma. Lá dentro lhe conto tudo.

Recolho o lençol e a tolha que estão no chão, junto um pouco de água nas mãos e apago a fogueira. Me despeço de Névil e junto com minha mãe, saio do estábulo.

Corremos para que não fiquemos com roupa encharcada. Entramos rapidamente em casa, pela porta dos fundos que está entreaberta e minha mãe comenta:

- Que chuva repentina, não?

- Exatamente! - confirmo - Estava passeando com Névil e de repente o céu fechou-se.

- Falando em caminhar; onde você e Névil estavam?

- Passeando, mãe.

- Sim, mas onde? Todos os dias você sai pela manhã e volta no mesmo horário. É como se você tivesse um compromisso marcado.

- Não é nada disso mãe - dou de costas.

- Não vire as costas para mim, eu estou falando com você - diz ela severamente.

- Está bem - viro-me de cabeça baixa.

- O que está acontecendo com você? Já faz dois anos que essas suas saídas têm acontecido continuamente e você não me conta o que está havendo.

- É complicado, mãe.

- Então descomplica - sentou-se em um dos assentos da sala e me puxou para junto dela - Você sabe que além de eu ser sua mãe, eu sou sua amiga, não sabe?

- Sei! - digo colocando as mãos no rosto.

- Então por que não confia em mim?

- Eu confio, mãe.

- Então me conta!

- É que... Eu estou apaixonada.

Seu olhar transmite seriedade e ao mesmo tempo confiança. Ela joga o cabelo para trás e pergunta:

- Por quem?

- Ele não é daqui.

- Sim, mas quem é ele? O que ele faz da vida?

- Ele é um príncipe.

- É o Harry!? - pergunta assustada.

- Não, mãe! Que horror! Ele não é daqui.

Entre Céus E TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora