"Apenas o inimigo nunca trai" - Nelson Rodrigues
Derick Windsor:
O silêncio ocupava todo o território que constituía o palácio da Alvorada, naquela fatídica noite até mesmo as criaturas noturnas esconderam-se da grande nuvem negra que parecia se formar sobre a cabeça de todos.
Após o desastroso jantar repleto de indiretas e mensagens subliminares trocadas entre Derick e William, o rei fez o seu ritual noturno que estava sendo perpetuado havia três dias. Ele trancava-se por um tempo indeterminado no gabinete quando a noite caía, ficava lá apenas pelo tempo necessário para que Aysha dormisse, para só então ir aos seus aposentos.
No outro dia, eles se encontravam apenas na sala do trono, onde trocavam apenas as palavras necessárias. Com todo o tempo de casamento, aquela certamente foi a briga mais feia dos dois, ou melhor, a única que tiveram desde a guerra com Ravena. Coincidentemente, ambas aconteceram graças a mesma pessoa.
Ele não estava exatamente com raiva da rainha, na realidade, sentia-se culpado pelo o que falou à ela na última "conversa" que tiveram, ele apenas estava planejando detalhadamente como iriam voltar a se falar novamente, planejando o que iria dizer em específico, para garantir que não voltariam a se atacarem com palavras.
Derick já estava prestes a se levantar para ir ao seu próprio quarto, até que a porta da sala foi aberta, chamando a atenção dele. Ao erguer o olhar na direção, Derick deparou-se com a última pessoa que ele esperava no momento.
Aysha estava parada de costas para a porta, encarando-o, os trajes ainda eram os mesmos do jantar, os cabelos continuavam presos no mesmo coque elegante, e o olhar encontrava-se preso no dele. Após um minuto, ela caminhou em direção a ele, parando alguns passos da mesa, os olhos de ambos ainda presos um no outro.
— Por quanto tempo pretende manter esse jogo de silêncio? — perguntou ela.
Derick a encarou por alguns segundos tentando procurar uma resposta adequada. Ele não recordava exatamente quem começou aquela situação, mas podia jurar que começou no momento em que ela deu as costas e saiu por aquela mesma porta daquele mesmo gabinete.
— Eu não sei! — disse ele, cruzando as mãos em cima da mesa — Por quanto tempo você pretende mantê-lo?
— Nenhum dia mais! — rebateu ela — Para falar a realidade, não sei sequer por qual razão esse jogo começou!
— Acredito que no momento em que sua consciência começou a pesar! — a frase sai no automático, e Derick percebeu apenas quando o disse.
Aysha soltou uma grande quantia de ar, como se estivesse tentando controlar-se para não explodir, enquanto Derick apenas a acompanhava com o olhar, atentamente.
Por um momento, ele achou que ela iria retirar-se da sala, e voltarem ao estado que estavam antes, mas novamente ela virou-se para ele.
— Eu nunca me arrependi da escolha que fiz! — disse ela, encarando-o nos olhos — Não me arrependo de nada que fiz desde que acordei dos mortos. A única coisa que me arrependo no que diz respeito a você, é não ter te escolhido antes!
A mão de Aysha cobriu a dele sobre a mesa, e só então ele percebeu que sentia falta daquilo, que aqueles dias distantes haviam sido sem cor, e que não importava o quão furioso estivesse, Derick jamais seria capaz de irritar-se com ela.
— Me perdoe por ter gritado! — pediu ele — Mas você e Ayla são tudo que tenho. Pelo menos, tudo que importa!
— Eu sei, mas independente do que estiver por vir, temos que aprender a lutar um ao lado do outro, e não um contra o outro! — falou ela.
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Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}
RomanceAyla Windsor, filha da rainha Aysha Vitale e do rei Derick Windsor, teve seu destino traçado desde seu nascimento, onde foi decidido que teria que se casar com Alec Whithlook, filho do melhor amigo de sua mãe. Ayla vai descobrir que a coroa de rainh...