anel de brilhantes

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Duas batidas na porta foram necessárias para eu ser convidada a entrar. Jimin estava no telefone, na verdade celular particular. Era horário de almoço e eu queria saber se ele sairia comigo para comer.
Com um gesto silencioso ele me pede para sentar, o fiz cruzando as pernas na minha saia. De pé Jimin se apoiava na cadeira enquanto falava de forma calma. Aproveitei para dar uma boa olhada em sua camisa branca e calça preta.
Desta vez a camisa não tinha nenhum botão aberto. Engomada, colocada para dentro da calça que continha um cinto de couro preto ao redor do cós. Acho que nem eu tinha uma tão fina. Sr. Park exibia um físico digno de um atleta, nada exagerado. Tudo na proporção exata para sua altura.
Outra coisa que me chamava atenção eram os acessórios, sempre na cor prata. Os anéis presos aos dedos curtos e a linha fina do colar que sempre carregava no pescoço longo. Seus cabelos bem penteados lhe dando um ar mais maduro, porém meus olhos buscaram pela parte que me deixava fissurada; os lábios. Ele falava e eu viajava... Como uma boca podia ser tão perfeita?
— Omma faz questão da presença de todos que são próximos a nossa família. Dane-se o Caribe, hyung. Pode agendar seu voo para outra noite. – pausa — É importante, eu já disse, mas não vou força-lo a ir.
Jimin me pegou observando, seus olhos se fixaram nos meus e fora como se ele pudesse ver através de mim, minha alma. Havia algo ali, na cor densa e escura de seus olhos afiados.
— Tudo bem, hyung. Se for aparecer saiba que é bem-vindo. – desligou ainda me fitando. — Posso te ajudar?
— Uh, er... Só queria saber se vai sair para almoçar.
Ele negou com a cabeça.
— Não Bel, tenho algo de extrema importância para fazer exatamente agora.
— Ah. – estava decepcionada. — Tudo bem então. – coloquei-me de pé alisando a roupa. Jimin veio para frente da mesa se encostando na mesma, perto de mim.
— Gostaria de lhe fazer companhia, mas não posso. Espero que entenda.
— Com certeza. – dei um meio sorriso.
— Mas quero que faça algo. Aproveite o almoço para comprar o que vai usar esta noite.
— Eu pensei em fazer isso.
— Ótimo. – o vejo tirar algo do bolso, ele pega minha mão colocando uma pequena carteira quadrada, fina e preta sobre minha palma.
— O que é? – perguntei e ao mesmo tempo abri o acessório encontrando um cartão preto com meu nome. — Ah, não!
— É seu. Use como quiser, compre o que precisar.
Lhe estendi de volta dizendo:
— Não vou aceitar. – Jimin só olhou sem se mover.
— Vai sim.
— Afinal, usou meus dados pessoais sem permissão para fazer isto?
— Isso é o de menos. Use como quiser, pode comprar de tudo com este cartão.
— Qual parte do “eu não quero” você não entendeu? – coloquei a carteira em sua mesa, ao seu lado.
— Isabel, Isabel... – começou. Pegou o objeto de volta e voltou-se para mim. Ao se endireitar aproximou-se passando um braço por minha cintura. Senti a carteira se encaixando perfeitamente no bolso traseiro da minha saia apertada. — Não precisa ser tão difícil. Tem que parar de questionar tudo que faço para você.
Dois palmos nos separavam, porém ele se afastou rapidamente voltando ao lugar.
— Não tem que me dar nada. O que recebo como salário é o suficiente, Jimin.
— Fique com este cartão Isabel.
— Posso até ficar, mas não vou usar nem um centavo.
Vi sua mandíbula trincar.
— Sua teimosia é irritante.
Dei de ombros.
— Bom, era só isso. Preciso ir, com licença.
— Está dispensada. – diz de repente.
— Como? – indaguei surpresa.
— Não vai precisar voltar depois do almoço. Vá para casa e me espere até às 21h.
— Mas eu ainda tenho trabalho a fazer, Jimin.
— Não se preocupe.
— Tem certeza? Eu posso voltar e terminar.
— Só me responda uma coisa...
— Sim?
— Quem da as ordens aqui? – ergueu uma sobrancelha.
Rolei os olhos mentalmente.
— Você. – digo sem emoção.
— Exatamente. Agora vá, te vejo às 21h.
— Certo. Até mais tarde, Sr. Park.
— Até mais, senhorita Bel.
Lhe dei as costas voltando para minha sala. Após pegar minhas coisas, saí em direção ao elevador. Para minha surpresa encontrei Meredith que entrou comigo e mais outros três funcionários. Ela nem sequer me olhava, ao sair pensei em chama-la para uma conversa decente, porém foi mais rápida caminhando rapidamente para rua, entrando num táxi.
Soltei um suspiro e caminhei pela calçada com minha bolsa. Minha fome não era das grandes, e como estava sozinha preferi atravessar a grande avenida chegando na pequena casa de massas que havia ali. Me acomodei numa mesa para um, perto da vitrine. Pedi um Tortellini ao molho tradicional e vinho, já que estava liberada do trabalho.
Por mais incrível que fosse, pensar que teria de enfrentar várias pessoas que nunca vira na vida, fingir ser futura esposa de um herdeiro bilionário que nunca nem beijei, não me dava medo. Era exatamente como me sentia. Por outro lado estava ansiosa para viver o momento. Seria como fazer parte de uma novela, atue bem e ganhe expectadores.
Depois de comer, peguei um táxi indo para o shopping. Eu realmente não dei a mínima para o black card de Jimin. Compraria tudo com meu próprio dinheiro e se ele estava mesmo disposto a gastar comigo, seria somente quando eu quisesse. Ele não teria total controle da situação.
O shopping não tinha muita movimentação dentro das lojas, um ótimo momento para fazer compras sem estresse. Primeiro observei pensando no que seria apropriado para a tal ocasião. Meu primeiro alvo fora um par de sapatos que namorei e nunca comprei. Aquela era a hora.
Caminhando e observando a grande loja de grife, ao longe avistei longos cabelos pretos e um vestido roxo. Me aproveitei para ter certeza se era mesmo quem pensei ser. Ela se vira e sorri ao me ver.
— Bel? – seu largo sorriso espalhando-se pelos lábios pintados de vermelho.
— Oi, Hwasa! – sorri de volta e ela solta a peça que olhava me dando um abraço apertado. — Como vai?
— Oras, bem e você?
— Bem também.
— Ótimo, hoje é um grande dia. Como se sente?
— Feliz.
— Imagino. Vim comprar algo especial para a noite. – mostra a sacola presa em seu braço.
— Ah, eu também. Vim atrás de um vestido.
— Oh, que coincidência! Podemos nos ajudar, ainda preciso escolher um par de sapatos.
— Seria ótimo.
Hwasa tinha uma presença leve, sempre sorridente e bem humorada. Consequentemente chamando atenção por onde passava. Tínhamos o gosto parecido para moda, ela também não curtia coisa estampadas demais, porém tudo que comprava era extremamente caro.
Jogando conversa fora pulamos de loja em loja até que enfim encontrei o que procurava ; um vestido preto básico.
— Experimente. Sei que vai ficar perfeito em você. – a morena diz erguendo uma sobrancelha.
Quando saí do provador, nós duas estávamos satisfeitas e com os braços cheios de sacolas. Eu tinha comprado mais que o necessário entre tudo novas lingeries.
Para caminhar ao lado de alguém tão importante como Sr. Park eu precisava estar a altura, não somente pelas roupas bonitas, precisava sentir-me confiante no meu máximo.
— Ah, passamos horas nas compras, já estou faminta.
— Podemos parar para comer. – eu digo.
— Sim, vamos. Conheço um lugar bacana.
Me deixei ser levada para uma linda cafeteria. Nos sentamos e fizemos nossos pedidos, recomendação de Hwasa.
— Imagino que esteja ansiosa. Jimin vai te apresentar oficialmente para família. – ela diz puxando conversa enquanto eu bebia um pequeno gole do meu capuccino gelado.
— Confesso que estou sim. Eu não imaginava que todo aconteceria tão rápido.
— Digo o mesmo. Ninguém esperava que Jimin fosse apresentar uma noiva. Ele sempre fora tão discreto com seus romances, na verdade nunca apresentou ninguém a família.
— Sério?
— Sim. – ela bebe de seu café com leite e continua a falar:
— Acho que por isso todos ficaram tão surpresos. Até Seokjin, meu marido. Mas eu achei que estava mais que na hora de Jimin se ajeitar com alguém. Ele só trabalha, Jin e eu ficamos preocupados porque isso pode fazê-lo adoecer sabe?
— Ele realmente vive trabalhando. – concordei.
— Parece que só vive para isso. Olha, espero que seja diferente agora com você. Sei que a empresa é uma herança de importância imensurável para Jimin, mas desejo que também tenha momentos de felicidade. Que compartilhe a vida com você.
— Não sei nem o que dizer... Só quero que ele seja feliz. – fui sincera.
— Vocês são lindos juntos, minha nossa! É tão simpática Bel, Jimin teve sorte por encontra-la. Sei que nos conhecemos há pouco tempo e não nos falamos muito, mas sinto que é boa de coração.
— Sinto o mesmo por você. Uma grande empatia que não sei bem explicar. – eu sorri.
— Acho que isso é bom.
— Eu também.
Iniciamos uma conversa amigável, típica de duas pessoas que estão se conhecendo. Hwasa me fez perguntas simples e ficou surpresa em sabe que eu ainda estudava.
— 24 anos... Eu te daria mais.
— Oh, sério?
Ela fez careta.
— Não pela aparência, quis dizer que é madura.
— Ah sim. Bom, minha grande maturidade foi consequência por ter me virado sozinha desde cedo.
— E sua família? Estou me perguntando isso há um tempo, mas não queria parecer desagradável.
Mordi o lábio. Eu não gostava de falar sobre meus pais. Sobre o desastre que fora minha infância no Brasil.
— Eles vivem no meu país de origem. Não mantemos muito contado. É... Complicado.
— Entendi. Não falaremos sobre isso.
— Obrigada, você é muito legal.
Deu de ombros.
— Faço o que posso. – sorri jogando os cabelos.
— Uh, tem alguma coisa que eu precisa saber sobre os Park?
— Bom... Acho que nada demais. Eles não tem muitos parentes por aqui, a maioria vive na Coréia, então os que estarão entre nós a maioria são amigos de Yoora e Sojin. Também do falecido Sr. Park.
— Entendi.
— Apenas sorria e acene. Se for simpática já conquista a maioria.
— Eu só não quero causar constrangimentos.
— Por que diz isso, Bel?
— Ah, você sabe... É muito mais comum asiático se envolver com asiático e como pode bem ver, estou longe dessa realidade. Tem gente que nunca me viu então...
— É sério que isso te preocupa?
— Na verdade pensei sobre agora. – confessei.
— Esqueça, Jimin te escolheu. Nada mais importa.
Soltei um suspiro.
— Vou acreditar. – digo num tom descontraído.
— Pode crer. – deu uma piscadela. Sorri para ela.
Peguei meu celular para ver as horas.
— Oh, meu Deus! Precisamos ir, já são sete horas. – digo me lembrando que Jimin me pegaria às 21h.
— Vamos, eu te deixo em casa.
— Não quero incomodar, posso pegar um táxi.
— Nada disso! Eu te levo.
— Okay. Vou aceitar, mas topa dividir a conta?
— Com certeza.
— Assim que eu gosto. – falei a fazendo rir.
Hwasa me deixou em casa e se despediu com um “até mais”. Entrei toda atrapalhada com minhas sacolas, separei tudo que usaria colocando sobre a cama.  Me despi e corri para o banho onde lavei os cabelos com um shampoo hidratante de mel e coco, tinha um cheiro delicioso.
Me lavei, coloquei a depilação em dia e hidratei a pele com óleo corporal. Queria me sentir bem por um todo, relaxei embaixo da água quentinha. Após o banho bem tomado, continuei os processo; escovei os cabelos e fiz uma maquiagem leve e elegante, finalizando com brilho labial.
Já perfumada, me enfiei no vestido preto. O resultado final me satisfez. Só estava em dúvida que bolsa levar, mas no fim optei por uma de tamanho médio e então a preparei para levar. De frente ao espelho dei uma volta conferindo tudo.
Um momento depois ouço uma buzina familiar, isso me fez correr para a porta. Porém não abri. Esperei até que a companhia tocasse e de repente me vi ansiosa para vê-lo, o relógio marcava nove horas em ponto. Mordi o lábio contendo o riso, respirei fundo e girei a maçaneta. Ao vê-lo senti um frio na barriga, seus olhos escuros encontrando os meus.
Jimin tinha um cigarro aceso preso entre os lábios rosados, a fumaça branca subindo. Ele me encarou e seu olhar desceu por meu corpo de forma lenta.  Quando voltou ao meu rosto, pegou o cigarro nos dedos e disse:
— Boa noite, ippeuni. – a voz doce e baixa soando grave.
— Boa noite, Jimin. – ele vestia uma calça preta com cinto Chanel, uma camisa azul quase branca dobrada até a altura dos cotovelos. O peito de pele lisa a mostra. Os cabelos totalmente jogados para trás, impecável.
— Vejo que está pronta para ir.
— Sim. – dei um passo a frente ficando perto, fechando a porta atrás de mim. Me virei e me curvei um pouco para trancar a mesma. Obviamente fiz de propósito, estava bonita, cheirosa e ele nem sequer teve coragem de fazer um elogio. Olhei sobre o ombro vendo seus olhos fixos no meu traseiro. — Vamos.
Jimin jogou a ponta acesa no chão pisando para apagar. Fez um gesto para que eu seguisse na frente e eu ergui uma sobrancelha, mas o fiz sem questionar. Gostava de ter sua atenção, seus olhos em mim. Ficava curiosa para saber o que se passava em sua mente.
Jimin abriu minha porta como sempre e eu me acomodei no banco do Mercedes. Antes que entrasse puxei o ar sentindo o perfume alheio no ar. Seguimos pela rua enquanto eu o fitava.
— Algo errado? – perguntou sem desviar os olhos da pista.
— Sim. – respondi sem hesitar.
— O que? – dessa vez me olhou brevemente.
— Vai fingir que não sabe?
— Não estou fingindo.
Bufei.
— Okay. – voltei-me para a janela reconhecendo o caminho que tomávamos. Me atrevo a ligar o rádio, a mesma estação de sempre. Comecei a cantarolar a música que tocava num volume razoável.
— Diga, o que há?
— Nada. – o respondi sem demonstrar interesse.
Jimin suspirou enquanto fazia uma curva.
— Esperava que dissesse alguma coisa . – digo de uma vez. — Estava esperando um elogio ou qualquer coisa.
Ele soltou um riso curto.
— Ah!
— O que? – vi seu sorriso esticado nos lábios. Parecia se divertir.
— Eu sempre te elogio, Bel.
— Huh? Quando?
— Sempre. Sabe que é linda, não precisa que eu confirme.
— Pois é, não preciso. Mas acontece que hoje é diferente. Poderia pelo menos ter elogiado minha bunda, sei lá. Acho que estou ficando um pouco insegura...
— Relaxe. Você está perfeita.
— Jura? Hwasa também gostou da roupa, mas sua opinião é mais importe.
— Quando Hwasa disse isso?
— Hoje mais cedo nos encontramos no shopping. Ela é maravilhosa e muito gente boa.
— Ah. Você escolheu bem, preto ficou bem na sua pele. – me olhou — Gosta mesmo de coisas apertadas.
Revirei os olhos.
— Não faça isso. – a voz em tom de alerta.
— Mas eu só-
— Não tem ideia de como eu odeio quando revira os olhos pra mim.
— Certo... Desculpe. – mordi o lábio.
Ficamos em silêncio, apenas a música que ainda tocava. Me vi insegura além de ansiosa, era exatamente o quê tentei evitar sentir durante o dia todo e agora atravessando os imensos portões da mansão dos Park, instintivamente apertei minhas unhas na palma.
Jimin estacionou e desligou o carro tirando o cinto de segurança. Fiz o mesmo e o chamei antes de saísse do veículo:
— Jimin?
Ele me olhou.
— Sim?
— E-eles vão me fazer muitas perguntas? Se perguntarem como nos conhecemos ou sei lá?!
— Fique tranquila. Não vamos mentir sobre como nos conhecemos, apenas diremos que depois disso nos apaixonamos. Fique ao meu lado, não tem muitas pessoas a maioria de minha família vive no meu país.
— Eu sei, Hwasa me disse. – digo.
— Então está tudo bem.
O vi sair pra abrir minha porta, estendeu a mão e a peguei deixando a bolsa no banco.
— Ficará bem, não vou deixar ninguém te constranger e tampouco farei o mesmo. É só um jantar. – pegou a ponta do meu queixo.
— Tem certeza?
— Uh-hum.
— Sorte sua que me faz sentir segura, porque não sei se conseguiria entrar se fosse o contrário. – digo.
— Ah... Estou lisonjeado. – sorriu.
— Não está, o que acabei de dizer só fez bem para seu ego masculino.
— Acredita que tudo tem haver com meu ego, ippeuni?
— Talvez.
— Que seja. – diz com desdém. Me soltou.
— Você não parece nervoso.
—  E deveria estar? – questionou.
— Contando com as circunstâncias, sim.
— As circunstâncias não são tão apavorantes. Para ser sincero estou curioso. – apoiou a mão na minha lombar me guiando pela entrada.
— Por que?
— Sojin. Ele vai odiar esta noite.
— Ah, sim e eu vou entrar oficialmente para a lista de inimigos dele.
— Não se preocupe, você não é um problema para ele. – disse com convicção.
— Posso dormir em paz, então. – falei com sarcasmo.
— Claro.
Paramos em frente a porta.
— É nosso noivado, está pronta?
Respirei fundo.
— Não pode ser tão ruim assim... Estou pronta. – Jimin assentiu e abriu a porta. Eu já conhecia aquela parte da casa, percebi vários vasos repletos de Girassóis. Minha flor favorita e só uma pessoa ali sabia além de mim. — Girassóis...
— Suas prediletas. – ele diz.
— Sim. Obrigada, fazia tempo que não via tão bonitos.
— Disponha. – diz me levando consigo, atravessamos um largo batente e dali pude ouvir vozes murmurantes. Meu coração acelerado, mas com Jimin me tocando tive mais coragem e não pareceu tão assustador. Aquela parte eu não conhecia, porém era tão grande quanto todos os outros cantos que havia visto da primeira vez.
Havia uma mesa longa montada com aparelhos de jantar que só de olhar eu sabia que custavam mais do que poderia imaginar, mais a frente, depois da mesa, algumas pessoas de pé conversavam entre si e alguns desses rostos já eram bem familiares.
Jin, Hwasa, Yoora e Jungkook foram os primeiros a me notar ao lado de Jimin. Eles sorriram enquanto caminhamos de encontro a todos.
— Finalmente! – Yoora me abraça com uma taça de champanhe na mão. O abraço apertado que faço questão de retribuir. — Seja bem-vinda, está ainda mais bonita Bel.
— Obrigada, a senhora também.
— Por favor, me chame de “você”. – sorriu. Yoora usava um vestido longo num tom pastel. Seus cabelos escuros presos por grampos. Ela deu um beijo na bochecha de Jimin e murmurou algo em coreano para ele que respondeu e devolveu o beijo.
Os próximos a me cumprimentar foi o casal, Jin me surpreendeu com um leve abraço e em seguida Hwasa.
— Está linda! – sussurrou dando um tapinha na minha bunda.
— Obrigada. – digo rindo de sua atitude.
Jungkook veio até Jimin e os dois se abraçaram apertado. Para mim foi só um aperto de mão. Jungkook estava ainda mais bonito.
— Seja bem-vinda a família, Bel. – ele diz soltando minha mão.
Fui apresentada a outras pessoas, amigos e alguns primos distantes que também haviam se mudado da Coréia do sul. Pessoas ricas e bem educadas. Mas seus olhares me incomodaram um pouco, nada que não desse para ignorar. De longe vi Sojin e Jung Hoseok, o amigo de Jimin.
Ambos não haviam vindo falar conosco. Até Jung Hoseok perceber meu olhar. Ele sorriu da mesma forma charmosa de quando nos conhecemos. Falou algo para Sojin que nem fez questão de olhar e veio em nossa direção.
— Boa noite. – disse ainda sorrindo. Era tão bonito! Sua pele tinha um brilho saudável.
— Boa noite, Hope. – Jimin sorriu abraçando o homem. Pareciam muito íntimos. — Que bom que veio.
— Sorte a sua que a agência agendou minha viagem para outra data. – fala num tom brincalhão e seu olhar se volta para mim — Sua noiva, huh? Ele conseguiu te fisgar Bel? Meu irmão é bonitão, eu sei. Difícil de resistir.
Eu ri.
— Exatamente. – respondi no mesmo tom. Neste momento, a mão de Jimin prendeu minha cintura. O mesmo me olha de cima dando uma piscadela.
Ao longe alguém bate um talher na taça, chamando atenção de todos. Era Yoora.
— Estamos aqui está noite para celebrar, mesmo que de forma singela, o noivado do meu querido filho mais novo.
— Finalmente! – Jin e Jungkook dizem ao mesmo tempo fazendo todos rirem.
— O dia enfim chegou, sinto-me tão feliz por estar aqui para ver a felicidade dele se concretizar! – ela falava sorrindo, olhando diretamente para nós. E por mais encantador que fosse o discurso, meus olhos se prenderam em Jimin, ele sorria para sua mãe. Parecia feliz de verdade e não atuando. Ele era um bom mentiroso. — Falo em nome de todos; espero que sejam felizes juntos. Um, dois, três...
— SEJA BEM-VINDA BEL! – ouço o coro dizer em voz alta. Eu não esperava por nada daquilo. Então só pude sorrir e agradecer.
— O jantar será servido. – Yoora anuncia em seguida.
Todos tomando seus assentos na mesa, Jimin ao meu lado e Hoseok do outro. Vi quando a governanta e outros dois empregados começaram a servir. Fiquei boquiaberta vendo Strogonoff nos pratos.
— Não acredito... – sussurrei.
— O que foi? – Jimin perguntou perto do meu ouvido.
— Strogonoff? É sério?
— Ah, pode agradecer sua sogra. Foi ideia dela.
— Mas acho que ninguém aqui deve estar acostumado com este tipo de comida.
— Bom, acho que os convidados gostaram. – disse vendo eles começarem a comer.
Parecia verdade. Quando me serviram eu agradeci e comecei a comer.
— Hmmm...  Muito bom. – Hoseok diz. — Ótima escolha de menu, Yoora.
— Só queria agradar minha fatura nora. Está aprovado Bel?
— Sim, sim. Está delicioso! – digo limpando o canto da boca no guardanapo.
— Ótimo. – Yoora sorriu com satisfação.
— De onde você é? – uma mulher perguntou para mim. Não me lembrei de seu nome, ela tinha sido apresentada como uma amiga da família.
— Do Brasil. – respondi.
— O país dos ladrões. – Sojin se pronuncia pela primeira vez. O clima na mesa mudando de repente, os olhares se passando dele para mim e vice versa.
— Se fosse assim muitas pessoas que vivem aqui estariam por lá também, não concorda Sojin? – Jimin rebateu. Olhei e logo vi que estava puto. O padrasto não o respondeu, apenas desviou o olhar.
— Então, – olhei para a moça — meu país é muito bonito, apesar de existir sim violência como em todos os lugares, as pessoas são muito calorosas e hospitaleiras.
— Yah, eu tenho um grande sonho de conhecer seu país, Bel. – Hoseok diz.
— Eu também. – Yoora.
Iniciamos uma conversa leve sobre alguns pontos turísticos famosos no Brasil. Fiz questão de frisar que ia bem além de Rio de janeiro e São Paulo. Contei sobre as maravilhas do norte e nordeste, mesmo sem ter ido visitar, sempre soube como eram regiões maravilhosas. Hora ou outra eu girava o anel no dedo distraída com o papo.
Todos participaram da conversa, menos Jimin. Ele permaneceu quieto ao meu lado mesmo depois da sobremesa, que fora sorvete de baunilha com calda quente de chocolate. Queria saber o por quê de tanto silêncio se sua parte, então me aproximei encostando nossos braços. Sua vista se voltou para mim no mesmo momento.
— Por que está tão calado, querido? – indaguei sabendo que haviam olhares “tímidos” sobre nós.
— Só estou... Observando. – seus olhos nos meus.
— Se participasse da conversa seria mais divertido.
— Não. Prefiro ouvi-la falar. É muito graciosa em suas explicações.
— Obrigada. – sorri.
— Bel?
— Hm?
— Acho que está na hora...
Franzi as sobrancelhas. Ele não me respondeu, colocou-se de pé pigarreando alto atraindo a atenção dos demais.
— Obrigado pela atenção. – começou — Quero primeiramente agradecer a presença de todos em nome de minha família. Hoje é uma noite muito importante para mim e minha futura esposa. – ele ofereceu a mão e eu me levantei segurando a mesma — Bel gosta de coisas simples e não permitiu minha amada mãe dar uma festa raive, então neste simples jantar que eu faço o pedido oficial.
Do bolso frontal da calça ele tirou uma caixinha quadrada de veludo, abrindo revelando o anel de brilhantes que eu tinha escolhido dias atrás. Era ainda mais bonito de perto, o que me deixou espantada.
— Oh meu Deus... – sussurrei.
Jimin tirou o anel da caixinha e pegou minha mão deslizando por meu dedo. Vi a peça se encaixar perfeitamente. Ele me encarou, fitando meus olhos e eu tremi. Caralho, 'tava mesmo acontecendo?
— Você aceita ser minha, Isabel Mendes?
Eu só tinha uma resposta para dar:
— Sim. Eu aceito. – digo sustentando seu olhar. Ele sorriu e me pegou pela cintura fazendo meu coração dar um pulo no peito. Fui abraçada colocando minha mão em seu peito sentindo a firmeza no momento em que nossos lábios se conectaram. Fora como a primeira vez, um toque pressionado. Os lábios úmidos e quentes. Ao nosso redor uma salva de palmas e assobios.
Nos separamos e suas mãos seguraram meu rosto, os polegares afagando minhas bochechas. Por um instante me perdi em sua gritante beleza, seu cheiro tão gostoso embaixo do meu nariz. Contive a vontade de agarrar sua camisa e lhe puxar para um beijo de verdade. Tinha certeza que a frustração transpareceu em minha face.
— Sejam muito felizes. – ouço Hoseok atrás de mim. Jimin me abraçou de lado e consegui me virar para agradecer o amigo.
Yoora pediu para servir champanhe, nós deixamos a sala de jantar para ir a sala de estar. Outro lindo lustre pendendo do teto alto demais, cada um tomou um assento pois haviam sofás e poltronas acolchoadas. A decoração divina.
— Senta aqui. – quando dei por mim, Jimin me puxou para seu colo. Meu rosto se aqueceu em segundos de vergonha, ele me colocou sobre suas coxas e a firmeza delas me deixou acesa. Ele com certeza malhava bem as pernas, pensei. Os braços se fecharam ao meu redor como se tentasse me proteger de cair.
Jungkook, Jin e Hwasa nos observavam do canto com sorrisos maliciosos. Olhando ao redor dei falta de alguém.
— Jimin, onde está Sojin? – sussurrei para que só ele pudesse ouvir. Jimin olhou ao redor também procurando.
— Até que demorou para se retirar. Eu disse que ele odiaria essa noite. Meu padrasto não gosta muito de socializar... Bom, só quando é do interesse dele.
— Deveria ficar pelo menos ao lado de sua mãe. – digo olhando para ela que ria de alguma piadinha que contavam.
— Eu também penso assim...
A mulher pareceu não se abalar com a ausência do marido, veio até nós e me ofereceu uma taça de champanhe. Jimin recusou dizendo que depois me levaria embora e não podia começar a  beber.
— Deixe-me ver este anel... – Yoora pega minha mão fitando o acessório de  brilho extravagante — Perfeito! Exatamente o que uma mulher precisa. Diamantes são sempre o melhor acessório. Meu Jimin tem muito bom gosto.
— Na verdade foi ela quem escolheu, mãe.
— Oh! – sorriu — Tem muito bom gosto, Querida.
Eu sorri agradecendo.
— Filho, por que não mostra a casa para Bel. Acho que seria interessante até porque este será o lar dela também.
Olhei para Jimin que assentiu e voltou-se para mim.
— Quer fazer um tour?
— Só se não for incomodar. – digo.
— Pode cuidar dos convidados, omma?
— Deixe comigo. – Yoora deu uma piscadela pegando a taça vazia de minha mão. Jimin se levantou comigo e pegou minha mão entrelaçando nosso dedos.
— Vamos. – ele diz me puxando.
Sua palma quente contra a minha e os dedos macios, eram gostosos segurar ,por isso não me importei em soltar quando saímos de vista. Lado a lado caminhamos juntos, Jimin começou a me mostrar o primeiro andar e diversos cômodos que só me fizeram ter a dúvida do para que serviam.
A maioria tinha o mesmo estilo de decoração, me peguei olhando os variados quadros de artes preso  na parede. Na biblioteca, que Jimin me disse ser o lugar favorito de sua mãe, avistei um retrato bem mais alto. Soltei seus dedos me aproximando da parede. Por um instante pensei que fosse Jimin...
— Quem é? – perguntei — É quase idêntico a você.
Sinto seu corpo atrás do meu, contudo continuei encarando a figura.
— Meu pai. – disse baixo. Olhei por cima, mas não alcancei os olhos.
— Vocês parecem até irmãos. – comentei.
— Minha mãe sempre diz que até a personalidade era parecida... Tivemos um bom tempo juntos, mas eu não concordo. Nunca serei tão nobre quanto ele foi. – sua voz soando calma. Mas eu imaginava como deveria ser doloroso para ele olhar aquele retrato feito a tinta.
Para evitar qualquer consequência, peguei sua mão conseguindo sua atenção.
— Me mostre mais. Vocês tem um belo gosto para decoração.
Ele fez que sim com a cabeça.
— Certo.
Deixamos a biblioteca para subirmos as escadarias, um caminho que me recordava. Até mesmo o longo e largo corredor iluminado por luminárias presas a parede.
— Gostou do jantar? – ele perguntou.
— Sim, foi muito agradável. Todos pareciam bem legais e sua mãe está feliz.
— Sim. Tudo saiu melhor do que esperava. Não acreditei que se daria tão bem com minha família. Eles gostaram de você, Bel.
— Isso é bom para nós. Já Sojin...
— Deixe ele de lado.
O fitei.
— Como quiser. – percebi um fio arrepiado no topo de sua cabeça, soltei sua mão e me ergui para tentar arrumar, porém sua mão pegou meu pulso.
— O que está fazendo? – questionou de sobrancelhas franzidas.
— Seu cabelo... – ele se aproximou. — Só queria arrumar.
Sem me responder, ele simplesmente levou minha mão aos seus fios soltando meu pulso. A textura era incrível sob o toque. Meus olhos encontraram os seus, estávamos perto, fiquei inquieta e minha pulsação se alterou ao ver que ele também observava meus lábios. Sem muito pensar disparei:
— Por que não me beijou de verdade?
A tensão entre nós.
— Era o que queria?
Abaixei a mão.
— Na verdade acho que a cena teria sido mais real se o tivesse feito.
— Me lembro de ter dito que não precisaria se dispor a qualquer contato, Bel.
— Nem se a gente quiser? – indaguei. Um silêncio instalou-se entre nós. Todavia, vi algo mudar em seu olhar, seus olhos escuros pareceram inflamar um pouco... Jimin não disse mais nada, e eu estava a ponto de passar da linha invisível que nos separava.
Um passo a frente e sem tocar seu corpo, ergui o pescoço.
— Me beija. – sussurrei.
Foi a gota d’água. O que veio em seguida eu nunca esperaria, Jimin me virou empurrando minhas costas contra parede vindo para cima de mim. Pegou meus braços os prendendo acima da minha cabeça, o ar deixava meu corpo com velocidade, fazendo meu peito subir e descer. Nossas respirações se mesclando.
— Bel...
— Por favor, me beija de verdade. – sibilei num sussurro.
Primeiro foi a língua; um toque leve entre os meus lábios que me fez fechar os olhos. Seus dedos se fecharam entre os meus no mesmo instante em que sua boca finalmente se afundou na minha. Veludo quente e molhado, o corpo se pressionando no meu e eu excitada me pressionei contra ele.
A língua se enrolou na minha, deslizando juntas tornando o beijo mais intenso, apesar de lento. Parecia que tínhamos o mesmo desejo de explorar o outro, lentamente o fazíamos. Apertei sua mão espremendo meus seios em seu peito, sentindo meus mamilos endurecendo e meu ar se acabando.
Enfim ele se separou, mas não se afastou. A respiração acelerada espalhou-se por minha face. Jimin voltou a tomar minha boca, meu lábio inferior em seus dentes, sugando. Eu gemi baixinho logo ficando constrangida. Havia diversão em seus olhos e ele continuou a sugar, soltando e repetindo a ação.
— Mais. – gemi.
— Mais?
— É... Me beija mais. – arfei.
Eu tive mais.
Jimin me deu um selinho e soltou meus braços, minhas mãos voaram para seu pescoço se prendendo ao redor enquanto suas duas mãos cravaram na minha bunda, com força. Não sabia muito o que fazer além de me derreter em seus braços com seus beijos. A boca macia e doce.
Parecia tão certo!
A parede do corredor era nossa testemunha, via como ambos desejávamos aquele momento e fora um alívio saber que não fui a única ansiando ficar tão perto. Nosso beijo longo e sensual onde ele tinha total controle, eu gostava assim. A forma que me conduziu sem esforço, me pegando para si...
Com selares nos separamos.
— Tá gostando mesmo de segurar meu traseiro ou é só impressão minha?  – ele deu um meio sorriso. Cristo! Como era lindo. A boca inchada e ainda mais rosada.
— Jimin? – uma voz chama no início do corredor. Jimin e eu olhamos na direção vendo Hoseok parado. — Aí estão os pombinhos. Sua mãe me pediu para procurá-los, acho que teve medo de pegar vocês fazendo indecências.
Mordi o lábio me soltando do pescoço alheio.
— Estamos indo embora, está bem tarde. – ele diz.
— Tudo bem. – Jimin passa os dedos entre os cabelos. — Vamos, Bel.
— Okay. – me ofereceu a mão e eu entrelacei nossos dedos.
Seguimos Hoseok escada abaixo, eu discretamente ajeitando meu vestido desalinhado no corpo. As pessoas estavam na saída prontas para partir. Sem soltar minha mão, Jimin se despediu de cada um com um pequeno sorriso. Ele não era muito de “dar dentes”.
Yoora fez Seokjin e Hwasa prometerem que voltariam em breve, ambos não tiveram escolha pois as chantagens emocionais da mulher tinham um grande poder. Hoseok foi logo atrás do casal, mas antes deu um abraço no amigo sussurrando em coreano. Jimin sorriu dando um leve aperto no ombro alheio. Hoseok me deu um beijo casto na bochecha e disse:
— Cuide bem do nosso Jiminie. – uma piscadela em seguida.
Enfim todos tomaram seus rumos, ainda na porta Yoora nos observou.
— Devo confessar que nunca imaginei meu filho com uma mulher feito você, Bel. No entanto, sinto-me muito feliz. Formam mesmo um lindo par assim como todos disseram.
— Obrigada. – agradeci sem graça.
— Espero que tenha sido agradável ficar conosco. Foi simples demais para o meu gosto, mas divertido.
— Omma... Você se empenhou e Bel está muito satisfeita com tudo. Não é mesmo, ippeuni?
— Sim. Foi muito bom. Estava tudo divino, vocês tem uma linda casa e estão rodeados por pessoas educadas. – Jimin me abraça de lado beijando o topo da minha cabeça.
— Certo. Mas nossa próxima comemoração será do meu jeito.
— Tenho medo só de imaginar. – diz Jimin. Yoora avança lhe dando um beliscão no braço — Aish!
— Pare de falar asneiras e leve sua mulher para casa dela, está tarde e frio. Boa noite Bel.
— Boa noite, Yoora.
Despedimos com um breve abraço. Jimin me levou de volta para o carro. O céu estava repleto de estrelas e a luz da lua chegava a tocar o chão deixando o jardim da mansão ainda mais bonito. Assim que saímos da propriedade Jimin deu um jeito de acender um cigarro.
— Nervoso?
— Cansado, eu diria.
— Me lembro de quando nos conhecemos, você me disse que fuma para tirar o estresse.
— Também.
— Quando começou a fumar? – perguntei tentando iniciar uma conversa.
— Depois da morte do meu pai, há cinco anos atrás.
— Entendi... Ele era muito importante para você.
— Você não faz ideia. – soltou a fumaça branca pelas narinas. Ele não queria falar sobre o assunto, percebi por sua postura e eu não seria inconveniente continuando a falar.
— E seus pais? Me lembro de te ouvir dizer que não gostava de falar sobre eles.
Soltei um suspiro.
— É que... Bom, não temos este tipo de relação comum entre pais e filhos. Sabe? Hm, eles sempre foram muito distantes e eu fui praticamente criada por uma babá. Sou filha única, mas para eles foi como se eu não existisse.
— Sinto muito.
— Não sinta. – eu ri — Nem eu sinto... é estranho, mas é a minha realidade.
Me afundei no banco encostando a cabeça na janela, as luzes do bairro passando rápido por nós. Minha mente me levando para algumas de minhas memórias com minha família.
(...)
Desci do carro levando minha bolsa comigo. Jimin fechou a porta, seus olhos em mim.
— Quer entrar? – ofereci.
— Hoje não. – jogou os cabelos para trás.
— O que foi? 'Tá com medo?
Ele soltou uma risada nasal.
— Juro que não sou perigosa e minha casa apesar de simples, não tem teias de aranha ou música sinistra.
— Vamos deixar para uma próxima. Quero que descanse. – colocou as mãos nos bolsos se encostando na lateral do veículo.
— Mas não estou cansada... Tudo bem se não quer. Se está preocupado com a possibilidade de eu te pedir outro beijo, fique tranquilo. Não vou forçar, tá na cara que se arrependeu. Boa noite.  – revirei os olhos girando nos tornozelos e fui pega antes de conseguir dar o primeiro passo em direção a porta, estava e seus braços.
Jimin pegou meu rosto entre as mãos.
— Não diga isso, ippeuni.
— O quê? Boa noite?
— Não foi engraçado. – rebateu.
— Podemos tratar de tudo feito dois adultos, Jimin. Depois do que aconteceu você nem sequer disse uma palavra.
— Está atraída por mim.
— Nossa, diga-me algo que não sei. Nunca fiz questão de esconder, percebeu que eu sei e você de certa forma também sente o mesmo. É nossa química. Podemos... Aproveitar um pouquinho. Nem tudo precisa ser de mentira.
— Isabel, Isabel... – olhei fundo em seus olhos.
— Eu só quero seus beijos. – sussurrei baixinho tocando seu nariz com a ponta do meu.
— Para mim não é tão simples, ippeuni. Não quero que se machuque.
— Não vou, sou uma garota crescida. Posso me cuidar e não precisa ser mais que beijos. Eu gostei dos seus por isso os quero. Você diz que vai me dar o que eu precisar...
— Você não compreende. – seus polegares afagando minha pele. Ele lentamente cedeu. Segurei sua cintura fina por cima da camisa enquanto nosso beijo crescia de proporção, porém sempre devagarinho.
Meu corpo todo se incendiava rápido assim como fogo na mata. O cheiro dele tão vivo que com certeza me renderia sonhos na madrugada.
— Sua boca... – sussurrou e massageou meus lábios úmidos com o dedo.
— Pode beijar do jeito que quiser. – dessa vez eu tomei iniciativa, ele comandou. As mãos espertas fazendo caminho para minha cintura, apertando meu corpo. Me desgrudei de seus lábios ofegante, beijei seu queixo e ele se afastou de repente.
— Acho melhor você entrar.
— Mas já?
Jimin sorriu de lado e disse:
— Já. – nos desvencilhamos. — Nos veremos em breve, agora vai com esse rabo pra dentro.
O encarei.
— Como quiser, chefe.
Eu me afastei mordendo o lábio sentindo-me vitoriosa e realizada. Enquanto  caminhava de costas ele observava de longe de olhos semicerrados.
— Boa noite, Bel. – disse dando a volta no carro abrindo a porta.
— Boa noite, Sr. Park.
Só fechei a porta quando ele desapareceu na rua. Me apoiei na porta levando a mão a nuca sentindo o calor que espalhava-se por meu corpo. Nenhuma boca que provei na vida podia ser comparada a dele. O sabor, textura e a língua habilidosa... Aquele beijo de molhar calcinha. Exatamente como a minha.































Bound To You | pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora