38- A última facada

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"O mais triste de uma traição é que ela nunca vem de um inimigo" - Autor desconhecido

Ayla Windsor:

Ao nascer do dia, o palácio estava mergulhado em corpos de homens mortos para onde quer que se olhasse. Como o presumido, o veneno que Maysie colocou na comida dos soldados casou uma chacina lá embaixo, fora todos os lordes importantes e alguns soldados que estavam mortos dentro da sala de jantar real. O caos estava espalhado por toda a parte.

Com a ajuda de Maysie que a encontrou no gabinete do rei, Ayla foi levada para o seu quarto onde Christopher — que durante a noite foi mantido preso nas celas do palácio — foi levado até ela. Sua pele estava mais pálida do que nunca, os olhos azuis como os de seus pais estavam opacos e sem vida, e o seu corpo todo parecia ter sido congelado de dentro para fora.

Por recomendações do médico, Ayla foi enfiada em uma banheira de água quente na tentativa de subir sua temperatura, porém, assim que os pés da rainha tocaram a água para entrar na banheira de madeira, a água teve sua temperatura reduzida instantaneamente.

Todos encaravam-na abismada, naquele momento, era como se ela já não tivesse mais domínio sobre as forças sobrenaturais que se apossaram de seu corpo. Aos olhos de todos, era como se Ayla tivesse transformado-se na personificação da própria Despina — filha de Deméter e Poseidon, e irmã de Perséfone.

E mesmo com a baixa temperatura, Ayla não parecia sentir frio, afinal, qualquer um que usasse o vestido de tecido fino de verão como o que ela usava estaria tremendo e abraçando o próprio corpo para tentar se aquecer. Mas pelo contrário, ela estava calmamente sentada em uma poltrona em seus aposentos, enquanto encarava a parede de seu quarto, deixando os demais ainda mais assustados.

Havia algo estranho rondando sua mente, ela sabia que estava viva — afinal, respirava — mas não sentia necessariamente a vida soprando sua pele. Ela sentia o poder gélido percorrendo suas veias enquanto buscava em sua mente a origem desse poder.

Sangue do meu sangue. Foi assim que a voz fantasmagórica referiu-se a ela. Ravenna, foi o nome que Charlotte entregou à Ayla, o nome de sua tia-avó, o nome da tia de sua mãe, a mesma mulher que possuía a habilidade de controlar as forças demoníacas. De certa forma, Ayla poderia entender o que se passava consigo mesma.

— Maysie! — a rainha chamou, virando o rosto para encarar sua amiga — Chame uma criada, quero enviar uma carta a Alec!

Maysie encarou o Dr. Christopher, a expressão preocupada e assustada sendo acompanhada da cumplicidade entre ambos.

— Maysie, você sabe de algo que eu ainda não sei? — Ayla perguntou, a voz um pouco mais baixa do que antes — Alec já está sabendo do que ocorreu, ele está vindo?

Em resposta, Maysie apenas caminhou em direção à rainha, entregando-na em mãos uma carta antes fechada cujo lacre no momento encontrava-se rompido. O sinete de cera vermelha estava partido ao meio, porém, ainda era possível identificar o símbolo da águia de asas abertas.

Ayla abriu o papel, revelando uma carta escrita com a caligrafia cursiva perfeitamente por Alec. No topo do papel, uma inscrição da data — exatos cinco dias antes, na uma noite antes do baile de despedida — um pouco abaixo da data, o nome de Ayla foi escrito como destinatário.

Desesperada, Ayla começou a deslizar seus olhos por cima das letras, lendo atentamente tudo que lhe era destinado, porém, alguns parágrafos lhe chamavam mais atenção do que outros:

"Não sei em que circunstâncias você encontrará esta carta, mas temo que não irá demorar a descobrir uma parte não anunciada de minha viagem. Os lordes do Senado temem que a expansão do poder da Corte da Lua e Martin possam de alguma forma interferir no governo de Midlenton, em virtude disso, estarei fazendo uma rota secundária pelo oceano com alguns dos meus navios para Martin, planejando uma chegada surpresa ao país. Sei que me odiará quando descobrir isso, mas no fundo espero que possa perdoar-me em seu coração principalmente considerando a instabilidade do poder de Midlenton. Tudo que fiz e faço é visando assegurar nossa segurança política".

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora