capítulo dezesseis - criança mimada

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Há quatro dias seguidos Harry aparecia na minha janela depois do trabalho e ficávamos até altas horas conversando.

Eu gostava especialmente quando ele trazia comida pra mim do restaurante. Me sentia incapaz de enjoar das coisas deliciosas que ele fazia.

Sem Caleb me perturbando, não existia dieta. Eu estava de férias.

Eu gostava de ter Harry ao meu lado, era como se eu nunca tivesse ido embora. Me sentia a mesma de quando éramos menores e conversávamos aos sussurros, abafando as risadas para ninguém saber que ele estava ali.

Claro que eu o queria mais do que como um simples amigo, mas estava satisfeita tendo ele como um melhor amigo de novo.

Não conversamos sobre sentimentos nem nada do tipo, eu ainda tinha a mensagem em que ele dizia não conseguir controlar os dele por mim. Mas até agora, tudo estava bem controlado, e eu manteria assim.

Sempre que estávamos deitados lado a lado, próximos como se nunca tivéssemos deixado de ser, eu o olhava e seu sorriso me aquecia o peito. E fazia doer lembrar que um dia o deixei para trás.

Não que eu me arrependa de ter ido embora e ter conquistado tudo o que conquistei, mas queria que tivesse havido um jeito de tê-lo levado comigo. Mas Harry nunca sequer foi me visitar antes de terminarmos, e nunca me disse o porquê.

Hoje ele estava de folga, e ali estava ele, pulando minha janela com um sorriso no rosto.

— O que está fazendo?

— Arrumando. — respondi.

— Tem certeza? — ele brincou.

Eu tinha tirado tudo do meu guarda-roupa e jogado no chão pra depois limpar, dobrar e guardar novamente.

— Limpeza é um processo.

— Entendi. — ele riu. — Precisa de ajuda no seu "processo"?

— É sua folga e quer usá-la limpando um guarda-roupa comigo?

— Isso aí. — ele pegou um pano da minha mão e começou a passar nas prateleiras de cima. Enquanto isso, fui dobrando minhas roupas.

Em algum momento, Harry esbarrou na minha caixa de jóias e tudo foi pro chão, se espalhando por todo o lado.

Ele xingou e depois me olhou fingindo medo.

— Não me mata, por favor.

Dei risada.

— Te mato se você não achar cada par de brinco que caiu.

Depois de juntar quase todas as minhas coisas, ele parou por um segundo. Quando olhei estranhando, ele segurava uma pulseira na mão.

A pulseira que ele me deu aos catorze anos. Com nossas iniciais nela.

Eu não sei porque tinha levado comigo. Fazia anos que não usava, mas também me recusava a jogar fora.

— Você ainda tem. — Ele parecia surpreso.

— Tenho. — me sentei ao seu lado no chão.

Ele sorriu.

— Que bom. Foi cara. Custou duas mesadas e não merecia ir para o lixo.

— Duas mesadas? Uau. Você gostava mesmo de mim.

Ele assentiu e pegou meu braço. Deixei que ele colocasse a pulseira em mim outra vez.

— Pronto. — ele passou o dedo pelas nossas iniciais e foi descendo até estar segurando a minha mão.

— Okay, agora procura o resto das minhas coisas. — puxei minha mão e voltei a dobrar roupas, agora com o coração um pouco acelerado. Eu era uma idiota.

A arrumação acabou e nos sentamos na beirada da janela, enquanto dividimos uma salada de frutas que eu tinha feito.

— O dia está lindo hoje. — ele fala.

Olhei pra fora.

— indiscutível.

— Quer sair pra fazer algo?

— Tipo?

— Poxa, Bennet, eu tenho que pensar em tudo?

— Poxa, Edward, sim.

— A gente podia ir visitar alguma cachoeira, ou dirigir até a cidade mais próxima e apenas passear.

— Hmm, eu acho que...

Parei de falar quando o nome de Harry foi chamado, olhamos pra fora e lá estava Ashley. Com seu cabelo muito bem arrumado e um vestido simples, mas que tinha ficado perfeito nela.

Ashley era linda e sempre fora, desde a escola quando sua aparência me deixava insegura. Hoje eu vivia cercada por modelos e sabia apreciar a beleza alheia sem diminuir a minha, mas foi difícil não voltar aos tempos de escola quando a vi toda arrumada e bonita, esperando pelo cara que meu coração queria.

— Vai lá. — falei.

Ele hesitou.

— A gente tinha feito planos, eu posso falar pra ela que…

— Claro que não. Ela se arrumou com a intenção de sair com você, não faça desfeita.

Ele assentiu sabendo que eu tinha razão. Demorou por um segundo antes de pular pra fora.

Vi quando ela desmanchou a cara séria por ele estar em meu quarto, quando ele se aproximou. O poder das covinhas.

Harry e Ashley não conversaram muito antes de entrarem no carro dela e saírem. Talvez para uma cachoeira, talvez para a cidade mais próxima, ou uma terceira opção.

Desejei que o carro quebrasse no meio da estrada e eles tivessem um dia horrível, mas depois ri de como eu soava como uma criança mimada que não tinha o que queria.

Então mudei meu desejo, pra que eles se divertissem e Harry voltasse feliz.

Não se pode ter tudo o que quer, afinal de contas



— Você fez a coisa certa. — meu irmão falou. — Deixar ele ir.

— Então essa é a sensação de fazer a coisa certa? Quero voltar a ser errada. — choraminguei dramaticamente.

Jason deu risada e me abraçou. Estávamos deitados na minha cama.

Eu estava triste e com ciúmes, uma combinação nada boa, mas estar ali com meu irmão me fazia sentir melhor sempre. Sentiria falta quando fosse embora.

— Talvez não seja bom vocês ficarem tão próximos assim.

— Me afastar não faz bem também.

— Talvez sair com alguém te ajudasse.

Eu ri.

— Acabei de terminar um namoro.

— Acabou de terminar um namoro e quer o Harry.

— Tá, mas é o Harry. Não é qualquer um.

Ele suspirou.

Jason passou a tarde aguentando meu drama de coração partido e me escutando reclamar.

Mais tarde, quando ele foi embora, vi Harry voltar do passeio com Ashley. Talvez eu parecesse uma stalker enquanto olhava os dois se beijarem, mas era uma stalker triste.

Disfarcei quando ela se virou para entrar na casa dele e ele seguiu atrás, mas antes virou pra mim. Fiz parecer que o chão era muito interessante naquele momento.

— Oi, Ally. — ele acena.

— Oi. — aceno de volta.

Harry entra em casa para junto da pessoa com quem não tem nada serio, mas que mesmo assim vai dormir na casa dele e eu fico ali, sem sono a noite toda.

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