Capítulo 16 - O Mal Menor

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A estrada principal foi deixada de lado a pedido de Leonardo. Invadiram em caminhada pela floresta, enfrentando a mata alta até a muralha de madeira, em estacas inclinadas, terminando a jornada a pé.

Quando se esperava vozes, carruagens prestes a fazer trajetos, ou comerciantes gritando seus produtos, encontraram, entretanto, silêncio. Orion era o mais afastado, e vislumbrou os músculos de Zerk em um espasmo, o Elfo virar a cabeça de um lado para o outro, como se procurasse algo.

Era aterrorizante como o silêncio poderia ser. E mesmo assim, os três deram partida a entrar. No momento que pisaram dentro do vilarejo, um chiado e tintilar foram ouvidos vindo de longe.

– Esse lugar é esquisito – Zerk comentara, coçando a parte de trás da cabeça. – Senhor, os Humanos costumam dormir até esse horário?

– Afie seus sentidos – Interveio Leonardo, seus dedos já estavam enrijecidos, pronto para criar runas. – Sinto o cheiro de todos eles dentro das casas, estão nos olhando. Acho que são camponeses normais.

E como não poderiam ser? Vilarejo de Kanton era um dos mais próximos de Chifre Ondulado, mas não recebia nem mesmo um ouro adicional de suas vendas. Os campos de colheita eram largos, com dois grandes lotes para cada família, além de suas edificações serem o misto da realeza e plebeus, entre a pedra e madeira.

A única grande torre que se erguia se localizava do outro lado da saída, na saída em direção sul. Eles estavam na norte, e mesmo assim, o único barulho era um fraco tintilar. Orion ouvira esse som diversas vezes, e Zerk também pelo jeito que encarava ao redor.

– É uma luta – o Orc promovera seu pensamento. – Estão do outro lado desse lugarzinho. Posso sentir a força de um batalhão e pessoas muito fracas.

– O Clero. – Com raiva encarnada, Leonardo olhara para Orion. – Devíamos ir o mais rápido possível.

Uma explosão ressoou com fumaças sendo erguidas no céu. O nariz do Elfo torceu com o novo cheiro. Quase levou a mão para tapá-los.

– Que magia... nojenta. É como se fosse uma mistura de...

Orion esperou a resposta, mas seu amigo se calou. Ele também sentia o cheiro estranho de sangue misturado com mana, diferente de todos os outros. Os moradores estavam escondidos, o lugar estava sendo invadido por algum tipo de batalhão inimigo e eles detinham a posição de recuar ou avançar.

Antecipadamente, Zerk quem confrontara Leonardo.

– Senhorita Da'u precisa de suprimentos. – Apontou para onde o tintilar continuava – Se salvarmos esses Humanos, eles vão poder dar comida para nós. Eu quero comer batata e carne de javali, hoje.

– Se entrar em um confronto que não sabe nem mesmo os motivos, pode acabar trazendo inimigos mais poderosos. Eles sabem que nós somos, não se esqueça disso.

– Não – Orion parou entre os dois, dando leves tapinhas nos ombros dos dois. – Eles sabem quem eu sou. Lutei com boa parte do Clero para poupar os dois. Um Orc vai chamar atenção demais no meio de um vilarejo, e um Elfo andando por essas terras depois da quebra do Tratado vai ser pior.

– Precisamos de comida – Zerk não desistia por nada, falando ainda mais alto. – Precisamos de-

– Eu já entendi, monte de pedras verdes. – Leonardo agachara, levando todos os outros a fazer o mesmo, Da'u se limitou a ficar debruçada no bolso, assistindo os demais. – Precisamos de um plano defensivo. Se vamos limitar as forças inimigas, temos que ser decisivos e rápidos. Eis o que proponho...

A velocidade de raciocínio de Leonardo era sua melhor arma, sem sombras de dúvidas. Organizara três direções diferentes, orquestrando uma série de ataques a longa distância, mirando runas no alto, como se tudo fosse uma ativação defensiva deixada por algum mago.

Passos Arcanos: Sombras do LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora