1- Algumas histórias vão muito além do "para sempre"

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"Que tempos são esses onde temos que defender o óbvio?" - Bertolt Brecht 

Ayla Windsor:

O reino de Martin abusava da extensa primavera que se aproximava novamente, os campos estavam verdes e floridos como nunca, o que fazia com que a nobre Ayla ficasse encantada, como se fosse a primeira primavera que ela via em sua vida.

Jovem, bela e inteligente eram apenas alguns dos adjetivos que a herdeira das duas nações mais poderosas da terra recebia. Ayla era a mistura perfeita das características dos pais, havia aqueles que diziam que ela era a versão melhor ainda dos dois. Tinha a beleza da mãe, a astúcia do pai, a autoridade e o empoderamento da mãe, assim como a determinação do pai. Em resumo, ela era a mais perfeita representação do equilíbrio entre ambos e ela se orgulhava disso.

Ninguém admirou-se quando começaram a chover pretendentes para a nobre princesa, duques, marquês até mesmo um representante político do rei de um outro continente distante apresentou-se em carta suplicando praticamente a mão da jovem. E sem sequer cogitar explicar-se, Ayla sempre negou a todos, independente de quem fosse.

Ela sempre ouviu histórias a respeito de mulheres empoderadas e poderosas que optaram por trilhar seus próprios caminhos sozinhas, sua mãe mesmo foi uma delas durante muitos tempo, mas mesmo quando casou-se com seu pai continuou a mesma mulher que as histórias narram.

Ela queria aquilo para si, e de certa forma era compreensível, afinal, por que ela, herdeira legítima da Corte da Lua e do trono de Martin, iria precisar de um casamento por aliança?

Ela não sabia o que o destino reservava para ela, e iria deixar que ele decidisse como seria a vida amorosa dela. Ayla não estava fazendo planos para um casamento, mas quem sabe se a pessoa certa aparecesse ela não aceitaria. Mas ela não queria qualquer pessoa, ela queria alguém que fosse ideal para ela, ideal para que ela pudesse ter um casamento como o de seus pais.

Mas enquanto esse dia não chegasse, Ayla permaneceria ali, correndo a cavalo pelos campos de Martin, com nada além do horizonte para limitar suas decisões, para ela, era uma ótima maneira de viver por um bom período de tempo.

Ao perceber que o animal já estava cansado demais para continuar sua trajetória, Ayla retornou para a campina florida de Martin, onde Maysie — sua dama de companhia e melhor amiga — a esperava no mesmo lugar de antes.

Maysie Williams era sua melhor amiga desde quando Ayla nasceu, inclusive ela não tinha lembranças de um momento sequer de sua vida em que ela não esteve ao seu lado. Ambas serviam como um grande apoio emocional uma para a outra. A jovem Williams sofria constantemente com o fato de não ser exatamente uma lady exemplar para todos da corte, seu grande objetivo de vida na realidade era ser uma cavaleira. Ela trocaria facilmente os longos vestidos de baile por uma armadura prateada.

Assim que Ayla desceu de seu cavalo, deparou-se com a amiga à sua espera. Os cabelos tão escuros como os de Ayla estavam meio presos atrás de sua cabeça, evitando que os fios voassem para seu rosto.

— Achei que teria que ir ao seu encontro pessoalmente! — disse Maysie, sorrindo grandemente para sua amiga

— Não é como se você fosse conseguir me acompanhar! — rebateu Ayla, sorrindo em resposta para ela.

Ayla notou que nas mão da jovem havia um envelope fechado que estava praticamente esticado na direção dela. Ao notar o foco da jovem, Maysie estendeu para ela o envelope, entregando-o em suas mãos.

— Isto chegou para seus pais, consegui interditá-lo antes que chegasse até eles!

Desde os últimos pedidos de casamento, Ayla encarregou sua amiga de averiguar cada correspondência que chegasse para eles, ela tentava de todas as maneiras possíveis descobrir sobre o que se tratava o assunto sem chegar de fato a violar o selo. Com aquela não seria diferente.

Assim que pegou o envelope, seus olhos caíram sobre o selo que fechava a carta, este que continha um desenho bem contornado de uma águia de braços abertos. Em suas aulas formais de História, Ayla conheceu cada símbolo, lema e história de todas as grandes famílias que já tiveram alguma influência sobre o mundo, logo, ela sabia perfeitamente a quem pertencia aquele símbolo.

Família Whithlook, as belas águias da montanha. Atualmente encontrava-se com o poder centralizado em um grande império que se estendia pela costa do Mar Negro, mas sua sede encontrava-se em Midlenton, que não ficava muito longe de Martin.

William I Whithlook, senhor do Ninho da Águia — como assim muitos se referiam ao palácio onde a família real vivia — o melhor amigo de longa data da mãe de Ayla, que durante a batalha contra Ravena tentou cortejar a nobre rainha Aysha, porém, como todos sabem, Aysha Vitale casou-se com Derick Windsor, e não muito tempo depois, o próprio William casou-se com uma outra mulher, Catherine Thudor, uma lady herdeira de uma família importante.

A julgar por tudo que sabia, Ayla não via nada que pudesse atingi-la naquela carta, pelo menos, nada que ela soubesse, portanto, decidiu de imediato entregar a carta aos pais, mesmo sem sequer tentar decifrar o que estava escrito entrelinhas.

— Maysie, acompanhe-me até o gabinete do rei! 

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora