Capítulo 14

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Eu não conseguia dormir, chorando sem parar. Chorando de medo do meu pai me odiar para sempre, chorando pelo fato de ter um filho antes de ter um diploma da faculdade, e o principal de tudo era o medo de Ray James não assumir o meu filho. Meu filho! Eu ainda não acreditava que estava grávida. Parecia que depois do desmaio no vestiário eu passei a viver em uma realidade paralela.

Por mais que eu tentasse calar meus soluços, a madrugada silenciosa fazia eles parecerem mais altos que a confusão que estava na minha mente.

— Vá dormir! Não ouviu o que a médica orientou sobre dormir bem? — Meu pai comentou bravo parado na porta, me assustando. Ao ver ele ali, com o semblante tão visivelmente decepcionado comigo, acabei chorando mais.

— Me perdoa! Me perdoa! — Me desesperei e ele sentou na cama ao meu lado e me abraçou.

— Não adianta chorar. O que está feito está feito. Agora é arcar com as consequências do seus atos.

— Eu fiz tudo errado. Eu achei que... Eu amo ele tanto.

— Ama coisa nenhuma. Você mal o conhece, minha filha.

— Eu conheço ele completamente. — Rebati ofendida e ele respirou fundo.

— Você sabe o que a mídia vincula e o que ele deixa você saber. Uma pessoa é mais que machetes e entrevistas.

— O senhor não me entende.

— Quem não entende é você. Admirar o trabalho e talento que você acha que ele tem... — Comentou desdenhoso. — Não é amor de verdade. Está na hora de olhar Ray James como ele verdadeiramente é. Não é mais seu cantor favorito e inatingível. É o pai do seu filho. Você vai precisar amadurecer e amadurecer seus pensamentos agora.

— Eu não sei se estou pronta para isso.

— Mas vai precisar estar para assumir todas as responsabilidades que vem pela frente. Você realmente errou, mas agora isso já não está mais em debate. Cair e ralar os joelhos fazem parte da vida. O importante é depois da queda levantar. E você vai levantar e criar essa criança.

— Eu não sei ser mãe. Eu mal soube ser filha. — Choraminguei e ele fez carinho nos meus cabelos.

— Pois vai aprender. Essa criança precisa de você. E pelo pouco que eu conheço daquele desordeiro, vai ser mãe sozinha. Agora dorme porque você precisa descansar. — Falou de cara fechada.

Eu deitei no colo dele chorando ainda mais que antes, olhando meus malditos pôsteres na parede. No fundo eu sabia que ele tinha razão.

***

Chegar sozinha no meu baile de formatura era com toda a certeza do mundo o atestado de perdedora que eu nunca quis assumir. Entretanto era real.

Confesso que a decisão de ir foi talvez precipitada, mas desde o dia anterior onde descobrimos a minha gravidez, eu não conseguia mais ficar muito tempo no mesmo ambiente que meu pai e minha mãe, pois eles discutiam o tempo sobre o meu futuro, sem me darem chance de palpitar. Peguei emprestado um dos vestidos da minha mãe e segui para a festa mesmo sem ter par.

A decoração estava lindíssima com estrelas brilhantes por toda parte, flores coloridas, cortinas azuis e algumas luzes piscantes espalhadas. Todos os alunos estavam inteiramente à rigor. Os garotos de smoking, as garotas com vestidos longos deslumbrantes. Meu vestido também era lindo, longo prateado. Não que esse fato importasse.

Avistei Frank Hope que tentou se aproximar de mim, entretanto foi impedido pela adorável namoradinha. Ela não parecia querer revanche da nossa última aula. Pelo contrário, parecia interessada demais no baile, para a minha sorte.

Depois Daquela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora