Capítulo 17

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— Meu Deus, eu ainda não me acostumei com a ideia de você ter um filho de uma celebridade. — Frank comentou baixo comigo e eu segurei uma risada. Ray permaneceu nos olhando sério e eu dei de ombros. Frank voltou a me abraçar e sussurrou no meu ouvido. — Definitivamente esse é o ápice da minha meteórica popularidade. Causar ciúmes em Ray James é sem dúvidas o auge que minha vida pode alcançar.

— Ele não está com ciúmes de mim. — Rebati também baixo e ele riu.

— Tem certeza? Porque ele está me olhando exatamente igual a você antes de me dar aquele soco que me deixou cego por dias. — Ri de sua cara preocupada e então ele foi embora.

Ray ergueu a sobrancelha ainda esperando uma resposta e eu ignorei completamente sua existência.

Terminei de juntar todas as minhas coisas e meu pai e Ray ajudaram a levar minhas malas para baixo. Meu pai conseguiu vender o carro dele por um preço abaixo do esperado o que não era nada bom. Me despedi uma última vez do quarto onde vivi toda a minha vida desde que me entendia por gente. Era meu refúgio do mundo. Fechei a porta e desci as escadas. Encontrei minha mãe sentada no sofá, folheando uma revista para adolescentes. Ela levantou o olhar para mim e pareceu esperar que eu dissesse algo.

— Eu já estou indo, mãe.

— Você vai mesmo virar as costas para mim agora que está rica, April? Essa será a recompensa que irei receber após ter cuidado todos esses anos de você? — Perguntou dramática e eu suspirei.

— Eu não estou rica, mãe.

— Mas está namorando um homem rico dá basicamente na mesma coisa.

— Não é a mesma coisa e ele não é meu namorado. — Rebati impaciente.

— Ele é o que então?

— Apenas pai do meu filho.

— Melhor ainda, já pensou a pensão gorda que pode arrancar dele? — Sugeriu e eu revirei os olhos. — April, pensa, querida! Você agora está com a vida feita, se souber usar o jogo ao seu favor nunca irá precisar trabalhar.

— Isso não é um jogo, mãe. É uma piada de mau gosto do destino. — Zombei e ela sorriu voltando a folhear a revista Seventeen.

— Agora você será uma James. Pense grande, querida! Voe alto! E principalmente, dê um jeito do bonitão casar com você com comunhão de bens. Assim você terá tudo que é dele.

— A senhora ouve as coisas que fala? — Perguntei sarcástica.

— Não só ouço como também adoro. — Rebateu confiante e eu balancei a cabeça e suspirei cansada.

Havia um verdadeiro abismo que me separava da personalidade ambiciosa e mesquinha da minha mãe. E mesmo sabendo que não era certo, eu comemorava internamente mais a nossa separação, do que a separação dela com o meu pai. Eu sinceramente não queria que meu filho tivesse os mesmos péssimos exemplos que eu havia tido com ela. Por pior que fosse desejar isso, eu não queria que minha mãe fosse avó do meu bebê.

— Adeus, mãe! — Falei enfim e ela sequer levantou os olhos de sua revista favorita.

— Adeus, tolinha! — Respondeu friamente.

Peguei minha bolsa e segui para fora. Olhei uma última vez para minha casa, ainda com um pequeno aperto no peito. Meu pai e Ray me esperavam no táxi com nossas coisas.

Eu ainda não podia acreditar que minha mãe havia exigido a casa para não pedir minha guarda em juiz, e pior, não por querer ficar comigo, e sim por puro interesse financeiro.

Graças a isso eu e meu pai teríamos que recomeçar do zero em Nova York. Pegamos o avião com destino à nossa nova vida longe de Chicago. Eu não sabia o que esperar do futuro, mas torci internamente para que as coisas fossem melhores.

Depois Daquela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora