Capítulo 2

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Tamânda

Chego à minha casa e logo ponho Névil, meu cavalo, no estábulo.
Meus pais com certeza já devem ter ido trabalhar. Meu pai já deve estar no castelo, cuidando dos seus afazeres, e minha mãe deve estar ajudando os menos afortunados dos vilarejos vizinhos.

Não é tarde, ainda há bastante tempo até que o horário das aulas. Sigo para a cozinha, pego uma maçã e subo as escadas para o quarto.

Entro no meu quarto e deito-me para descansar um pouco. Estou fadigada, pois, ir até Cierra e voltar me deixou exausta. Termino de comer a maça e fecho os olhos para descansar.

Ao abrir os olhos apareço em um lugar estranho, lindo, porém desconhecido para mim. Me sinto um pouco diferente, algo incomoda minhas costas. Ao olha para trás, vejo que eu tenho... Asas?! Eu tenho asas? Mas por quê? Não posso negar, estou um pouco assustada.

Levanto-me do chão, no qual estou deitada, ainda com dificuldades por causa das minhas "asas".  Ando um pouco e chego perto de um rio de águas cristalinas, tão cristalinas que consigo ver meu reflexo. Mas, estou diferente! Eu sei que sou eu, mas por algum motivo, não me reconheço.

Ouço um barulho de uma grande multidão. O que será que está acontecendo? Vou em direção desse barulho, e vejo que, na verdade não é uma multidão, e sim, duas multidões, de anjos e feiticeiros. Mas o que estamos fazendo aqui?

De repente, Galardriel aparece em minha frente, e não sei o porquê, mas meu coração, ao invés de amor, está sentindo ódio, e como num ato de fúria, pego uma espada feita de ouro e bronze, e com um ódio imenso, ataco Galardriel. Meu desejo é matá-lo. Mas por quê? Se eu o amo tanto?

Consigo o derrubar no chão e levanto a espada para cravá-la em seu coração, quando uma lágrima cai de meus olhos, e ouço seu grito pelo meu nome.

Levanto da cama, assustada. O grito de Galardriel não sai da minha cabeça. Sacudo a cabeça para espantar as lembranças perturbadoras deste sonho, melhor, deste pesadelo.

Fico sentada na cama pensando neste terrível sonho e na sensação horrível que foi ver ele com medo de mim, a pessoa que mais o ama.

Vou para o banheiro e tomo ligeiramente o meu banho. Coloco o meu vestido branco com a saia laranja, calço as botas de couro que ainda estão sujas no canto da parede e coloco também a minha capa preta, apanho os meus livros de feitiços e saio de casa.

Ando pelo bosque, onde há belas flores e criaturas lindas, por um momento não consigo pensar em mais nada, nunca havia parado para admirar a beleza deste bosque nas belas criaturas que nele habitam.

Enquanto ando, algo se meche entre um arbusto, caminho lentamente em direção a ele, e ao abri-lo, encontro um ninfo. Ele é tão belo, tem olhos grandes e esbugalhados, seus pelos sãos verdes, e suas orelhas são pequenas e fofas que mal dão para se notar em sua cabeça. Para mim, os ninfos são a mais bela das criaturas, pois são eles que dão os perfumes às flores de todo o reino. Ao observá-lo, noto que sua patinha está ferida, há um espinho cravado na pata esquerda. Trago-o para perto de mim, e removo o espinho que lhe fere.

Ao tirar o espinho de sua pata, ele rapidamente começa a pular, e como um sinal de agradecimento, exala um perfume maravilhoso em meu rosto e se vai da minha presença, indo em direção da mata.

Fico admirando aquela bela criatura, quando meus pensamentos são interrompidos por uma voz que vem por trás de mim.

- Olá amor da minha vida.

Ah não, não acredito! Ele de novo?

Viro-me para trás, já revirando os olhos e falo:

- O que você quer Harry?

Entre Céus E TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora