16- Cemitério em chamas

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"Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais" - Sócrates 

Ayla Windsor: 

Ayla perdeu a conta de há quantos dias encontrava-se imersa em um campo de batalha dentro da corte, campo esse que ela sequer notou o momento em que entrou. Os últimos dias foram marcados por silêncios desconfortáveis entre ela e Alec, provocações inquietantes de Dayene, sorrisos de vitória de Catherine e demais situações semelhantes. Assim ela seguiu, vivendo constantemente naquele pesadelo, noite após noite, enquanto perguntava-se até quando ela iria aguentar.

Estava cansada de cruzar com Dayene e seu batalhão de amigas e ser atacada com risinhos contidos de claro deboche, aquilo estava a tirando do sério, ela não lembrava se em algum momento de sua vida chegou a odiar alguém como naquele momento detestava Dayene. Sua existência, a maneira como ela parecia testar o limite da nobre, tudo nela a incomodava, mas principalmente o fato da chegada "repentina" dela ter sido o suficiente para arrancar-lhe a paz.

Desde a última "conversa" com Alec, Ayla sentia como se ele estivesse constantemente buscando palavras para convocá-la, como se buscasse sempre um pretexto para falar com ela. Talvez sua mente estivesse o culpando pela maneira como a tratou, mas de toda maneira, seu ego não lhe permitia falar diretamente com ela, o mesmo ocorria com ela.

Naquela tarde, Ayla encontrava-se com um estranho desejo de realizar mudanças naquela corte caótica — isso somava-se ao fato dela precisar desesperadamente de uma ocupação para sua mente — por isso, decidiu que queria ajudar a população visando a preparação de um futuro para ele e sabia exatamente por onde começar.

Ayla dirigiu-se à grande biblioteca do rei, permitindo-se deslizar os olhos pelas estantes enquanto contava mentalmente quantos livros seriam necessários para catequizar todas as crianças das várias aldeias e vilas existentes no reino. Ela sabia que poucos eram os camponeses que sabiam ler e escrever, então achava que se quisesse iniciar uma revolução no estado daquelas pessoas, a educação era o primeiro passo a se seguir.

Ela sabia que não podia simplesmente arrancar os livros da biblioteca do rei, então tinha em mente que precisava pedir uma audiência particular com o grande rei William, assim como sabia onde precisava ir para isso acontecer.

Seus pés deslizavam apressadamente em um baque abafado que ecoava por entre as paredes de pedra daquele lugar, os criados que por ela passavam paravam alguns minutos para curvarem-se em um reverência educada diante de sua superior, e mesmo no início do corredor, Ayla conseguia avistar a porta dos aposentos do rei que era vigiada pelos e olhos e espada de um soldado prontamente de guarda.

— Poderia solicitar uma audiência com o rei? — perguntou Ayla educadamente.

— Lamento, alteza, o rei encontra-se em audiência! — disse o guarda.

— Na sala do trono ou em seu gabinete? — questionou Ayla

— Acredito que na sala do trono, alteza! — rebateu o guarda.

Ayla apenas assentiu em concordância. Desde que colocou seus pés na corte, percebeu que o rei e a rainha não ficam juntos por muito tempo, a não ser é claro em situações extremamente formais, o que lhe servia como uma carta na manga no momento. Ayla sabia que não podia contar com o apoio da rainha, por isso, deveria usar a separação dela e do rei ao seu favor.

Foi pensando nisso que caminhou tranquilamente em direção à sala do trono mudando — novamente — sua trajetória, porém, foi barrada novamente por uma série de guardas fielmente armados na entrada do grande salão onde descansavam os tronos. A luxuosa porta ornamentada por arcos desenhados minuciosamente era ofuscada pelo impacto dos homens à sua frente.

Um príncipe para lady Ayla (Livro II) {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora