Capítulo 8

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No momento em que o portal se abriu, senti que seria a única maneira para sair daquele sofrimento, pois eu não já aguentava mais.

Entrei no portal e fiquei admirada pela beleza de Cierra. Meus olhos não deixaram de brilhar nem por um só momento. Senti como se a minha vó estivesse presente, e não me senti triste, pelo contrário, me senti em paz.

- Você nunca tinha me falado isso.

- Eu não gosto muito de lembrar, já faz dois anos, mas ainda dói.

Fecho os olhos, e por um momento começo a lembrar da minha vó, e uma lágrima cai dos meus olhos.

- Ei, não fica assim - ele beija minha cabeça - Aliás, aquele dia não foi só de dor, você me conheceu, não é mesmo?

- É sim - rio ao lembrar da cena.

- Ainda me lembro da sua reação quando me viu.

- Não foi a melhor possível - rio alto.

- "Não foi a melhor possível"? Você quase me agrediu.

- Isso não é verdade! - levanto lhe dando um tapinha fraco no seu peito - Reconheço que fiquei um pouco assustada.

- Um pouco? Lembro-me muito bem como foi. Você estava com um vestido azul que estava um pouco sujo de terra, te vi e fale:

- Olá?

Você arregalou os olhos e disse gagueja, dando passos curtos para trás:

- Que-Quem é você?

- Não precisa ter medo, eu não vou te machucar.

- Você... É um anjo?

- Sou sim - abri as asas.

- Você vai me machucar?

- Não! - dei um sorriso e dei um passo à frente.

- Se afaste!

- Eu não vou...

- Disse para se afastar! - foi aí que você caiu ao chão.

- Olha, eu confesso que também estou um pouco assustado, mas eu não vou te machucar, de verdade - sorri para você, porém você estava ainda insegura. Estendi a mão e você a segurou e eu te ajudei a levantar, e pela primeira vez você sorriu para mim. - Então, o que a moça bonita está fazendo aqui?

- Não quero falar sobre isso, são coisas pessoais.

- Está bem! Não precisa contar, sei que não confia em mim.

Você me encarou, e sorriu com os olhos. Continuamos andando em direção ao rio, e você falou:

- São belas suas asas.

- Obrigado, eu me esforço para deixá-las bonitas! Ou acha que toda essa perfeição é de graça?

Lembro-me de nesse exato momento, você gargalhar e abrir um sorriso maravilhoso.

Chegamos à beira do rio e nos sentamos no gramado que desta mesma árvore que estamos agora, um pássaro de cor amarela pousou em sua mão, e você se pôs a acaricia-lo. Você olhava atentamente para todos os lados, seus olhos brilhavam em admirar a beleza de Cierra.

- Você mora aqui? - você perguntou.

- Não, na verdade nunca tinha estado aqui, estou tão impressionado e encantado quanto você. Presumo que também não pertença a esse lugar.

- Na verdade você está certo, eu moro na terra, no reino de Cór.

- Já ouvi falar do seu reino! O seu rei fundador foi Córnellius não é mesmo?

Entre Céus E TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora