"Não há fatos, apenas interpretações" - Friedrich Nietzsche
Alec Whithlook:
O sol havia surgido mais cedo naquela manhã para o jovem príncipe de Midlenton. Naquele dia em específico ele foi arrancado de sua cama — e consequentemente da companhia de Ayla, que ainda dormia profundamente quando ele saiu — para resolver problemas que haviam surgido repentinamente.
Enquanto seu pai encontrava-se firmemente posicionado no trono da nação, Alec caminhava ao lado dele servindo como lorde chanceler do reino — principalmente para resolver problemas de políticas internas e relações exteriores de nações recém conquistadas. Era um trabalho que ele levava muito sério e costumava seguir ao pé da letra todas as explicações e sugestões de seu pai — mesmo sendo considerado pelos demais como um exímio cumpridor de sua posição.
Alec idolatrava seu pai, para ele jamais poderia superar o rei William após ocorrer a sucessão do trono. Sua infância foi resumida no príncipe com a cara praticamente enfiada nos livros, dedicando cada força de seu ser para agradar ao pai — que por sua vez, dizia constantemente que ele precisava melhorar.
O rei tinha um típico ditado que ele próprio criou: a perfeição não era nada senão o mínimo, principalmente para o futuro rei. Portanto, se Alec quisesse agradar o pai teria que ser um bom rei, e para ser um bom rei precisava ser perfeito. Uma coisa levava a outra.
Após vestir apressadamente seus trajes formais, e acariciar uma última vez as madeixas escuras de Ayla, ele saiu do cômodo, caminhando em direção aos aposentos do rei enquanto mantinha em sua mente todos os comentários de suma importância que ele tinha para levar ao pai.
O rei ficava em um cômodo específico no topo da torre leste do palácio — cômodo esse que ficava longe dos da rainha. Alec tinha lembranças férteis de todas as festas que o pai costumava dar em sua torre, em específico do período em que o rei ainda tinha seu harém de amantes montado.
Alec não gostava da forma como o pai insultava sua mãe daquela forma, mas ainda assim, não queria questionar o rei, afinal, se um homem tão nobre, tão inteligente e tão forte como o pai tinha tantas amantes, estava claro para ele que não era, no fim das contas, algo tão anormal assim.
Essa era uma das regras do rei para a sua família, obediência acima de tudo e qualquer coisa. Não importa o que seja, o rei era o poder supremo, o topo da pirâmide hierárquica social, portanto, o que ele fala é lei.
Assim que chegou a porta de seu pai, crente que ele estaria acordado, Alec empurrou a mesma sem bater, tendo uma visão panorâmica do cômodo. A atenção dele estava fixa na grande cama de dossel, que era ocupada por William e uma jovem de cabelos castanhos com metade da sua idade que estavam deitados de lado, encarando um ao outro.
Sem pensar duas vezes, Alec pigarreou chamando a atenção de William que ao notá-lo no cômodo abriu o sorriso constrangido para o filho.
— Filho, você me pegou em má hora! — William disse, sorrindo enquanto se levantava para pegar o um roupão de cetim e cobrir o próprio corpo.
— Tem certeza que foi no sentido literal da palavra? — Alec perguntou ironicamente.
William sorria, enquanto terminava de cobrir-se rapidamente. Enquanto isso, a mulher que Alec reconhecia ser uma das damas de sua mãe — que claramente havia ganhado uma subida de cargo — que cobria-se improvisadamente para logo em seguida passar pelo príncipe em direção a porta.
Nesse meio tempo, William caminhou até uma farta cesta de frutas que estava depositada sobre uma mesa de canto, levando um morango vermelho até os lábios enquanto esperava o filho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}
RomansaAyla Windsor, filha da rainha Aysha Vitale e do rei Derick Windsor, teve seu destino traçado desde seu nascimento, onde foi decidido que teria que se casar com Alec Whithlook, filho do melhor amigo de sua mãe. Ayla vai descobrir que a coroa de rainh...