"Lágrimas não são argumentos" - Machado de Assis
Ayla Windsor:
Após a saída de Robert, só restaram apenas Ayla e Alec na sala novamente, porém, a memória da ossada da jovem menininha de sete anos ainda estava viva em sua mente. Os dois estavam parados um de frente para o outro, apenas encarando-se, porém, a cara de Ayla já declarava sua opinião.
— Alec, não pode fazer isso! — disse ela — Não pode matar um dragão, e com uma besta ainda por cima!
— Não é uma simples besta — disse ele — Ela está guardada há anos, meu avô mandou fazê-la justamente para esse propósito. Ela é maior do que essa sala, suas flechas são feitas de uma mistura perfeita de cobre e prata!
Ayla estava procurando palavras para convencê-lo a mudar de ideia. Alec parecia exausto aos olhos dela, parecia que não dormia há noites, era como se estivesse sendo consumido aos poucos pelo reino.
— Alec já pensou que talvez possa ter uma outra explicativa? — ela sugeriu aproximando-se dele para ficar ao seu lado. — Se você permitir, eu posso cuidar disso !
Ayla acomodou-se ao lado dele, ela de pé e ele sentado em seu assento atrás da mesa do gabinete. Lentamente, Ayla encostou a palma de sua mão no lado direito do rosto de Alec, causando um encontro de temperaturas entre as peles, o quente da mão dela e o frio da pele dele. Seus dedos fizeram uma breve carícia na epiderme pálida do homem diante dela, que por sua vez aproveitou para fechar os olhos apenas aproveitando o momento.
— Eu sei que está cansado, então me deixe tomar conta desse problema para você! — ela falou, enquanto o observava ainda de olhos fechados como se estivesse bem próximo de dormir — Eu sei dos casos alarmantes da doença.
— Na realidade, está virando uma espécie de epidemia! — disse Alec — Um vilarejo inteiro próximo ao porto dos barcos, há pessoas doentes por toda a parte, alguns médicos que foram enviados desprevenidos foram contaminados. Está descontrolado!
A expressão assustada no rosto de Ayla foi impossível de ser contida. Ela não esperava que em seu primeiro ano de reinado seria responsável por lidar com uma doença tão alarmante, e principalmente, estava ficando com medo pela população, pelo número de mortos que teria.
— Por isso mesmo, nós somos rei e rainha agora, temos que aprender a confiar um no outro! — disse ela, ainda na mesma posição.
— Seria tão fácil! — disse ele, com os olhos fechados e uma das mãos segurando a mão de Ayla que continuava em seu rosto.
Seus lábios vez ou outra deixavam beijos na palma da mão dela. Ele parecia travar uma batalha interna consigo mesmo, entre o que queria e o que devia. A mão esquerda de Alec fechou-se no pulso de Ayla, como se temesse que ela fosse embora.
De repente, ele abriu os olhos, como se despertasse de um encanto recém quebrado, e afastou-se do contato dela.
— Ele disse que você faria isso! — sussurrou ele, como se não quisesse que ela ouvisse.
— Quem disse? — perguntou Ayla, o encarando sem entender — Quem falou sobre mim?
Ayla estava analisando aquela sentença proferida por Alec. "Ele disse", a frase referia-se a um pronome masculino, logo, ela descartaria a ideia de Catherine está manipulando o filho contra ela, o que a fez pensar sobre Robert, que parecia estranhamente interessado no governo do primo de segundo grau — principalmente se levar em consideração o fato de ter chegado durante o velório do pai de Alec — porém, toda e qualquer alternativa foi anulada após Ayla recordar de uma pessoa em específico cuja opinião sempre foi de grande valor para Alec.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}
RomanceAyla Windsor, filha da rainha Aysha Vitale e do rei Derick Windsor, teve seu destino traçado desde seu nascimento, onde foi decidido que teria que se casar com Alec Whithlook, filho do melhor amigo de sua mãe. Ayla vai descobrir que a coroa de rainh...