32- Confissões

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"Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das suas consequências" - Pablo Neruda

Alec Whithlook:

Pela primeira vez após meses, Alec poderia ter uma noite tranquila. Dr Christopher o informou recentemente que os testes que andou fazendo com misturas de carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio resultou em uma espécie de antídoto para a doença. Ele pôde assistir pessoalmente quando o médico lançou sobre as pulgas contaminadas a misturas transformando-as em meros parasitas inofensivos ao povo novamente — como deveria ser desde o princípio.

Aproveitando dessa breve paz que ele ganhou com a provável imunização da população, Alec manteve o foco em seus planos secundários políticos. Nos últimos dias, o Senado — o grupo de lordes que antes eram chamados de Conselho — estava fazendo uma grande pressão sobre os ombros do rei, exigindo a criação de uma nova forma política de governo.

Porém, Alec já tinha um plano em mente. Seu pai, William I, foi o homem que conseguiu unir a igreja — representada pelo o Sacerdote e o Sumo Sacerdote dos deuses — foi ele que estabeleceu uma hierarquia organizada onde apenas o Sumo Sacerdote ficava acima do rei e, consequentemente, ficava intocável às decisões do rei. Contudo, ele estava decidido a mudar.

Em suas mãos, Alec relia a carta que tinha acabado de escrever. Nela, ele assegurava em detalhes como funcionaria a estrutura governamental daquele dia em diante. Mas Alec também sabia que corria um grande risco de perder totalmente o apoio eclisiástico — principalmente após o episódio de sua coroação, quando ao depositar a coroa em sua própria cabeça, Alec foi extremamente criticado.

Ale teve sua atenção desviada quando a porta foi aberta por uma serva, que assim que o encarou fez uma reverência, fixando seu olhar no chão pedra do lugar.

— Majestade, perdoe-me interrompê-lo! — disse a mulher — Mas Lady Dayene está solicitando sua companhia. Ela implora, na realidade!

— Não poderei, diga a ela que.... — a criada o interrompeu durante sua fala.

— Majestade, ela está morrendo! — a criada o informou.

Imediatamente, Alec se colocou de pé, não se importando em olhar onde cairia sua cadeira. Ele não via Dayene havia exatos três dias, estava ocupado demais assistindo de perto a criação de uma hipotética cura para a Peste Negra, e de repente, ele recebe a notícia de que ela estava morrendo.

— Como assim, morrendo?

— Alguma enfermidade a atacou, está sofrendo uma hemorragia interna, o médico da rainha a visitou e disse que não há nada que se possa fazer! — ela falou. — Ela disse que tem algo a lhe dizer!

Alec começou imediatamente a caminhar, passando pela criada que ainda estava parada ao pé da porta do gabinete. Ele sabia decorado o caminho para o quarto da mulher que desde sua chegada vinha lhe causando problemas.

Nos últimos dias, ele vinha pensando avidamente sobre o que faria com Dayene já que ela claramente esperava poder reatar qualquer resquício de um relacionamento passado dos dois. Ele planejava estruturar a vida dela para poder finalmente ter paz com Ayla, porém, o mundo claramente não contava com isso.

Ao abrir a porta do cômodo, Alec teve uma visão desesperadora. A mulher ruiva cujos o rosto possuía uma beleza natural estava definhando sobre uma cama. Os cabelos ruivos estavam opacos e sem vida, o rosto contava uma olheira profunda, ao seu lado um balde metalizado cheio de vômito misturado a grandes poças de sangue — sem contar algumas gotículas que restavam no canto de sua boca. Ao seu lado, Christopher media seu pulso com os dedos, enquanto fazia uma expressão nada agradável.

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora