Entre Céus E Terra

Capítulo 28

Galardriel

- Galardriel? Galardriel?

Desperto assustado. Atordoado, abro e fecho os olhos rapidamente.

- Oi, mamãe. O que houve?

- Eu que te pergunto: O que houve? Por que veio para o quarto tão cedo ontem?

- Não estava me sentindo bem.

- Você está assim há dias. É por causa do casamento?

- A senhora ainda tem alguma dúvida?

- Mas eu achei que você e Dhelayla estavam se dando bem.

- E nós estávamos, aliás, estamos. - levanto-me da cama e minha pulsação já começa a ficar acelerada. Dou de costas para que a minha mão não visse meus olhos ficarem cheios de lágrimas.

- Então eu não entendo. Por que, filho? Por que não aceita se casar com a Dhelayla?

- Por que eu amo outra garota, mãe! - grito virando novamente para ela - Eu amo outra! E só de pensar que por causa do meu pai e das más decisões dele eu tenho que abrir mão desse amor, parte de mim tem se esvaído, deixando apenas cacos do que eu sou, cacos que não são suficientes para suportar tudo isso!

- Querido...

- Você não fazem ideia do quanto eu e ela nos amamos e do que nós teremos que abrir mão e, eu nem sei como contar isso para ela. Meu pai ao menos se interessou saber o que eu sentia, o que eu queria, porque para ele eu sou mais uma peça estratégica de seus planos e não posso seguir a minha própria vida, se não for dentro do centro da vontade dele. E eu já estou farto! Farto! Sabe o que é estar farto? Pois bem, esse sou eu!

- Eu sinto muito.

- Para! Para de querer assumir a culpa do papai! A senhora não tem motivo para se desculpar, ele tem, mas está fazendo isso? E eu sei que eu já aceitei me casar e não vou voltar atrás! - Corro até ela e em tom baixo, chorando, falo em seu ouvido - Porque eu não posso decepcionar vocês.

- Você está sendo o mais forte possível e eu nunca vou poder te agradecer por isso meu querido.

- Estou fazendo isso pela senhora, pelo Abnaziel e pelo reino, - afasto-me do seu abraço - Mas não pelo meu pai, ele não merece.

- Não fale assim, seu pai fez sacrifícios por nós.

- Quais? Me diga quais? Ele não pediu ajuda, ele se quer antes lhe pediu ajuda, a senhora que é esposa dele. Ele é egoísta e por isso todo esse vendaval se formou e agora eu tenho que concertar.

- Não vamos falar mais disso, por favor.

- Não, agora eu quero falar.

- Filho...

- Ele me proibiu de sair do reino desacompanhado, acredita? Isso é o cúmulo, mãe.

- Ele me contou.

- Qual a necessidade disso?

Vejo que ela abre a boca para falar, mas não consegue formar argumentos.

- Viu? Nem mesmo a senhora tem argumentos para defendê-lo.

- Eu só posso te pedir desculpas por não poder fazer nada por você, querido. Sinto muito.

- É, eu também sinto.

- Posso fazer alguma coisa por você?

- Se é para pedir, por favor, não permita que ninguém entre no meu quarto hoje, quero ficar sozinho. Amanhã será o noivado e o pronunciamento do casamento e eu não sei se tenho estrutura suficiente para isso.