40- Há certos pecados sem direito à redenção

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"Coragem conduz às estrelas, e o medo à morte"- Sêneca

Alec Whithlook:

Enquanto ainda encontrava-se dentro de um grande navio cruzando o mar até a costa de Martin, Alec deparou-se com um estranho sentimento de saudade o atingindo. Ele passou a recordar-se dos poucos momentos de calmaria que viveu durante este corrido ano que passou com Ayla, da forma como ambos pareciam se entender tão bem, o que não facilitou para que a viagem de expedição dele fosse calma o suficiente.

Durante o trajeto marítimo, em determinado momento, Alec separou cerca de quinhentos navios dos mil que o acompanhavam indo em direção à Martin — onde o único apoio que tinha para seguir com esse ideia era o de Robert Whithlook — enquanto isso, os outros quinhentos navios continuaram seu caminho em direção ao continente de Royale, esperando ter sucesso em sua conquista e batalha contra a rainha Lancaster.

Porém, a culpa começou a assolá-lo dentro de sua própria cabeça, e o fato de que Ayla iria descobrir toda aquela conspiração por meio de uma carta não o ajudou a manter a calma. Havia cerca de cinco noites que o rei não dormia, já não conseguia render o suficiente para guiar seus submissos até seu propósito. Ele precisava de apenas uma única boa desculpa para retornar à Midlenton, essa que não demorou a surgir.

As notícias sobre a invasão espartana e o Saque do Ninho da Águia — como assim ficou conhecido o fato — chegaram rapidamente até ele, que sem pensar duas vezes mudou o curso de sua viagem de volta para casa. A fama de como os soldados espartanos tratavam seus inimigos aterrorizava a qualquer um, deixando Alec ainda mais assustado por ter Ayla e sua própria mãe dentro do palácio.

Pelo fato de já ter percorrido um grande trajeto antes da notícia chegar, seu retorno à casa atrasou cerca de duas longas semanas em virtude do tempo que o atrapalhava. E mesmo estando preocupado demais sobre o possível estado de seus entes em casa, Alec estava muito concentrado em como iria punir o reino de Esparta por essa rebelião, em como iria ficar deveras satisfeito no momento em que pudesse vingar suas ações.

Para adiantar sua viagem, em certo momento, Alec foi escoltado por trezentos soldados por terra, já que era uma forma mais rápida de chegar, porém chamava mais atenção também. Portanto, usando a Estrada do Rei, não demorou muito para que os portões do palácio de Midlenton chegassem até seu alcance.

A primeira coisa que notou, é que os poucos soldados que haviam de plantão na entrada do palácio trajavam as vestes de Midlenton, e assim que as bandeiras e estandartes da casa Whithlook foram erguidas no ar, os portões de entrada foram abertos e Alec recebido em casa.

Ele imaginava que com sua demora para retornar, a situação pudesse ter mudado, porém, não tinha ideia que seria para melhor. Assim que seu cavalo foi acolhido pelas muralhas enormes e extensas do palácio, Alec praticamente saltou de sua sela, encarando atentamente todos que o esperavam. Atrás dele, Robert tentava acompanhar seus passos pelo local.

Um círculo de criados e alguns guardas se fechou em torno dele e de seus acompanhantes, os olhos curiosos de todos por avistar a chegada precoce do rei à sua casa. Ele tateou com o olhar por todos os rostos daquele lugar em busca de um par de orbes azuis claras, porém, tudo que encontrou foram rostos e mais rostos irrelevantes para ele no momento.

— Sentido! — bradou a voz grossa de um soldado gritou, fazendo com que todos que ali estava se alinhassem em uma fileira irregular diante da porta do palácio, dando passagem para que alguém passasse.

No meio daquela turbulência, Alec avistou sua mãe caminhando majestosamente entre aquelas pessoas. O cabelo tão loiro quanto o dele estava preso em um coque contornado por um trança, seu vestido em tom claríssimo de rosa arrastava no chão, seguido de um véu fino de mesma cor em uma tonalidade um pouco mais escura que cercava seus braços pálidos em um abraço delicado.

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora