29- Nos braços da morte

83 6 0
                                    

"A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais" - Epicuro.

Ayla Windsor:

Já se passavam altas horas da noite quando Ayla finalmente chegou ao seu quarto, o palácio estava imerso em um silêncio ensurdecedor com nada além do vento uivando em cada corredor escuro. Ela encontrava-se fechando uma carta que seria enviada por uma coruja mensageira treinada para chegar até as mãos de sua mãe, em Martin.

Ayla cautelosamente derretia ela própria a cera diante das velas do candelabro, logo em seguida, ela deixou que a mesma pingasse sobre a folha de papel amarelada antes de pressionar levemente o sinete sobre a cera, desta forma, fazendo que a silhueta dividida do lobo da casa Windsor com a fênix da casa Vitale ficassem marcados na cera.

Desde que conquistou a capacidade de escrever cartas, Ayla adotou ambos os símbolos das famílias para seu selo, fazendo com que sua dinastia ganhasse o nome Vitale-Windsor. Porém, ela era totalmente ciente de que o patriarcado de sua época referia-se a ela unicamente como uma Windsor, excluindo o sobrenome de sua mãe.

Após lacrar definitivamente a carta, a jovem levantou-se em direção a coruja que estava descansando sobre sua mesa. A bela ave foi treinada durante tempos e mais tempos até conseguir entregar uma mensagem em seu destino, Ayla a viu como uma saída de conseguir se comunicar com sua família sem enviar um mensageiro em virtude da doença.

Ela amarrou a carta com um fino cordão de tecido à perna da ave, logo em seguida, colocou-a em seu braço, sentido as unhas da coruja ao redor de seu pulso, e assim que abriu a porta da grande varanda em seu quarto, a ave alada abriu suas asas e partiu, misturando o branco neve de suas penas à escuridão da noite.

Com mais essa tarefa concluída, Ayla foi em direção ao quarto de vestir — uma porta separada de seu quarto onde costumava trocar de roupa — enquanto lutava para se livrar do longo e pesado vestido, Ayla sentiu uma estranha onda de perigo no ar, principalmente ao ter a impressão de ter ouvido a porta do quarto ser aberta.

Nos último dias ela não vinha se sentindo muito bem, com todos os estragos causados pela peste de nome e origem desconhecida, além é claro de seus problemas pessoais, ela vinha sendo perseguida por uma estranha onda de desconfiança mesclado ao medo, seu corpo encontrava-se constantemente com uma temperatura abaixo do normal, fazendo com que seus dedos ficassem mais brancos e até mesmo o tom de seus cabelos parecia ter ganhado uma coloração ainda mais intensa.

Ademais, todos esses sintomas se intensificaram ainda mais quando ela se encontrava carregada por sentimentos e emoções muito fortes, como tristeza, medo e raiva, principalmente a raiva. Ela queria acreditar que tudo não passava de um mal entendido, mas tinha sua consciência em estado de maior tranquilidade ao perceber que seja lá com que doença ela estivesse, certamente não era a peste.

Após livrar-se do longo vestido, Ayla empenhou-se em desamarrar às cegas os nós de seu espartilho e quando deu a missão por finalizada ela agarrou o robe branco de cetim que estava por ali, porém, mais um barulho foi ouvido lá de fora. Ayla olhou para a porta, e por um segundo ela pôde jurar que viu uma estranha sombra passando pela fresta.

Estranhando o ato, e mesmo abalada pelo medo, ela enrolou-se no tecido de cetim e começou a caminhar em direção a porta. Ayla encostou o ouvido à porta e ela temeu estar enlouquecendo, já que o silêncio foi a única coisa que ouviu, porém, nem mesmo isso foi o suficiente para tranquilizá-la. Ela pegou um candelabro aceso que usou anteriormente para iluminar sua troca de roupa.

Lentamente, ela abriu a porta, tendo novamente a visão do cômodo meio iluminado que costumava dormir, e a passos lentos ela começou a andar por ele — ainda com o grande candelabro prateado iluminando seu caminho — a cada passo que dava, a sensação de estar sendo observada e em perigo persistia e seu corpo e por um minuto ela achou que realmente estivesse sozinha, porém, ela voltou ao seu estado anterior ao ouvir uma tosse seca penetrar o silêncio de seu quarto.

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora