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Senti saudades dos vestidos bufantes quando tentei acelerar a corrida e o tecido não permitiu.

Droga de vestido apertado!

Tirei os sapatos de salto agulha e levantei a saia — o pouco que pude — tentando ganhar mais velocidade. Eu meio corria, meio andava. Parecia um pato descontrolado correndo atrás de uma minhoca voadora mas, a cada segundo, eu me aproximava mais de Alfonso.

Meu coração saltou dentro do peito assim que avistei a casa grande, ainda cor de creme, ainda sem nem uma ação de desgaste. Tudo estava como deveria estar. Meus pulmões ardiam pelo esforço, mas eu não parei até praticamente arrombar a porta da sala e entrar feito um furacão, assustando Maite, Teodora e Gomes, que tinha uma bandeja nas mãos e com o susto acabou derrubando tudo no chão.

— Maite! — exclamei sem ar.

— Anahí? — ela perguntou, completamente desnorteada, enquanto me lancei contra ela. — Anahí!

— Maite! Maite! — eu a apertei, soltando meus sapatos, minha bolsinha e o buquê, que caíram na bagunça de xícaras e açúcar. — Senti tanto sua falta! Muita mesmo!

Eu a deixei e abracei Teodora. Estava eufórica demais.

— E também senti saudades suas, Teodora. Não é estranho?

Ela me abraçou meio sem jeito.

— Acho que sim... — mas estava sorrindo.

— Gomes! Como é bom ver essa sua careca outra vez! — eu disse, enquanto o esmagava com os braços. Ele ficou meio sem jeito, mas acabou retribuindo meu abraço. — Desculpe pelo susto...

— Que bom que está de volta, senhorita. — disse um pouco acanhado.

— Onde ele está? — perguntei ainda ofegante.

— No quarto. Ele não sai de lá. — Maite disse com os olhos arregalados, ainda surpresa com meu súbito aparecimento.

Comecei a correr em direção ao quarto dele quando Maite gritou:

— Não no quarto dele! Em seu antigo quarto.

— Alfonso! — resmunguei, mudando de direção.

Não me perdi dessa vez.

Não me perderia nunca mais!

Alcancei a porta e tentei abri-la, mas estava trancada com chave.

— Vá embora! — gritou lá dentro.

Meu corpo todo estremeceu ao ouvir sua voz, mesmo estando mais rude que de costume. Bati na porta com mais força.

— Já pedi para me deixar em paz. —ele vociferou.

Não desisti. Continuei batendo insistentemente até que ouvi sons de passos pesados e sua voz lamuriosa esbravejando outra vez.

— Eu já disse para ir embora! — berrou ao abriu a porta. Seus olhos furiosos se arregalaram, depois ficaram confusos. O rosto abatido me examinou por alguns segundos.

Meu coração batia ensandecido dentro do peito. Ele estava ali, bem na minha frente!

— Tem certeza? Eu vim de tão longe! Mas se quiser que eu vá emb... — não pude terminar, seus braços urgentes me puxaram para si e seus lábios esmagaram os meus com desespero.

Alfonso me apertou muito, num abraço quase insuportável, mas não pude ficar mais agradecida. Queria que ele nunca mais me soltasse! Minhas mãos tocaram o máximo dele que conseguiram: seu cabelo, seu pescoço, seu rosto, seus ombros.

Perdida AyA - (Adaptada) - FinalizadaWhere stories live. Discover now