Capítulo 24

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Me sinto tão mal por tê-lo julgado todo esse tempo, quando na verdade ele era apenas um refém dos seus próprios medos.

Ele continua parado, olhando para cima, tentando engolir o choro.

- Harry, eu sinto muito.

- Eu também sinto. E te peço desculpas por tudo que fiz a você.

- Não era culpa sua.

Ele me olha fixamente e diz:

- Como você consegue ser tão boa? Depois de tudo que eu te fiz passar.

- Mas não foi culpa sua, nunca foi. Eu não tenho o porquê de ter receio de você.

- Eu espero que um dia você possa me perdoar.

- Esse dia é hoje.

Ele me olha confuso. Eu me aproximo mais um pouco e lhe dou um abraço.

Sinto que ele ainda não sabe como agir e está impressionado com isso, mas logo em seguida me abraça.

- Obrigado - diz ele me abraçando forte.

- Não há de quê. E pode ficar tranquilo, seu segredo estará seguro comigo, eu vou te ajudar em tudo.

- O pior é que eu não posso te prometer que as perseguições a você vão acabar, pois há muito tempo o Decártrion me manda... você sabe.

- Sei sim.

- Pois bem, ele não vai parar até conseguir o que quer e, agora que você sabe de tudo, vai ser muito mais difícil para mim.

- Tenho certeza de que tudo vai ficar bem.

- Não vai! Daqui à quarenta dias eu terei que encontrá-lo mais uma vez e eu tenho que cumprir com o que ele me ordenou. Já consegui desmoralizar a senhora Veigah, falta arruinar você.

- Mas você não quer isso!

- Mas eu preciso fazer isso! Você não entende?! Eu não sou o único envolvido nisso, O Julliard também...

- Tenho certeza de que o Julliard não quer nada disso.

- É verdade, ele já está cansado de viver escondido, mas também não podemos fazer nada para mudar isso.

- Foi por isso que vocês estavam brigando?

- Sim, foi exatamente por isso.

- E você vai ficar se escondendo para sempre?

- Eu preciso, Tamânda.

Fico sem palavras pois sei que infelizmente tudo o que ele fala é verídico e eu já não tenho mais palavras pra consolá-lo. É muito triste conhecer o verdadeiro Harry e não poder ajudá-lo.

- Eu queria tanto poder fazer algo por você.

- Eu também queria que alguém pudesse fazer alguma coisa por mim, mas não é possível e também não é problema seu, não tem porque você ficar preocupada. Apenas peço que você tome cuidado.

- Está bem. E... eu espero que você consiga encontrar uma solução para tudo isso.

- Eu também. - ele abre um sorriso forçado

- Infelizmente eu tenho que ir agora, minha mãe deve estar preocupada comigo.

- Pode ir, não tem problema. Eu também tenho que ir, já faz muito tempo que eu saí e não quero dar explicações ao meu pai.

- Tá certo.

Me levanto e ele faz o mesmo.

- Obrigado por não me julgar, e tentar me compreender.

Entre Céus E TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora