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Não! Não! Não! Não!

Por favor, não! Agora não! Eu nem pude dizer adeus! Por favor, não!

Quando a luz desapareceu, levou tudo com ela: Alfonso, o cavalo, o gramado, tudo havia desaparecido.

Tudo!

Eu estava na praça outra vez, debaixo da mesma árvore em que Alfonso e eu estávamos encostados há alguns minutos, porém, agora era muito maior e a casca envelhecida.

Não! Por favor! Me deixe voltar! Por favor!

Não conseguia pensar direito. Apertei o celular, desesperada, tentando fazê-lo funcionar, tentando voltar. Eu precisava voltar. Aqui não era mais meu lugar. Não era mais minha casa. Nunca foi.

Alfonso era!

Desesperada, quase cega pelas lágrimas, comecei a correr em direção à loja onde comprei o celular. Ela teria que mandar de volta!

Esbarrei em algumas pessoas, que me olhavam com espanto, mas não pude parar para me desculpar. Não podia perder tempo. Entrei na loja ainda correndo, indo direto para o balcão de celular.

— Onde está a outra vendedora? — perguntei sem fôlego para uma garota.

— Quem? — ela me olhou espantada.

— A outra vendedora! A que me vendeu este aparelho há alguns dias. — eu tremia muito. Quase não conseguia ficar de pé.

— Creio que se enganou de loja, moça. — ela falou, enquanto examinava meu vestido. — Sou a única que trabalha neste setor.

— Não! — teimei. — Estou falando da outra vendedora. Uma mulher mais velha de cabelos grisalhos e com voz suave. A que me vendeu este aparelho! — mostrei o celular como prova.

A garota olhou em volta, assustada.

— Por favor, se acalme, sim? Vai ficar tudo bem. — ela levantou as mãos espalmadas, me trazendo a nítida lembrança de Alfonso com as mãos abertas dizendo que não me tocaria depois de me beijar pela primeira vez.

Meu desespero se intensificou.

— Não! Não está tudo bem! — berrei. — Eu preciso encontrar aquela mulher! Ela precisa... Ela tem que me ajudar. Eu tenho que voltar! AGORA!

Eu tremia muito, me apoiei no balcão para não cair. Não vi quando a garota chamou os seguranças, mas lutei contra eles empurrando com toda a força que tinha.

— Me solte. Eu tenho que voltar. Alfonso está me esperando. — as lágrimas me impediam de ver qualquer coisa. — Ele vai sofrer se eu não voltar. O que pensa que está fazendo? Me solta! — empurrei alguém com tanta força que acabei caindo.

Alguém se aproveitou disso e tentou me imobilizar. Debati-me no chão, gritando contra a pessoa, ouvindo muito barulho ao meu redor, mas ainda não conseguia enxergar nada com clareza. Mais mãos tentaram me segurar, até que um tempo depois, senti uma picada em meu braço, e tudo desapareceu outra vez. Primeira coisa que vi quando abri os olhos foi o teto branco. Um bip constante perto de minha cabeça me acordou.

Olhei em volta e percebi que estava num quarto de hospital.

Como foi que eu vim parar aqui?

— Anahí? — uma voz suave perguntou.

Virei-me para o outro lado e a vi sentada numa cadeira ao lado da cama.

— Dulce? O que estou fazendo aqui? — perguntei ainda confusa.

Perdida AyA - (Adaptada) - FinalizadaWhere stories live. Discover now