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Fora do casarão, a bagunça era tão grande quanto na cozinha. Muitas pessoas passando de um lado para outro com caixas nas mãos, carroças e mais carroças cheias de aparatos e alimentos.

Alfonso estava no centro do estábulo com Storm. Sua aparência era bem diferente da que eu estava habituada. Vestia apenas camisa e calças, como na noite anterior, masagora a camisa estava suja de terra e grandes manchas de suor no peito largo faziam o tecido grudar em sua pele, seu cabelo despenteado e úmido pelo esforço, os joelhos dacalça repletos de terra. Até seu rosto parecia estar sujo. Estava irresistível e lindo!

Fiquei observando a cena por um tempo, não queria perder nem um detalhe. Com as mãos espalmadas, como se dissesse ao cavalo à sua frente que estava desarmado, ele tentava se aproximar do animal. Contudo, Storm não se deixou enganar.

Recuou vários passos todas as vezes que Alfonso tentou se aproximar. Alfonso fez mais algumas tentativas e, por fim, conseguiu se aproximar o suficiente para montá-lo. No entanto, o sorriso triunfante em seu belo rosto durou apenas alguns segundos, já que Storm, num ataque de rebeldia, empinou para trás relinchando feito louco, e Alfonso não conseguiu mais se segurar e acabou caindo.

— Alfonso? —Gritei, abrindo a cerca e corri (com o vestido erguido) até ele. —Você está bem?

Atirei-me de joelhos ao lado dele, minhas mãos percorrendo seu peito, seu ombro, seu pescoço. Tudo estava no lugar. Ele tentou se levantar e gemeu baixinho.

—Ai, minhas costas! —Disse, se apoiando nos cotovelos. Encarou-me meio sorrindo, meio gemendo. —Bom dia, senhorita. Como está hoje?

—Eu? Como você está? Acha que quebrou alguma coisa? Quer que eu mande chamar o médico ou te leve em algum hospital ou um pronto-socorro ou seja lá o nome que tem aqui? Você quebrou alguma coisa? Bateu a cabeça? Quantas Anahís você está vendo?

Ele riu, me acalmando um pouco.

—Acalme-se. Estou perfeitamente bem. —Sua mão tocou a minha ainda, sobre seu peito. —Não é a primeira vez que ele me derruba, lembra-se?

Ele tentou se sentar, coloquei minhas mãos em seu ombro tentando dar apoio.

—Tem certeza que tá tudo bem mesmo?

—Tenho. Agora, pare de se preocupar comigo. —Ele sacudiu a camisa cheia de terra. Uma chuva de areia caiu dela. —Acho que Madalena me passará outro sermão hoje. Ontem já falou pelos cotovelos por conta de uma ou duas manchas de tinta. —Depois sorriu com cara de quem tinha aprontado e tinha sido pego. E que não se arrependia nem um pouco.

Não achei graça.

—Você poderia ter se matado, idiota. —O soltei, rapidamente me levantando. —Pensei que tivesse desistido deste cavalo. Está tentando deixar Maite sozinha? Sem pai, mãe e sem irmão também?

Qualquer um podia ver que Storm não seria domado por ninguém. Era claro como cristal. Apenas aquele teimoso não via isso! Por que ele ainda insistia?

—É claro que não. Só estou tentando uma nova técnica.—Ele ainda sorria.

Minha raiva aumentou.

—E qual é a nova técnica? Ser atirado a dois metros de altura por um animal selvagem? Parabéns! Funciona perfeitamente bem! —A ironia e a raiva se misturaram em minha voz.

Ele se levantou e sacudiu as calças, fazendo cair outra chuva de areia.

—Pensei que não fosse possível, mas vejo que me enganei. —Ele disse, endireitando as costas.

Perdida AyA - (Adaptada) - FinalizadaWhere stories live. Discover now