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Precisei de alguns minutos para sair da casinha. Não que fosse agradável estar lá dentro — não era! — mas eu precisava pensar no significado daquela mensagem.

De alguma forma, eu havia acertado o alvo, sem nem ao menos vê-lo. Então, talvez eu estivesse certa, havia mais alguém ali. Ou a coisa que eu tinha que encontrar estava na vila. De toda forma, eu estava no caminho certo. Tinha que ser isso, porque a única coisa que eu havia feito naquele dia foi ir até a vila e brigar com o Alfonso, mas isso, com certeza — a briga —, não tinha relevância alguma, já que não me levaria de volta para casa.

Respirei fundo — não foi uma boa ideia, tendo em vista onde eu me encontrava — e sai da casinha. Encontrei Alfonso me esperando nas escadas em frente à casa. O rosto preocupado.

—Está tudo bem, senhorita Anahí? Precisa de alguma coisa? Quer que eu chame o médico? —Ele disse, correndo com as palavras.

—Por que eu iria precisar de um médico? —Só por que tinha saído correndo e me trancado na... Oh! —Não, não. Eu tô bem. Tudo em ordem. Não preciso de nada, não.

Ele concordou com a cabeça, me observando atentamente. Não pareceu muito convencido que eu estivesse realmente bem. E eu não podia culpá-lo, meu rosto devia estar branco feito um papel. Ainda estava assustada com o novo contato

—Então, Vamos entrar. Maite já deve estar de volta. —Alfonso indicou a porta para que eu entrasse.

Encontramos Maite e Teodora na sala de artes. Maite pintava um tecido e Teodora não fazia nada além de caminhar entedia da pela sala. Aproximei-me um pouco para ver melhor o desenho de Maite. Flores de todos os tamanhos e cores. Era muito bom!

—É lindo, Maite! Você é muito talentosa! —Exclamei, incapaz de conter minha admiração.

—Obrigada, senhorita Anahí. Mas eu apenas desenho razoavelmente bem. O artista da família é meu irmão. —Ela me mostrou as adoráveis covinhas

—É mesmo? —Perguntei surpresa. Não que não achasse Alfonso capaz de fazer tal coisa, com seu modo gentil e educado, só que suas mãos, e todo o resto, eram muito grandes. Pelo menos onde se podia ver...

—Não é de todo verdade. Maite me enaltece demais. — Alfonso falou sem jeito.

—Você pinta? De verdade? Tipo quadros? —Inquiri, me aproximando dele.

—Sim, eu pinto... Tipo quadros. É apenas um passatempo, aliás. Nem todos os dias são tão tumultuados por aqui. —Apenas uma sobrancelha se ergueu. Um convite acontradizê-lo. Não o fiz. Estava curiosa demais.

-Posso ver algum? —Seriam os que estavam pendurados por toda casa? Por que eram muito bonitos.

—Basta olhar em volta, senhorita Anahí, — Disse Teodora, com a voz afetada.—Todos estes quadros foram feitos pelo Senhor Herrera. Ele é um grande pintor. Mas nunca permite que estranhos vejam suas obras. Ele é muito modesto!

Alfonso disse alguma coisa a ela, mas não prestei atenção. Estava maravilhada demais com suas telas. Mal pude conter a excitação, não sabia para qual deles olhar primeiro. Havia muitos quadros, uns dez ou doze, de tamanhos variados: uma casinha na montanha, paisagens naturais ao pôr-do-sol, um cachorro marrom, que parecia muitodócil no quadro, apesar de seu tamanho... Diversos quadros, todos muito bonitos eextremamente reais.

Aproximei-me de um deles, um dos maiores, de um realismo impressionante. Um cavalo negro empinando contra a paisagem rural ao entardecer. Mas o que chamou minha atenção foram os detalhes da tela. Dava pra ver na expressão do animal toda sua fúria, toda sua teimosia, sua altivez. Aquele cavalo não se deixaria ser domado. Selvagem, foi a palavra que pensei para expressá-lo.

Perdida AyA - (Adaptada) - FinalizadaWhere stories live. Discover now