capítulo vinte - Almoço

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— O que estão fazendo aqui?

— Ficando o mais longe possível daqueles homens gritando. — respondi.

— Ah, qual é, não curtem futebol?

Eu e Elise nos entreolhamos.

— Não. — respondemos.

— Bom, eu gosto. — Jessy sorriu. Há menos de uma semana para o casamento, ela e Jason não faziam outra coisa. — Mas sinto falta de companhia feminina por lá.

— Ah querida, sei que é quase seu casamento e deveríamos fazer seus gostos, mas…

— GOL! GOL! GOL! — gritos da sala invadem o quarto.

— FOI GOL? — Jessy grita de volta.

— E quando pensamos que tínhamos nos livrado dos gritos… — murmurei.

— Ah, foi mal. — Ela entra e fecha a porta.

— A comida está pronta? — perguntei.

— Luke tá cuidando disso enquanto Jason e seu pai não tiram o olho da tevê.

— Certas coisas nunca mudam. — digo.

Elise começa a falar sobre como a obsessão do meu pai por futebol às vezes a irrita e Jessy aconselha "se não pode vencê-los, é só se juntar a eles", fazendo Elise torcer o nariz.

Elise, também conhecida como namorada do meu pai e minha madrasta, era uma mulher de quarenta e poucos anos que tinha se tornado muito amiga minha nos últimos dias. Ela não morava com meu pai, mas passava bastante tempo ali e era legal ter uma, como Jessy disse, "companhia feminina" por perto.

Hoje tiveram a idéia de fazer um almoço para a família alí. Meu pai, Elise, Jason, Jessy, Luke (primo americano de Jessy que me acompanhará o no casamento) e eu.

A casa do meu pai não era nada grande, não tinha nada além de um quarto, uma pequena cozinha e uma sala menor ainda com uma sacada, que era a melhor parte da casa e eu passava o dia todo ali, lendo, mexendo no celular ou até dormindo na cadeira de balanço. Mas apesar do tamanho, coube todo mundo.

Elise e eu fizemos a sobremesa, enquanto Luke decidiu cuidar de toda a comida. Ninguém protestou, só esperava que realmente cozinhasse bem, pois minha barriga roncava.

— Meninas? — Luke bateu na porta. 

— Pode entrar.

— Com fome? — ele perguntou.

Todo mundo afirmou esperando que ele dissesse que estava tudo pronto.

— Então é melhor irem logo ou aqueles dois vão comer tudo.




Após o almoço, o jogo já tinha acabado e o time para o qual torciam havia perdido, mas Jason e meu pai não pareciam se importar. Assistiam um filme com suas respectivas namorada e noiva, sem nem parecer que há pouco tempo atrás estavam quase chorando por causa de futebol.

Eu e Luke estávamos na varanda, ele também encarava os casais provavelmente pensando o mesmo que eu.

Luke era bonito e parecia ser um cara sério, mas eu sabia que era só aparência. Pelo pouco tempo de convivência, deu pra notar que tinha senso de humor.

— Mas então. — se virou para mim. — O que achou da comida?

— Você cozinha bem. Trabalha com isso?

— Não, não gosto tanto assim de cozinhar.

— Se daria bem se gostasse. Mas então o que faz da vida?

— Sou empresário.

— Sério?

— Sim, e você é modelo, certo? Alyssa Grace.

— Você me conhece?

— Claro, adoro seu trabalho. Quem cuida da sua carreira?

— Na verdade, eu estou meio sem empresário no momento. 

— Sério?

— Sim, longa história.

— Bom, temos tempo. — se acomodou na cadeira e bebericou o refrigerante em sua mão, esperando que eu começasse.

— Bom, envolve um namorado que me botou chifre. — dei risada. Se um dia aquilo tinha doído, nem cosquinha fazia mais.

— Você namorava seu empresário?

— Pois é. — confirmei.

— Se envolver com clientes é um erro terrível. O tipo de erro que só se comete uma vez, se for inteligente.

— Você já cometeu esse erro ? — provoquei, mas estava mesmo curiosa.

— Bom. — Ele deu mais um gole no refrigerante. — Eu sou humano, sabe?

Rimos.

Então nos olhamos por um momento com a mesma coisa em mente. 

Se tudo desse certo, eu tinha achado um novo empresário.




— Seu celular está tocando. — avisei Jessy.

— Ah, deve ser Ash. — ela veio pegar o aparelho do meu lado

Realmente era Ashley e o assunto aparentemente era o jantar de ensaio que aconteceria em alguns dias.

Eu não tinha parado para pensar nisso de propósito, afinal Harry estaria lá. Isso se ele e Ashley tiverem feito as pazes e ele ainda fosse acompanhá-la, o que provavelmente aconteceria, já que ouvi o nome dele na ligação.

Eu não falei com Harry desde nossa conversa atrás do restaurante e eu sentia saudade. Mas mais cedo ou mais tarde seríamos obrigados a nos afastar, portanto foi a escolha certa.

Enquanto eu não o via e evitava pensar nele, estava até fácil de lidar, mas tinha medo de que assim que o visse meu coração fosse cair outra vez.

E tenho certeza de que aconteceria.

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