23- Traídas

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"A inveja é uma declaração de inferioridade" - Napoleão Bonaparte

Ayla Windsor:

O ambiente da corte se encontrava coberto de tensão e nervosismo, talvez mais do que nunca. Naquela manhã em específico estava tudo correndo às pressas para o evento da tarde, onde Khaos seria "executado" — Ayla ainda se perguntava se seria de fato possível ferir um dragão — as bestas já estavam posicionadas para no momento em que a criatura fosse atraída para fora ainda presa em correntes gigantes feita de um compilado entre ferro, ouro e cobre, além de ter o interior feito com diamante — o minério mais resistente encontrado na natureza — olhando por este perspectiva, para Ayla, seria impossível não acertar.

Uma besta com um tamanho aproximado de quase dois homens adultos estava posicionada na entrada da caverna, onde a criatura estava. O corpo da arma era feita como das tradicionais, de madeira, porém, suas flechas eram de um tamanho proporcional à besta, porém, eram inteiramente feitas cobre e prata, e nas últimas horas, os ferreiros do rei foram convocados para colocar mais uma dupla camada de ferro sobre a anterior, além de terem suas pontas afiadas. Estava tudo pronto.

Porém, enquanto via todo aquele movimento do alto da varanda de seu quarto, a única coisa que Ayla conseguia pensar era em Charlotte, que desde que a sentença foi dada não voltou a cruzar seu caminho com Ayla. Contudo, Ayla a conhecia muito bem, sabia que ela não cairia sem lutar, e na realidade, Charlotte era audaciosa o suficiente para fingir derrota enquanto tramava um plano.

Pensando nisso, Ayla caminhou em direção ao lado leste do palácio, onde o quarto de Charlotte ficava, e deparou-se com uma porta fechada e sem nenhum guarda para vigiá-la. Mesmo sem bater, Ayla abriu a porta do cômodo, tendo uma vista bem iluminada pela luz que adentrava pela janela aberta.

O cômodo era tão elegante quanto os demais do palácio. A cama de dossel coberta por tecidos caros e finos era o centro das atenções, somada aos demais móveis espalhados pelo quarto, as tapeçarias penduradas nas paredes, e a mesa de canto onde uma jarra de vinho descansava acompanhada de taças.

Porém, o ponto de destaque do local, era Charlotte, que encontrava-se deitada sobre o divã de cor branca que foi arrastado para perto da janela. Em suas mãos, ela segurava elegantemente uma taça de vinho, apenas observando a vista panorâmica que a janela lhe oferecia. Enquanto isso, uma criada apenas esperava as suas costas o momento em que ela iria ordenar que mais do liquido rubro e amargo fosse despejado em sua taça.

— Você parece estar lidando muito bem com a situação! — disse Ayla, enquanto observava a cena.

— É o que eu faço, eu contorno a situação, suporto a rainha mãe e bebo! — disse ela, terminando de secar sua taça.

— E como você está com tudo isso? — Ayla perguntou.

— Tirando o fato de que me encontro trancada entre essas quatro paredes pelo meu próprio sobrinho e sua mãe demoníaca enquanto assisto a única coisa que conquistei em minha vida ser tirada de mim, eu estou ótima! — disse ela, esticando o braço para que a criada enchesse a taça com mais vinho.

Ayla achava intrigante a maneira como Charlotte lidava atualmente com as coisas. De acordo com os relatos que sua mãe contou na infância, ela um dia foi tão gentil e delicada como qualquer outra das jovens que vivem nesta corte. No tempo presente, a Whithlook mais parece uma lâmina forjada ao fogo de tão afiada, sua postura era mais séria, suas respostas mais ásperas, se em algum momento ela foi uma jovem princesa convencional, isso certamente foi há muitos e muitos anos atrás.

É impressionante como o tempo e a realeza podem mudar as pessoas — pensou Ayla.

— Traga-me um outro vinho, este está me enjoando! — ordenou Charlotte, indicando a porta para a criada.

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora