No momento em que o portal se abriu, senti que seria a única maneira para sair daquele sofrimento, pois eu não já aguentava mais.
Entrei no portal e fiquei admirada pela beleza de Cierra. Meus olhos não deixaram de brilhar nem por um só momento. Senti como se a minha vó estivesse presente, e não me senti triste, pelo contrário, me senti em paz.
- Você nunca tinha me falado isso.
- Eu não gosto muito de lembrar, já faz dois anos, mas ainda dói.
Fecho os olhos, e por um momento começo a lembrar da minha vó, e uma lágrima cai dos meus olhos.
- Ei, não fica assim - ele beija minha cabeça - Aliás, aquele dia não foi só de dor, você me conheceu, não é mesmo?
- É sim - rio ao lembrar da cena.
- Ainda me lembro da sua reação quando me viu.
- Não foi a melhor possível - rio alto.
- "Não foi a melhor possível"? Você quase me agrediu.
- Isso não é verdade! - levanto lhe dando um tapinha fraco no seu peito - Reconheço que fiquei um pouco assustada.
- Um pouco? Lembro-me muito bem como foi. Você estava com um vestido azul que estava um pouco sujo de terra, te vi e fale:
- Olá?
Você arregalou os olhos e disse gagueja, dando passos curtos para trás:
- Que-Quem é você?
- Não precisa ter medo, eu não vou te machucar.
- Você... É um anjo?
- Sou sim - abri as asas.
- Você vai me machucar?
- Não! - dei um sorriso e dei um passo à frente.
- Se afaste!
- Eu não vou...
- Disse para se afastar! - foi aí que você caiu ao chão.
- Olha, eu confesso que também estou um pouco assustado, mas eu não vou te machucar, de verdade - sorri para você, porém você estava ainda insegura. Estendi a mão e você a segurou e eu te ajudei a levantar, e pela primeira vez você sorriu para mim. - Então, o que a moça bonita está fazendo aqui?
- Não quero falar sobre isso, são coisas pessoais.
- Está bem! Não precisa contar, sei que não confia em mim.
Você me encarou, e sorriu com os olhos. Continuamos andando em direção ao rio, e você falou:
- São belas suas asas.
- Obrigado, eu me esforço para deixá-las bonitas! Ou acha que toda essa perfeição é de graça?
Lembro-me de nesse exato momento, você gargalhar e abrir um sorriso maravilhoso.
Chegamos à beira do rio e nos sentamos no gramado que desta mesma árvore que estamos agora, um pássaro de cor amarela pousou em sua mão, e você se pôs a acaricia-lo. Você olhava atentamente para todos os lados, seus olhos brilhavam em admirar a beleza de Cierra.
- Você mora aqui? - você perguntou.
- Não, na verdade nunca tinha estado aqui, estou tão impressionado e encantado quanto você. Presumo que também não pertença a esse lugar.
- Na verdade você está certo, eu moro na terra, no reino de Cór.
- Já ouvi falar do seu reino! O seu rei fundador foi Córnellius não é mesmo?
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Entre Céus E Terra
Romantizm1º Livro Reinos distintos, separados por uma grande e antiga guerra. Guerra esta que mesmo tendo acontecido há milênios, guarda segredos e traz consequências até os dias atuais e, no meio de tudo isso dois jovens que se amam. Um anjo e uma feiticeir...