Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}

02- A mesma história outra vez

"Um homem inteligente saí de um buraco que um homem sábio não cairia" - Provérbio árabe

Ayla Windsor:

Ayla sabia que naquele momento os pais encontravam-se na sala do trono, lado a lado, como sempre foi. Então, caminhou em direção ao salão principal, onde de longe avistou-os sentados com suas expressões sérias.

Sua mãe — que em suma maioria das vezes quem dava a última palavra — falava a respeito de uma suposta sentença de morte que os lordes gostariam de aplicar a um ladrão que estava sendo levado a julgamento. Seu pai, por sua vez, apenas analisava a situação cautelosamente enquanto observava Aysha assumir o controle da coisa.

— Não irei tirar a vida de um homem — disse Aysha — Ela não é minha para tomar. O homem deve receber a pena que todos os demais receberam, deve responder aos seus crimes com trabalhos forçados, trabalhos que os servos não devem fazer! — concluiu Aysha.

Sua mãe sempre repudiou a pena de morte, diferente do pequeno conselho constituído por lordes que respondiam à ela e ao rei. Aparentemente, os homens possuíam uma fatídica sede por sangue.

— Derick, o que tem a dizer? — questionou Aysha, virando sua atenção para o moreno ao seu lado.

— Compartilho da opinião da rainha! — disse ele, segurando a mão de Aysha por cima do braço de apoio do trono — Que a justiça seja feita! — concluiu ele.

Com isso, o homem que era julgado passa a ser arrastado pelo corredor, porta à fora, e aos poucos, o grande salão começa a ganhar espaço, até que apenas o rei e a rainha permanecem em seus assentos.

— Diga-me que nós temos a opção de largar tudo, fugirmos e deixar Ayla assumir a liderança? — falou Derick, sentando-se de maneira nada elegante no trono apenas para enfatizar sua encenação dramática de cansaço — Apenas diga-me isso!

Aysha riu abertamente da expressão do marido, enquanto Ayla assistia tudo longe. Ela adorava a forma carinhosa e divertida que os pais se tratavam, mesmo com todo o tempo de casamento. Ela não almejava nem esperava casamento nenhum, porém, se algum dia tivesse que casar com alguém, ela esperava que seu relacionamento fosse como o dos pais.

— Sinto muito, majestade, mas a resposta é não! — respondeu Aysha, erguendo-se de seu assento no trono. Aparentemente, ainda não havia notado a aproximação da filha — Além do mais, para ter a rainha, é necessário ser um rei!

Derick sorriu com a resposta da esposa, e após ergueu-se do trono, caminhou em direção a ela, enlaçando sua cintura logo em seguida.

— Não se eu a sequestra, e mantê-la em uma torre, exatamente como naquelas histórias! — disse Derick, sorrindo enquanto aproximava o rosto ao de Aysha — Ninguém iria encontrá-la!

— Isso seria cruel, alteza, até mesmo para você! — disse Aysha, antes de selar os lábios aos do marido, fazendo Ayla revirar os olhos.

— Achei que vocês já estavam um pouco velhos para paparicos e planos de fuga! — disse Ayla, interrompendo o momento do casal e apresentando-se finalmente no ambiente.

Os dois tiveram um sobressalto a princípio, mas ao encarar a filha logo abriram um grande sorriso para ela. Derick ainda mantinha os braços em torno da cintura fina da esposa, enquanto observava atentamente o rosto de Ayla.

— A essa altura não estou disponível para mais filhos, porém, não estou morta, minha querida e ousada filha! — falou Aysha, convencida.

A convivência com Derick estava afetando a ela, até mesmo o ego da rainha estava maior — pensou Ayla.