Respirei fundo e entrei no restaurante.
Eu tinha plena noção do quanto minhas mãos estavam suando e de como estava nervosa.
Tinha ensaiado o que dizer desde que tomei minha decisão e naquele momento tentava repassar tudo na cabeça, imaginando o que meu pai iria responder.
Não era fácil imaginar isso, afinal a memória que eu tinha dele era de anos atrás, não sabia o quanto tinha mudado.
Comecei a suar mais pensando nisso. Será que tinha mudado muito? Eu entendo como oito anos podem mudar alguém, mas teria ele mudado para melhor?
Eu não perguntei nada sobre ele a Jason, queria descobrir por conta própria, apesar de naquele momento pensar que teria sido bom uma prévia do que estaria me esperando.
E então eu o vi.
Uma versão bem mais enrugada e grisalha do homem que me abraçou no aeroporto há oito anos. Seus olhos, que herdei, pareciam distantes sem notar minha presença ali. Ele tinha sido bem mais castigado pelo tempo do que minha mãe.
Eu tinha decidido que não haveria lágrimas, eu chegaria, ouviria ele, falaria algumas coisas e fim. Mas foi difícil lutar contra elas quando o vi e por um instante, eu não soube o que fazer. De repente tudo o que ensaiei me fugiu.
Eu estava diante do meu pai depois de tanto tempo e tanta coisa passava pela minha cabeça, havia a parte que sentia uma saudade absurda e se lembrava de todos aqueles momentos de quando era mais nova, do pai incrível que ele tinha sido e tudo mais, mas como sempre, também tinha a outra, lutando contra isso tudo.
Quando me viu, se levantou para me cumprimentar com um sorriso que destacava suas rugas.
E naquele momento, não pude fazer outra coisa que não fosse correr para abraçá-lo, exatamente como fazia quando ele chegava do trabalho quando eu era pequena. Depositando oito anos de saudade ali.
Eu chorava ainda mais no caminho de casa, uma espécie de felicidade e culpa me atingiram muito forte.
Jason, que dirigia e até agora demonstrava estar muito feliz por eu ter vindo até aqui, começou a me olhar preocupado.
— Sobre o que falaram? — perguntou.
Eu estava soluçando e ao tentar falar, minha voz não saiu direito. Balancei a cabeça, pra dizer que não estava conseguindo falar.
— Foi ruim? — me olhou preocupado.
Neguei com a cabeça e ele sorriu.
— É choro de alegria?
Neguei com a cabeça de novo, mas depois assenti. Jason riu da minha confusão.
— Qual é, chorona, fala comigo.
Me esforcei pra parar de chorar, mas continuava soluçando.
— E-eu passe-ssei oito a-anos longe de-ele. Jason, eu sou horrive-vel.
Jason sorriu.
— Você não é horrível. Incrivelmente teimosa, talvez, mas não horrível.
Continuei soluçando.
— Olha, o que importa é que você foi madura e deu esse passo. Tá tudo bem agora.
Eu passei anos tomando as dores da minha mãe e com isso afastei uma das pessoas mais importantes da minha vida, maturidade não definia grande parte de mim.
Mas Jason estava certo e estava tudo bem agora, eu precisava parar de me culpar.
Foi muito importante encarar isso e reencontrar meu pai. Conversamos o dia inteiro e quando o assunto da traição surgiu, ele me olhou compreensivo por ter ficado magoada e disse que aprendeu com o erro, principalmente porque as consequências foram grandes, especialmente ter ficado longe de mim.
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Home | Harry Styles
FanfictionHarry e Alyssa são amigos de infância que logo se tornam algo a mais, até que ela precisa mudar de país para estudar. Oito anos mais tarde, Allyssa volta a sua cidade natal e reencontra Harry, mas ela já não é mais a mesma, e ele? Bom, ele ainda a f...