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Acordei com uma batida na porta. Demorei em entender onde eu estava. Olhei em volta e vi Alfonso com seus braços ainda me envolvendo dormindo ao meu lado. Eu ainda estava em seu quarto. A batida se repetiu.

—Senhor Herrera? Preciso muito de sua ajuda, senhor. Por favor, abra a porta. —A voz abafada de Gomes suplicava.

Ah! Merda!

—Estou ficando preocupado, patrão, se não abrir, eu vou arrombar!—Ameaçou.

Droga! Droga! Droga!

Alfonso não se moveu. Dormia profundamente. Toquei seu braço, apavorada.

— Alfonso, acorde! —Sussurrei. Ele não se moveu. — Alfonso acorde, por favor! —Sacudi com mais vigor.

Se Gomes arrombasse a porta e nos visse juntos, não poderia mais fingir como fez quando nos flagrou aos beijos no corredor, e a casa toda saberia. Seria um escândalo, bem no dia do baile especial de Maite. Isso não podia acontecer! Sacudi Alfonso outra vez, com um pouco mais de força. Ele piscou os olhos algumas vezes, depois focalizou meu rosto e sorriu.

—Bom dia, senhorita.—Murmurou com a voz rouca, me puxando para mais perto. Percebi que ele todo havia despertado.

Tum! Tum! Tum!

Seus olhos se arregalaram e ele rapidamente se sentou na cama.

—Estou avisando, Senhor Herrera, vou invadir este quarto se não abrir esta porta!

—Errr... Espere um minuto — Respondeu aturdido.

Rapidamente Alfonso já estava de pé, colocando as calças apressadamente e me olhando com cara de pânico.

—O que vai fazer? —Sussurrei.

—Tentar me livrar dele — Sussurrou de volta, pegando a camisa do chão. —Não se mova.

Eu concordei com a cabeça. Não dava para sair por outro lugar que não fosse pela porta. A janela era alta demais e a queda certamente deixaria alguma coisa ou muitas quebradas em meu corpo. Alfonso foi em direção à porta, tropeçou em alguma coisa no caminho (meu All Star), recolheu habilmente todas as minhas roupas e as atirou no canto oposto ao da porta, abriu apenas o suficiente para que pudesse passar por ela e voltou a fechá-la.

Fiquei imóvel. Tentei ouvir o que diziam. As coisas estavam ficando cada vez piores! Gomes alertou Alfonso que eu havia desaparecido. Pela manhã, um dos empregados notou que a porta do meu quarto estava aberta e que eu não estava dentro dele, minha cama estava arrumada. Vários empregados estavam me procurando por toda a propriedade, mas ninguém tinha noticias minhas.

Claro que não tinham!

Alfonso fingiu surpresa e eu mordi o lábio para não rir de seu falso assombro. Em seguida, garantiu a Gomes que me encontraria ainda antes do almoço, apenas precisavatrocar de roupas antes de sair. Sugeriu que Gomes desse uma olhada na sala de leitura, já que Maite lhe contou que eu era fascinada por livros. Depois de fechar a porta e esperar um momento, correu até a cama e se sentou ao meu lado.

—E agora? —Me apoiei em um cotovelo e prendi o lençol branco com os braços. —Como vou sair daqui? Eu te arrumei um problemão!

—Na verdade, isso aconteceu quando a vi pela primeira vez! —Brincou tocando meu queixo.

—Não tem graça! Como vou sair daqui sem que me vejam?

Suas sobrancelhas arquearam e um sorriso muito significativo surgiu em seus lábios.

—Então não saia nunca.

—Tô falando sério! —Ralhei. —Que horas são agora?

Ele tirou o relógio do bolso preso à calça por uma corrente dourada.

Perdida AyA - (Adaptada) - FinalizadaWhere stories live. Discover now