"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada" - Clarice Lispector
Ayla Windsor:
Após um dia inteiro tentando concentrar os impactos causados pela Batalha da Campina — como assim ficou o combate entre Martin e Midlenton — o corpo de Alec foi colocado em um caixão de vidro, banhado em substâncias extraídas de plantas para conservar o corpo até chegar em Midlenton. O corpo seria levado pelo restante dos soldados da Companhia Negra, que também ficariam encarregados de entregar o testamento escrito por Alec.
Neste meio tempo, com a transferência do poder de Alec para Charlotte, ela também iria retornar para casa com o objetivo de estabelecer o reino em seu lugar. Tendo isso em vista, a jovem também estava preparando-se para partir junto ao corpo desprovido de vida do sobrinho.
— Pela terceira vez desde que nos conhecemos, estamos nos despedindo! — disse Charlotte, falando à amiga.
Ayla estava concentrada em encarar uma última vez o rosto de Alec — mesmo que morto — antes que seu corpo fosse trancado definitivamente na cripta de Midlenton. Sabendo disso, ela decidiu que iria tentar guardar o máximo que pudesse dele, sua voz, o dourado dos cabelos, até mesmo o brilho dos olhos. Cada característica que ela conseguisse, ela guardaria dele.
Ela nunca pensou que um dia iria arrepender-se tanto de não ter vivido. Talvez se ela tivesse desfrutado mais da companhia dele, talvez se tivesse falado mais ao invés de gritar mais, ou mesmo se tivesse acostumado-se com o jeito obcecado dele, ele pudesse estar vivo, ou melhor, ela não o teria matado.
O arrependimento dói, pois ele queima como brasa, queima até mesmo a rainha do gelo — pensou ela.
— Você vai ficar bem? — perguntou Charlotte, insistindo em falar com a amiga.
— Vou!
Ayla a escutava, mas não queria respondê-la, porém, ela sabia que o momento havia chegado. Ela olhou uma última vez para o cadáver em seu caixão, e um última vez, ela tocou a ponta dos dedos sobre seu rosto, despedindo-se do corpo do falecido marido. Com um gesto, ela indicou para os soldados selarem o caixão com a tampa de madeira, fazendo com que a visão do corpo sumisse aos poucos até finalmente desaparecer.
Quando finalmente encarou o rosto de Charlotte, notou a roupa de montaria que ela vestia. O cabelo loiro estava preso em uma trança de lado apertada que estava jogada sobre o ombro direito.
— Os soldados irão levar em segurança o corpo dele até Midlenton! — explicou Charlotte — Catherine irá recebê-lo lá!
— E você, não irá retornar para casa? — perguntou Ayla.
— Primeiro irei à Chamaviva, recebi informações de que Khaos está sobrevoando as antigas crateras dos vulcões! — disse Charlotte.
O dragão havia sumido há meses, e desde então Ayla não havia recebido nenhuma informação a respeito do caso, por isso, apenas aceitou os fatos que a amiga lhe dizia.
— E você, o que fará? — Charlotte perguntou.
— Irei para a Corte da Lua, minha carruagem está me esperando! — ela explicou — O frio me fará bem!
Charlotte a encarou, notando claramente a diferença no comportamento da amiga. Ayla não chorou mais, pelo menos, não que ninguém tenha visto. Na verdade, ela aparentava estar lidando muito bem com a situação.
Sabendo o que a esperava ao chegar na corte da lua. Ayla vestiu um longo vestido branco com o corpete mais estruturado que era preenchido por figuras de arabescos de strass na cor azulada que desciam até a altura de suas costas, seguindo por uma saia mais aberta. Uma longa faixa de tecidos cobria toda a extensão dos seus ombros até a barra do vestido, partindo a princípio dos ombros, como se fosse uma longa capa branca.
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Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}
RomanceAyla Windsor, filha da rainha Aysha Vitale e do rei Derick Windsor, teve seu destino traçado desde seu nascimento, onde foi decidido que teria que se casar com Alec Whithlook, filho do melhor amigo de sua mãe. Ayla vai descobrir que a coroa de rainh...