– Conseguem sentir, filhos? O vento sopra sempre a sua disposição. Quando estiverem prontos para erguer a Nona espada, poderão usar todo o seu poder.
Kateguri era um dos muitos, talvez, entre todos os jovens filhos da Academia Seiju. Seu rosto era cheio de pelos brancos e pretos, orelhas meio pontudas com dois brincos na direita, e um focinho pequeno e negro.
Ajoelhado, ele fazia parte da dezena de alunos que imitavam a meditação parcial, imersos em seus próprios sonhos. A pior posição que Kateguri lidava. Suas pernas doíam, sua mente pouco se concentrava, nem mesmo seus pensamentos se reuniam para serem organizados.
Seu sangue gostava da resiliência, do estado de euforia e calma, apenas durante um conflito. Sentir o aço contra aço, o ferro descendo, a esquiva, a definição do clamor, a sedução da lâmina perante seus sentidos.
A batalha até o fim, como sempre dizia. Esse era seu ponto principal, era como queria estar por muitos anos. Agora, fingindo sua própria meditação, criava posições de batalhas, ataques, defesas, contra-ataques, esquivas e deslizes.
Seus lábios se inclinavam para o alto. Era isso, era como sua mente funcionava.
– Kateguri – a voz de Elio, o Mestre Nono, veio carregada de preocupação. – Sua mente não está calma. Sinto as flutuações de adrenalina. O que passe em seu corpo não pode ser definido pela mente, se organize.
– Sim, mestre. – Nada mudara. O que passava dentro de sua mente não era nada de uma pequena porcentagem de sua vontade. Kateguri, sendo um Legalu, semelhantes a seres humanoides com faces animalescas, apenas abaixou sua vontade de lutar.
O tempo da meditação acabara. Os outros discípulos, variados entre espécies diferentes de Legalu, se despediram do mestre. Elio era um grande Panda, usando a vestimenta monge dada depois do recebimento do título Nono, a mais alta patente do Império Acxante.
No continente Acxa, poucos eram os territórios livres, poucos eram as lutas sem sentido entre poder, poucas eram as vontades de lutar para ganhar seu próprio espaço. Em Acxa, o mundo era inteiro dos Legalu, e ninguém ousava enfrentá-los, nem mesmo outros Impérios continentais.
Ainda assim, o mundo inteiro conhecia daqueles que viviam em sociedade, mas eram confundidos com animais selvagens, astutos e sem um pingo de raciocínio, que lutavam apenas por um pedaço de carne.
Mentiras que o Império Acxante, após tantas centenas de anos, permutava a negá-las.
– Quanto mais achar paz dentro de si, mais rápido vai conseguir sentir a essência, Kate – Elio disse ao se levantar do frio chão de mármore. – Esse é o Centro de Meditação, e mesmo assim, todo mundo deveria conseguir se concentrar aqui, mas você, meu garoto, você consegue me impressionar.
O rapaz não cedeu ao olhar do grande panda. Ele apenas assentiu, de costas, varrendo o pátio a céu aberto. Quatro grandes pilares de pé em cada ponta limitavam o cimento liso, e após isso, uma queda de centenas de metros.
Estavam no ponto mais alto de Acxa, onde a terra toca o céu e vice-versa. As nuvens poderiam ser tocadas caso fizessem força, e mesmo assim, os ventos eram mais fracos do que quando estavam no solo.
A paisagem era a mais bela, uma mistura de cores, do continente, da cidade, dos fortes e dos rios que cortavam as florestas, até desabrocharem na cachoeira, enchendo o lago. Kateguri nunca se peguntou como o mundo se formara, mas vendo a perfeição usada na simetria de cada coisa, não conteve.
– Como o mundo foi criado, mestre?
Pego de surpresa, Elio coçou o queixo. Sendo muito mais velho do que os olhos poderiam desvendar, buscou um pouco da sabedoria dentro de si.
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Passos Arcanos: Sombras do Leste
AdventureDurante milhares de anos, o Continente Hunos resistiu a casa dos Elfos, Humanos e Anões, em suas batalhas territoriais e ideológicas. Cegos por suas disputas, um imenso tufão de horrores se move em suas direções. Sem se importar com qualquer rivalid...