yes or no

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Los Angeles
     7:35 AM

A primeira coisa que me veio a mente depois de abrir meus olhos pela manhã, foi ele. A noite passada reprisando em minha mente feito um filme. Talvez drama ou suspense? Eu diria um pouco de cada um. Rolei na cama em meio aos meus lençóis fazendo meus cabelos soltos espalharem-se, esfreguei os olhos com as costas da mão bocejando até que os mesmos lacrimejaram.
Soltei um suspiro.
— Minha nossa... Que loucura foi aquela...? – murmurei sozinha. Eu não fazia ideia do que faria naquela manhã, como encararia meu chefe de frente, já que o mesmo esperava uma resposta para sua proposta. Essa que nem sequer ponderei. Depois que Jimin me deixou em casa com o coração vibrando por sua presença, pude apenas tomar outro banho para acalmar os ânimos.
Não pensei se seria sim ou não. Não tinha uma resposta na ponta da língua e só agora fui capaz de raciocinar. Decido levantar de uma vez para não correr o risco de me atrasar. Se fosse  possível deixaria de ir ao trabalho, tudo pelo medo de ver aquele par de olhos e acabar dando a resposta precipitada.
Na minha pequena cozinha, coloquei minha chaleira de vidro no fogo com duas bolsinhas de chá verde. A bebida perfeita para o dia que enfrentaria, precisaria estar plena. Tirei a camiseta que usava para dormir e entrei no banho, meu delicioso banho matinal...
Desde a primeira vez que o vira senti-me instigada, porque havia algo diferente sobre ele. Diferente de todos os homens que já havia conhecido. Não só os homens e sim pessoas também. E quando tive a oportunidade de ficar mais perto vi com meus próprios olhos... Como alguém conseguia ser tão impecável!? Não só por sua beleza física, mas também por cada coisa que fazia.
Parecia que algum tipo de encanto cercava sua aura. Uma vez que entrasse em contato era difícil se distanciar. Não era como se eu estivesse apaixonada por meu chefe milionário, era mais como provocada. Atiçada e consequentemente quase uma submissa, capaz de aceitar tudo que me pedisse.
Talvez até ser sua noiva.
Quem em sã consciência pensa em algo assim nos dias de hoje? Provavelmente Sr.Park não tinha mesmo outra saída. Ele pareceu de alguma forma... Aflito.
De repente a chaleira começa a apitar me sobressaltando. Fecho a água me enrolando na toalha correndo para cozinha, apagando o fogo. Despejei o líquido fumegando na xícara, olhei o relógio preso a parede e precisava correr.
Me sequei e peguei um conjunto de vestido e blazer branco no guarda roupa. O vestido justo exatamente como eu gostava de usar, já o blazer ficava na altura da minha cintura. Não teria tempo e nem paciência para escovar os cabelos, então os deixei com suas ondas naturais. Maquiagem leve e gloss incolor labial, perfume, enfim pronta.
Pedi um taxi e arrumei minha bolsa como de costume. Estava nervosa, meu estômago inquieto. No caminho pedi ao taxista para passar na cafeteria, onde desci e comprei um café puro e uma fatia de bolo de chocolate com recheio de morangos. Voltamos a seguir caminho e só de ver o prédio da construtora, as borboletas agitaram-se no meu estômago.
— Obrigado senhorita, tenha um bom dia.
— Obrigada, o senhor também. – sorri fechando a porta do carro amarelo. Ajeitei a bolsa no ombro, segurando a sacolinha de papel na mão segui para dentro.
— Bom dia Bel! – Molly sorriu acenando da recepção.
— Bom dia, Molly. – sorri e acenei de volta.
No meu andar avistei Meredith com um tablet em mãos, mostrando algo para algum funcionário, ela sorriu de longe e eu também. Segui pelo corredor, meu coração batendo mais rápido e antes de abrir a porta puxei o ar pelo nariz. No entanto, eu parei feito estátua na entrada da sala. Minha boca se abrindo em surpresa vendo que Jimin não estava sozinho.
— Olá Bel! É bom vê-la novamente. – Sra. Park abriu um sorriso. Estava ao lado de Sojin, ambos sentados na cadeira de frente para a mesa. Jimin me olhava por sobre a lente do óculos colocando-se de pé. Eu não podia ficar imóvel para sempre.
Pensa Isabel, pensa rápido! Minha consciência dizia sem parar.
Pestanejei e forcei um sorriso na boca. Fechei a porta atrás de mim e caminhei em direção a eles.
— Bom dia! – digo tentando não fazer o nervosismo transparecer em minha voz. Parei ao lado de Jimin e notei receio em seus olhos. — É um prazer revê-los. – dito isso, voltei-me para Jimin, coloquei minha bolsa sobre  mesa e após uma curtíssima troca de olhar avancei, pressionando meus lábios nos dele.
Eram mais macios e carnudos do que imaginei. Muito melhor do que em minha bochecha. A sensação boa fez meu coração bater na garganta.
— Tudo bem, querido? – digo ao me afastar do selinho demorado.
Por um momento pensei que ele não fosse reagir, seus olhos escuros me encarando e os lábios partidos. Mas então Jimin abriu um sorriso torto e respondeu:
— Tudo sim, Ippeuni.
— Trouxe seu café e uma fatia de bolo. – digo a ele, em desvio meus olhos para o casal a nossa frente — Preciso me desculpar por ontem, Sra. Park, Sojin.
— Oh, Chame-me de Yoora, querida. Jimin me disse que sentiu-se mal por isso teve de te levar para casa. Está melhor? Ficamos preocupados.
— Ah, sim. Bem melhor. Obrigada por se preocuparem. – estiquei um braço passado por trás das costas de Jimin, segurando sua cintura fina, seu corpo tensionou com meu toque repentino. Mas se era pra atuar, eu faria bem feito. — Obrigada por perguntar. Como estão?
— Bem. – sorriu — Nós nem tivemos tempo para conversar. Sojin e eu viemos rapidamente conferir com nossos próprios olhos se estava bem mesmo.
— E vemos que sim. – o grisalho diz.
— Minha mãe se preocupa a toa, Bel. Eu disse a ela que cuido muito bem de você. – neste momento nossos olhares se cruzaram.
— Isso é verdade. – confirmei.
— Bom... Vejo que ela também cuida de você meu filho. – Yoora diz.
— É. Ela cuida sim mãe. – foi ele quem desviou o olhar.
— Uh, confesso que fiquei muito surpresa, foi tudo muito rápido e vocês pegaram todos de surpresa também. Contudo, eu preciso dizer que Bel é uma mulher muito cativante a primeira vista. É compreensível meu filho ter se apaixonado por uma moça tão bonita.
Apaixonado... Se ela soubesse...
— Jimin nem sequer deu indícios do relacionamento de vocês. Por que preferiram manter em segredo? Isso não faz muito sentido para mim. – Sojin disse encarando Jimin.
— Eu quis assim. – respondeu Jimin — Sabem que não sou do tipo que gosta de exposição. Além disso, Bel é minha assistente e as pessoas gostam de falar. Manter nossa relação em segredo até agora foi uma forma de tentar proteger nossa privacidade.
Sojin bufou.
— Mas agora decidiu ser a hora de contar a todos? – apertou os olhos — Sabe que a notícia vai correr e a cara de vocês vai estampar os jornais da cidade.
Um frio soprou a boca do meu estômago. Soltei a cintura de Jimin, ficando preocupada. Jornais? 
— Eu sei. Mas iremos cuidar disso.
— Eu não quero que Bel fique desconfortável, Jimin. Cuide para que a privacidade dela não seja invadida. – ela sorri para mim novamente. Parecia realmente preocupada.
— Pode deixar, omma. Vou cuidar de tudo e você Sojin, não deve se preocupar com nada.
— Só quero o seu bem, garoto.
Havia um pouco de tensão no ar...
— Certo. – Yoora intervém — Todos ficarão bem. Eu só quero fazer isso direito, poder celebrar que meu filho mais novo finalmente irá se casar!
Olhei rapidamente para Jimin.
— Que tipo de celebração? – indaguei.
— Uma festa em nossa casa com direito a convidados e tudo! – ela diz orgulhosa.
— Ah, acho que isso seria demais. – falei buscando apoio do meu chefe. Noivo.
— Claro que não! Nossa família tem um motivo para comemorar e eu não aceito não como resposta.
— Olha, eu não sei se é necessário... – falei.
— Eu também não, omma. Soa extravagante demais.
— Nem um jantar? Vocês precisam oficializar. Aliás... Cadê o anel? Ainda não deu um a ela, Jimin!? Como pode ser tão insensível?!
Jimin abriu e fechou a boca sem saber o que dizer.
— Er... Na verdade... Eu ainda não escolhi um modelo. – digo rapidamente.
— Yah! Sim,sim. Ela ainda não escolheu um, veremos isso em breve.
— Jovens e afobados. – Sojin diz.
— Hm. Espero que dêem um jeito nisso. –  aponta o dedo em nossa direção. — Olha, Bel... Eu quero conhecê-la melhor mesmo sabendo que meu filho lindo sabe bem as escolhas que faz na vida. Afinal fará parte de nossa família. – Sra. Park coloca-se de pé parando diante mim, pegando minhas mãos —  Seja bem vinda. Você será muito feliz ao lado do meu filho. Ele é um homem maravilhoso, Bel.
Olhei em seus olhos, eles não se pareciam tanto, mas havia a mesma compaixão que enxergava nele.
— Obrigada por me receber tão bem. – foi o que consegui dizer. Ela me deu um abraço mais apertado do que esperava e de repente me senti mal por mentir para ela. Mas não teria volta.
— Querida, precisamos ir. Já viu que eles estão bem. Tenho muito a fazer na empresa hoje. – Sojin fica de pé ajeitando o paletó preto.
— Certo, eles também devem ter muito trabalho. – ela me solta e parte para abraçar o filho que estava ao meu lado. Percebi que sussurrou algo no pé do ouvido dele que solta um risinho curto. — Espero que possamos nos encontrar em breve. Tenham um bom dia, crianças. – diz se afastando.
Sojin caminhou até a porta a abrindo para que sua esposa, ela acenou enquanto ele apenas assentiu com a cabeça fechando a porta em seguida. Senti meu ombros relaxarem, porém me lembrei do que tinha feito e meu rosto ardeu. Ergui a vista deparando-me com um sorriso presunçoso e o par de olhos me sondando.
— O que foi? – perguntei amarga.
— “Querido”...
Revirei os olhos começando a abrir a sacola de papel .
— Seu café vai esfriar. – digo retirando o bolo de chocolate. Comendo com os dedos me sentei em uma das cadeiras, de frente para ele que me observava. — Por que 'ta me olhando assim?
— Não vai dizer nada?
— O que quer que eu diga? – coloquei outro pedaço de bolo na boca. — Nossas isso 'tá muito bom!
Foi a vez dele de rolar os olhos.
— Você aceitou? Pois pra mim fez toda a cena por pressão. Eu não consegui te avisar porque eles me pegaram de surpresa. Minha mãe me viu sair de casa e não disse que viria aqui procurar por você.
O encarei por instantes. Ficava um gato de óculos, os cabelos penteados um pouco para o lado com uma parte da franja sobre a testa. Estava sem o paletó, então apenas a camisa branca de botões.
— Acho que o beijo disse tudo.
— Não foi um beijo, Bel. Vamos, diga-me. Preciso ouvir sair da sua boca que temos um acordo.
— Hm. – chupei os dedos da mão que usei para comer, um por um antes de esticar para ele oferecendo um aperto — Negócio fechado, Sr. Park?
Jimin encarou minha mão.
— Negócio fechado, senhorita Bel. – recebeu meu aperto segurando minha palma na sua macia. — Precisamos falar sobre algumas coisas e você tem um anel para escolher.
— Sim... – voltei a comer.
— Isabel, me dê atenção! Larga esse bolo.
— Me deixa terminar!
— Pensei que o bolo fosse para mim, querida. – sentou em sua cadeira a fazendo ranger.
— Era, porém o nervoso que passei me deu fome e esse bolo está uma delícia. Quer?
— Não... – fez careta. Jimin pegou seu café que ainda parecia quente, deu um longo gole. Senti seus olhos em mim e quando o olhei para confirmar ele estava a me observar comer. Nem sequer disfarçou ao encarar meus lábios ao redor do meu dedo indicador. Talvez se fosse outra pessoa me sentiria incomodada, porém me senti... Aquecida.
Terminamos de comer em silêncio. Jimin fez o favor de descartar nossos lixos, novamente voltando ao seu lugar. Juntou as palmas sobre a mesa começando a falar num tom baixo:
— De agora em diante será minha noiva para todos que estão ao nossos redor, incluindo meus amigos e familiares. Todos sem exceções. Esse trato, acordo, chame como quiser, é estritamente entre você e eu Isabel Mendes. – ergui as sobrancelhas ao escuta-lo dizer meu sobrenome com sotaque. — Ninguém pode desconfiar, senão todo nosso esforço vai por água abaixo.
— Certo.
— Sabe que sou uma pessoa famosa e influente na cidade, isso lhe trará consequências, mas prometo que ficará segura e poderá viver normalmente.
— Mesmo com minha cara em revistas de fofoca?
— Acha que dá conta disso? Percebi que ficou nervosa quando Sojin falou sobre...
— Ah, acho que posso dar conta de ser uma estrela local. – digo com deboche.
— É sério Bel. Quero que tudo fique claro para você. Também ficou apreensiva quando minha mãe fez menção de uma festa.
— Certo. Isso me deixou meio preocupada, vamos mentir para muita gente. Mas falando sério Jimin, eu dou conta. Pode confiar. E de qualquer forma eu já disse sim.
— Não quero criar problemas para você.
— Sei que não vai.
— Como sabe?
— De alguma forma... Confio em você. – me curvei para frente apoiando os cotovelos na mesa. — Mas me conta, tem muitos amigos e família? – franzi as sobrancelhas.
— Na verdade não. Tenho poucos amigos, sou um homem reservado. Por isso não se preocupe se minha mãe quiser dar uma festa. Mas preciso alertar que ela vai interrogar você.
— Acho posso convencer sua mãe, ela pareceu gostar de mim, porém fiquei preocupada com o seu Padrasto. Ele não me pareceu nada feliz com nosso noivado. O jeito que ele me olha...
— Você será vista como um intrusa por ele, Bel. Já que é supostamente minha futura esposa isso significa que tem direito sobre o que é meu. Isto é exatamente o que ele não quer. Ele almeja o patrimônio do meu pai.
— Me lembro quando disse. Eu não acho isso certo e se depender de mim ele não vai conseguir nada.
Jimin sorriu sem mostrar os dentes.
— Obrigado senhorita Bel. Não me sinto bem por lhe fazer passar por isso e já vou me desculpar pelo que está por vir. E saiba que pode contar comigo para o que precisar.
— Temos um acordo e vou receber por isso. Somos como sócios. Só temos que ajustar algumas coisas para conseguir convencer a todos porque esse é o primeiro passo.
— Admiro muito seu profissionalismo, Bel.
— Faço sempre o meu melhor.
— Então acho que isso vai funcionar.












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