08- Festival de Outono

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"O que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem" - Shakespeare 

Ayla Windsor:

A noite que seguiu a festa de boas vindas de Ayla e sua família foi um tanto quanto conturbada. Ela não recordava ter passado uma noite tão mal dormida como aquela. Quando não eram os sons vindo do lado de fora, eram os murmúrios dos soldados fazendo comentários imorais a respeito das damas que frequentavam a festa. De toda maneira, ela só conseguiu dormir quando o sol já estava prestes a nascer.

Ayla foi acordada poucas horas depois, sendo avisada que o festival de outono — uma festividade típica de Midlenton realizada com o intuito de comemorar o trabalho árduo dos camponeses, sendo este o único momento em que a população mais humilde era lembrada — e a julgar pelos risos que eram ouvidos pela janela de Ayla, ela já estava atrasada.

Ela optou por se aprontar sozinha, vestindo um vestido branco de mangas compridas, libertando seus cabelos do coque formal — tradicional das mulheres de Midlenton — e logo em seguida saiu, em direção ao lado de fora do palácio, onde as comemorações ocorrem.

Havia muitas tendas decorativas no ambientes, rosas vermelhas — que por sinal, eram as favoritas de Ayla — eram usadas na decoração misturadas a outros tons de cores. As crianças dos nobres brincavam, correndo e dançando ao som da música. As ladies mais velhas — filhas dos nobres na idade de se casarem — andavam em grupo cochichando e rindo ao vento.

No momento em que misturou-se aos demais, Ayla sentia como se todos olhassem para ela e aquilo estava começando a incomodá-la. Ela estava acostumada a receber atenção, mas os olhares que lhe eram lançados eram de interrogação, como se estivessem estudando-a. Provavelmente, queria saber se ela era o suficiente para ser sua rainha.

Ela só queria encontrar sua família, e algo lhe dizia que se encontrasse a família real de Midlenton encontraria seus pais. Desde sua chegada, ela não os viu mais, pois estava sempre sendo cercada por pessoas que faziam-na perguntas insignificantes, assim como era apresentada a pessoas que ela realmente não estava interessada em conhecer.

Ela não ligava para essa atenção sufocante que lhe era lançada, nem para a riqueza ostentada pela família Whithlook, nem muito menos se era ou não boa o suficiente para ser rainha de Midlenton. Ela só queria ir para casa, para a casa dela. Longe daquelas pessoas, longe de tudo aquilo.

Em meio a sua trajetória, Ayla deparou-se com mais um grupo de jovens criancinhas — em suma maioria meninas — que brincavam por entre a multidão. Porém, uma garotinha de pele escura e cabelos encaracolados estava sozinha em uma canto. Seu olhar era direcionado para outra roda de cinco meninas que brincavam.

Ayla silenciosamente aproximou-se da garotinha que mal notou quando a jovem sentou-se ao lado dela na grama verde, sem importar-se com qual seria a reação das pessoas ao notar aquela atitude.

— Por que não vai brincar com elas? — Ayla perguntou gentilmente — Tenho certeza que elas irão amar conhecê-la!

A garotinha pareceu meio receosa em olhar para Ayla, até que de fato a respondeu.

— E se não gostarem de mim? — perguntou ela, a voz dando indícios de tristeza.

— Acho difícil de acreditar que isto aconteça! — disse Ayla, abrindo um sorriso — Mas caso por alguma razão isso aconteça, elas estarão perdendo uma amiga maravilhosa!

A menina olhou para Ayla, um grande sorriso branco surgindo nos lábios. Ela estendeu uma coroa de rosas vermelhas para Ayla, que por sua vez curvou levemente a cabeça para que a garotinha colocasse o acessório — muito parecido com o que as demais mulheres usavam — em sua cabeça.

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora