Orion só parou de usar a base da Velocidade, Vega, quando avistou a tal masmorra que Abba dissera. Correu por mais de três a quatro quilômetros sem parar, estava a uma distância suficiente para não destruir nada do vilarejo ou causar comoção com suas magias.
O que mais dificultava era a chuva e o nevoeiro espalhado. Os pontos chave entre a névoa eram dois grandes pilares de pedra irregulares. Eram a porta de entrada para a tal masmorra, mas seus instintos o mandaram parar ali.
Os dois pilares não se mexiam, mas Orion não deu chance em ficar no escuro. Usou o vento a seu favor, aumentando sua força e o fazendo recair para o solo, como um lençol fino cobrindo todas as pegadas que deixou.
Seu caminho era um mais tortuoso. O rio que cortava Amod e Chifre Ondulado estava mais próximo do que esperava. O cheiro era diferente, as pedras não estavam molhadas, o cheiro da grama com gotas de água e o notório odor de terra no meio da chuva travaram em algum lugar, não chegando até ele.
Isso parece magia de ilusão.
Prestes a desfazer a magia com Anulamento, ouviu vários arrotos no alto.
– Não precisa fazer isso, homem. – O homem de cima do pilar arrotou mais uma vez, com uma garrafa de vidro na mão, e piscava os olhos, com dificuldade de ficar parado. Seu corpo fazia giros lentos, e sua mão ficava parada no pilar. – Aqui é minha casa, então, não faça nada.
A voz do homem agarrou em seus ouvidos e os músculos de Orion travaram. Seus pés não se libertavam da amarra do solo, os músculos do braço faziam força acima do normal, mas estava agarrado.
– Eu disse para não se mover? Estou sendo... rude demais. Não, não. É o certo ª... se fazer. Tarot precisa de espaços para conseguir utilizar suas magias, não posso... deixar ninguém entrar. – A cada pausa, um arroto diferente. Ele virou a garrafa para cima e bebeu quase 4 segundos inteiros antes de soltar um alivio de prazer. – Isso é vida.
– Vega: Primeira Carga Ilustre.
O rastro de Orion deslizou de uma ponta a outra e subiu o pilar com uma cauda azulada o seguindo. Ao chegar ao topo, saltou para cima, e puxou a espada ibriana para fora. O corte acertou a pedra, soltando as pedras e rachando quase todo o interior.
Ele caiu do outro lado, encaixando a espada de volta.
– Isso não foi de tão ruim – uma segunda voz veio do segundo pilar. – Seus ataques seguem um ritmo bem frenético, mas parecem um pouco lentos demais. Poderia ter matado o idiota de Toneli, que bom que interferi.
O bêbado estava sentado na mesma posição, só com a cabeça virada para trás, com um sorriso bobo e olhos pesados. Levantou a garrafa e tossiu algumas vezes.
– Eu sinto informar, viajante – o sóbrio homem, com larga vestimenta negra, portava colares ao redor do pescoço e anéis em todos os dez dedos das mãos. Sorria, gentilmente, escondendo bem a fundo seu escárnio nos olhos. – Está em um lugar sagrado agora, não posso permitir que avance mais.
A chuva não afetava os três, escorria por uma membrana fina e descarregava ao chão. Orion olhara para os dois antes de tocar o cabo da espada. Sentia um estranho poder ao seu redor, tanto acima de sua cabeça quanto abaixo da névoa que ainda estava sob seu controle.
A magia de um deles era poderosa para o grudar no chão com apenas a voz, o outro conseguiu desviar seu movimento para uma dezena de centímetros antes de acertar o bêbado. Eram magias diferentes, refinadas.
Fortes, como Abba disse.
Orion abriu o primeiro botão de seu manto esverdeado.
– Estive procurando um desafio. Se importam?
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Passos Arcanos: Sombras do Leste
AventuraDurante milhares de anos, o Continente Hunos resistiu a casa dos Elfos, Humanos e Anões, em suas batalhas territoriais e ideológicas. Cegos por suas disputas, um imenso tufão de horrores se move em suas direções. Sem se importar com qualquer rivalid...