Orion não precisava mais correr. Usou a runa gravitacional e levantou voo, saltando para o céu e flutuando por cima da nuvem. O céu era majestoso, voava juntos dos pássaros, se aproximando de alguns e fazendo o mesmo trajeto.
Ultrapassou por entre uma e saiu na outra. Voou por mais de três horas no que seria a cavalo em sua velocidade máxima e sequer usava sua própria mana. As rajadas de ar que liberava do seu pé eram idênticas ao do estilo de Ryandel, da Escola de Prosna, utilizando a mana ao redor para o impulsionar.
Nada mais do que um simples passei com seu novo traje e sua missão de ir atrás de Tarseric Robert. Desceu depois de avistar a vila na encosta de uma montanha. Mesmo voando em uma altura que um humano não se acostumava a flutuar, ainda via a parede rochosa se esticar muito mais para cima.
Ele pousou na entrada da cidade, assustando algumas pessoas ao redor que carregavam cestas de comida e barris de água. Eram pessoas comuns, mas sorriram ao vê-lo. Sorrisos gentis, com um aceno modesto.
Uma garota baixa e bem nova se aproximou, correndo.
– Olá, o senhor é um Mago?
Orion abaixou, sorrindo para ela.
– Sim, estou procurando um amigo meu que se perdeu por aqui. Acho que alguns Magos passaram por aqui antes, não foi?
Ela concordou com sutileza.
– Eles foram naquela direção, senhor. Tem muitos rugidos vindo lá de dentro, eu acho que é uma fera muito grande. – A cada palavra, a garota mexia a mão, fazendo caretas. – Os Magos disseram que todo mundo da vila devia se esconder, mas os rugidos pararam.
– Pararam, sério? – Orion se levantou. – Para onde eles foram mesmo?
– Ali.
Orion entrou na cidade flutuando com velocidade, tocando no chão apenas para dar impulso. Parou quando atravessou o vilarejo em minutos. A parede da montanha lembrava muito a que viu em Ibizu. Ela estava sendo quebrada e suas pedras eram carregadas para longe, por carrinhos.
Orion escolheu um dos moradores que estava mais afastado e chegou perto.
– Senhor, estou procurando os Magos que passaram por aqui.
O homem apenas apontou na direção sul, em olhar para ele.
– Obrigado.
Orion desceu correndo e deu de caras com o buraco na montanha. Alguns dos moradores corriam para fora, tapando seus narizes e com olhos cheio de lágrimas. Um dos velhos parou, olhando para trás, e depois para o viajante que estava de pé.
– Não entre. Ele voltou. A criatura demoníaca voltou. Ele comeu os Magos que entraram.
O velho se foi carregado por um outro homem mais novo. Orion respirou fundo e caminhou para dentro. O cheiro de sangue era forte, mas Orion tinha certeza de que não era humano. Conhecia bem o odor que seu sangue e os demais liberavam, mas esse era diferente.
Era podre, como se estivesse morto há décadas.
No fundo da caverna, parou de caminhar quando uma aura recaiu sobre seus ombros. Alguém estava o observando, estava escuro, mas ele não precisava ver. Só a intenção assassina da pessoa era suficiente.
– Você não devia estar aqui – a voz era rouca e arrastada, como um velho, mas era alta demais para ser uma criatura humanoide. – Não devia ter entrado, ninguém devia entrar.
– Estou procurando um Anão – Orion respondeu acendendo seu braço com as chamas. Um olho duas vezes maior do que ele em todos os sentidos, piscava em sua direção. Era avermelhado, com sua pupila acentuada na vertical, como duas lâminas curvadas que se encontravam apenas nas pontas. – Me disseram que ele podia estar aqui.
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Passos Arcanos: Sombras do Leste
AventureDurante milhares de anos, o Continente Hunos resistiu a casa dos Elfos, Humanos e Anões, em suas batalhas territoriais e ideológicas. Cegos por suas disputas, um imenso tufão de horrores se move em suas direções. Sem se importar com qualquer rivalid...