Depois Daquela Noite

Capítulo 36

Como Ray tinha muitos compromissos que não poderiam ser desmarcados, não pudemos sair dos Estados Unidos, e por isso a nossa lua de mel foi em Malibu em uma de suas casas de praia. A vista da janela do quarto era perfeita, entretanto nós sequer tínhamos aproveitado o clima agradável do dia.

Lá fora o verão iluminava uma tarde ensolarada. O céu incrivelmente azul visto da cama pela janela indicava que podíamos praticar muitas atividades ao ar livre. Porém, debaixo daqueles lençóis que estávamos a estação também estava bem quente. Era como se o amor quente estivesse sendo servido numa xícara de porcelana. E eu não ousava soprar a fumaça, não queria jamais que esfriasse. Sorri com minha analogia boba. Ray pareceu confuso me observando sorrir do nada, mas não perguntou o porquê.

Uma leve brisa fez flutuar o tecido claro de seda da cortina, arrepiando a minha pele ainda quente dos beijos apaixonados que Ray depositou nela.

Ele voltou a encontrar o caminho dos meus lábios e foi como se uma coleção de borboletas pousassem em meus sentimentos. A metamorfose ocorreu inesperadamente, mudando tudo de lugar dentro de mim. De repente a adolescente que se sentia perdida na vida parecia pouco a pouco entrar nos eixos.

— Sabia que nos meus sonhos mais loucos de fã a gente também casava? — Contei e ele sorriu lindo.

Deitei sobre o peito dele observando seus olhos de perto.

— E como eram esses sonhos? — Perguntou curioso e eu sorri tentando esconder a leve vergonha que sentia.

— A gente se casava no meio do Coachella. — Contei e ele gargalhou.

— Deveríamos ter feito isso. No meio de um show bem animado de preferência.

— Um show de Ray James? — Ironizei beijando o queixo dele.

— Não, acho melhor um show de April Denver. — Brincou e eu sentei na cama, puxando o lençol para cobrir meu corpo.

— Engraçadinho!

— Estou falando sério, você arrebentou ontem no nosso casamento. Cantou incrivelmente bem! — Elogiou e eu sorri timidamente.

— Acha mesmo?

— Tenho certeza. — Respondeu sentando também. — Você deveria pensar com carinho na possibilidade.

— Eu estou pensando é naquele mar maravilhoso lá fora que podíamos estar aproveitando. — Sugeri e ele pulou em cima de mim, nos fazendo cair na cama.

— Ou podíamos aproveitar a nossa cama mais um pouquinho. — Propôs malicioso e eu ri o empurrando de cima de mim.

— Chega de cama! Amanhã temos que voltar para Nova York e eu quero curtir essa praia linda antes de ir embora.

Depois de muito enrolar ele finalmente aceitou sair do quarto. Nos vestimos apropriadamente e seguimos para o mar. A água estava na temperatura ideal. Ray me pegou no colo e me levou para o fundo, nos beijamos antes de mergulhar um pouco. Depois voltamos para a areia e observamos o pôr do sol celebrar o nosso primeiro dia casados. Eu esperava que fosse o primeiro de muitos.

De volta ao quarto dividimos a banheira em um relaxante banho, enquanto Ray aparentemente tentava bater um novo recorde, de maior quantidade de beijos dados após um casamento. Ouvimos o celular dele tocar no quarto.

— Eu não acredito que alguém esteja me ligando em plena lua de mel. — Reclamou beijando o meu ombro. — Eu não vou atender.

— Pode ser importante. — Falei preocupada. — Pode ser algo com o Noah. Ele ficou com sua mãe, ela pode estar precisando falar com a gente! É melhor atender, Ray!

— OK, eu vou atender. Agora não sofra por antecipação. — Pediu beijando minha testa. Ele levantou e vestiu o roupão, seguiu para o quarto e o meu olhar o acompanhou apreensivo. Ele logo voltou com o celular em mãos. — Relaxa, não é a minha mãe, é o Bob Armstrong da gravadora.

Suspirei aliviada e ele olhou o celular incerto. Depois fez um som de insatisfação antes de atender a ligação.

"— Oi, Bob! Não estou podendo falar no momento, estou na minha lua de mel, esqueceu? O quê? Como assim? Está falando sério?" — Questionou me lançando um olhar surpreso, me deixando instantaneamente curiosa. "— Isso é maravilhoso! Vou falar com ela sim. OK, amanhã retornamos."

Ray desligou a ligação e sustentou um ar de mistério. Franzi a testa quando ele tirou o roupão e voltou a sentar dentro da banheira, ainda portando o celular na mão.

— O que ele queria?

— Eu vou te mostrar. — Respondeu abrindo o aplicativo do YouTube. Digitou algo e então abriu o vídeo do nosso casamento. Mais especificamente um vídeo meu cantando para ele. O olhei interrogativa e ele apontou para uma área abaixo do vídeo. Só então notei que tinha passado das cinco milhões de visualizações. Fiquei boquiaberta e ele sorriu eufórico. — Graças ao seu sucesso na internet, Bob Armstrong quer contratar você como cantora.

— O quê?