--68-- Assunto mal acabado

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BELA

Aquelas palavras entraram como um tiro em mim... A mulher da minha vida ... Ele precisa para de me iludir assim, de me falar essas coisas, meu coração aperta, não por ele dizer isso, mas por saber que de fato, eu não sou a mulher da vida dele, e muito provavelmente sou a mulher do momento, que muito provavelmente também logo ele enjoaria de mim. Afinal, ele já tem quase trinta anos, eh vivido, tem uma longa, bem longa, experiência com mulheres, e eu? Se tiver dois namorados, no máximo, foi muito, e o último não foi lá um grande exemplo de relacionamento.

Meu coração se apertava em pensar no momento em que ele se afastaria, começaria aos poucos a me dar gelo, e logo apareceria com alguém, mais bonita e mais interessante ... Meus olhos se encheu de lágrimas, só que eu não podia as deixar rolar, principalmente na frente dele. Eu pareceria patética e só aproximaria esse inevitável dia. Meu estômago embrulhou e não consegui me controlar, a bendita lágrima escorreu, e justo nesse momento ele saiu do meu pescoço, onde ainda estava dando longos e gostosos beijos.

Me virou para si e deu de cara com aquela lágrima indesejada.

Na mesma hora ele enrugou sua testa e me olhou com expressão surpresa, levantou a mão até meu rosto e limpou a lágrima com o polegar.

- Bela, porque está chorando ? - Me perguntou com um tom preocupado.

- Não é nada, apenas coisas que fico pensando, que me deixam tristes. Mas não se preocupe. - falei tentando enrola-lo.

- Não me preocupar? Tem alguma manual que ensine isso por aí ? - falou ainda preocupado e irônico.

- É sério... - sorri para ele e enrosquei meus braços em seu pescoço. - eu estou bem, apesar da lágrima, estar aqui com você me deixa bem!

Ele sorriu gostoso e passou seus braços em volta da minha cintura. Apertou e me imprensou contra ele.

- Se eu estando aqui com você não puder te deixar feliz... Me sentiria um inútil... - Se afastou dando uns passos para trás. Passou as duas mãos na cabeça de forma aleatória enquanto deu mais dois passos em direção a piscina. Deixou os braços caírem em seguida e colocou as mãos no bolso, se virando para mim, que permanecia parada, sem entender.

- Eu não consigo te ver assim! - ele soltou. - Porra, você não tem noção do quanto fico .. com raiva... Quando você chora!? - voltou a caminhar um pouco mais aleatório. O que ele estava dizendo? Fica com raiva ? Eu sou... Tao irritante assim? Patética ...?

- Eu te irrito Felipe? - perguntei firme, mas com medo da sua resposta.

Ele virou pra mim e me encarou, passou as duas mãos no rosto como se estivesse molhado e tentasse tirar a água. As mãos ficaram estacionadas uma ao lado da outra em frente sua boca. Ele continuava parado, me encarando.

- Desculpa por chorar pela, o que ? Segunda vez, não sei, na sua frente ... Não imaginei que te irritasse, mas não se preocupe, não vai mais acontecer, sei que meus problemas não te interessam...

- Bela te ver chorar não me da raiva de você! - falou me interrompendo. - Me da raiva não saber o que tá acontecendo. Me da raiva o motivo do seu choro sem saber qual é... - começou a andar em minha direção. - me sinto incapaz de te fazer feliz te vendo chorar, mesmo quando acho que tô sendo bom pra você. - colocou a mão direita em meu rosto e acariciou a maçã com seu polegar, a outra mão enfiou em minha nuca e cabelos.

Olhou em meus olhos, minha boca e depois voltou aos meus olhos. - Sou novo nesse lance de ser um cara bom, sei que nunca fui bom pra você, com você e com ninguém, sei que sempre fui um otário, galinha e tal, eu sei disso, mas eu tô tentando aqui, ser diferente de alguma forma, sem saber o que fazer ou dizer sem parecer superficial pra você ou o mesmo cara que sou pra todas, eu não quero isso... - não aguentei sustentar o olhar com o dele, as lágrimas queriam vir novamente então abaixei minha cabeça - Izabela olha pra mim ! - eu não consegui levantar e olhar para ele - Agora Izabela! - ele mandou, minha reação foi apenas olhar, sem saber o que esperar.

- Eu não sei porque raios você está chorando e não quer me dizer, mas olha só, eu tô aqui porra, tô aqui com você e nem tão cedo isso vai mudar... - Nem tão cedo... Essas palavras fizeram a lágrima que eu lutava para segurar rolar de vez em meu rosto.
- Sou eu ? - ele perguntou

- Você o quê ? - perguntei um pouco confusa e com medo de ter essa conversa.

- Sou eu que estou te fazendo chorar ? - Simm, é você ... Mas só conseguia dizer isso em pensamentos.. não tinha coragem, como sou fraca, que raiva de mim, por que é que eu não falo logo tudo que tá preso ?

- Eu já disse, você é a minha paz aqui! - eu não tenho coragem, o que eu tenho a dizer pode afastar ele de mim mais cedo que o esperado e temido.

- Tá Iza, sei que sou eu o problema e você não quer falar, tudo bem... - me soltou e começou as dar passos para trás - tá beleza, eu não vim aqui pra te fazer chorar, então eu vou embora. - ele começou a se virar indo em direção a porta, ele ia embora, e aí o desespero tomou conta, eu não queria que ele fosse embora, eu queria que ele me segurasse, me abraçasse e me dissesse que nunca iria ir embora.

- Felipe!? - comecei a caminhar rápido até ele - espera.. - ele parou mais não se virou, ficou parado e abaixou a cabeça.

- Por favor, fica! Preciso de você... Ainda mais depois do que aconteceu hoje, preciso de você, aqui, me protegendo... - imediatamente ele se virou pra mim e veio em minha direção com uma expressão de raiva e preocupação.

- O que aconteceu hoje Izabela ?? - ele perguntou me olhando sério.

- O Erick não se atrav...

- Não, não tem nada haver com ele - O interrompi dizendo.

- Hoje mais cedo fui ao mercadinho e no estacionamento aconteceu algo muito estranho. - comecei a contar sobre o barulho, o gato, e então sobre a caminhonete e até o ponto que me seguiu até a metade do caminho, quando consegui despista-la.

- Espera, como você disse que era essa caminhonete? - Ele perguntou nervoso.

- Era preta, nova, alta, com as rodas bem largas e bem cromadas... Brilhavam muito e...

- FILHO DE UMA PUTA... - disse me interrompendo e se virando em direção a porta de saída da piscina para dentro da casa. Ele parecia enfurecido.

- Felipe espera! - falei tentando segura-lo

- Me solta Izabela, ele gritou - meu deus, meu irmão vai acordar.

- Aonde você tá indo? - perguntei completamente sem saber o que tava acontecendo.

- Aquele filho da puta estava estacionado lá em baixo quando eu cheguei, virado pra portaria do prédio, eu não prestei atenção quem era mas agora eu já posso imaginar. - falou indo em direção a porta e pegando a chave do carro dele...

- Felipe aonde você vai?? - gritei

Ele entrou no elevador olhou pra mim e disse:

- Terminar o que eu não terminei! - então a porta do elevador se fechou cortando nosso contato visual.

Eu e o melhor amigo do meu irmão - ATUALIZANDO 2019Onde histórias criam vida. Descubra agora