Capítulo 2 - Som da Desigualdade

15 0 0
                                    


Os socos de Leonardo passavam direto, sem ao menos menção de tocar no corpo de Orion. Os passos do Humano aumentavam o espaço entre os dois. Estavam apenas usando o corpo, mas a velocidade dos dois eram relativamente altas.

Leonardo treinara com os Feiticeiros, usando seus mais variados métodos de refinação de corpo e alma, além de uma grande condição por ter sobrevivido contra os mais variados tipos de teste. Sua força não era comparada aos dos grandes mestres, mas seu oponente não abria brechas por nada.

Era parecido com um pássaro buscando a altitude de uma águia. Era impossível subir tanto sem perder a postura, e Orion era claramente a ponta mais alta desse percurso. Ele desviava dos golpes com extrema facilidade, aplicando advertências contra a postura ofensiva de Leonardo.

Em um dos seus socos, ele estava longe demais para conseguir acertar o Elfo, e mesmo assim, a pressão obrigou o outro a recuar. Ele cheirava como um metal, e Leonardo tinha certeza que o cheiro mudava a cada segundo que passava; flexível, duro, resistente... inquebrável.

Que tipo de pessoa consegue tanto controle de si mesmo para produzir cheiros tão fortes? Questionou ao recuar, respirando fundo.

– Está um pouco distraído – ouviu de Orion na outra ponta. Tensionou as pernas, abrindo sua defesa. – Posso atacar?

Seu manto fechado e o capuz erguido eram apenas o símbolo de um Mago comum, sua imagem era a mais parecida de um homem na idade tenra dos vinte anos, assim como qualquer outro. Muitos poderiam confundir Orion Baker com um escudeiro de um Lorde ou Comandante, poucos sentiriam a aura emanada do demônio encarnado fluindo de seus poros.

Leonardo sentia, e muito bem, como seu aliado era mortal.

– Usarei um pouco do estilo comum de batalha, Leo – disse, antes de começar a correr na direção dele. – Se atente aos braços e pernas. Garoa se resume a isso.

Os braços e pernas, como dissera. Os pontos vitais do oponente estavam amostra, Leonardo poderia acabar com eles usando apenas uma faca ou cutelo, não seria difícil. O movimento final, entretanto, não era como esperava.

Os pés de Orion tocavam ao chão e deslizavam pelo lado, abrindo vaga para um ataque vindo de quatro posições diferentes. Seu movimento constante era uma dificuldade para os olhos do Elfo careca. Por mais que esperasse o movimento, a chance de 25% era clara.

Um dos braços atacaria, uma da pernas.

E onde esperava por um, dois deles vieram.

Leonardo bloqueou a perna com o joelho e o punho com o antebraço. O golpe não foi forte, soando como um sino, e o próximo ataque veio. Orion abaixou, usando o chão para apoiar uma das mãos, e esticou a perna.

Puxando-se para trás, a respiração de Leo aumentou. O desgaste para a fuga era completamente diferente do que esperava de uma luta contra Orion. E ao puxar seus braços em posição de ataque, ele veio, novamente.

Dessa vez, os dois golpes foram por cima. Os punhos colaram contra a palma de Leonardo, simples, fortes e ferozes, contendo uma boa mediação de força. Quando houve uma pausa de apenas um segundo, Leonardo se antecipou um passo, chegando, sem querer, mais perto.

Merda.

Orion mudou a postura para uma lateral e acertou um chute na dobra de seu joelho, o fazendo cair de lado, e antes que Leo conseguisse se levantar, o chute veio debaixo, parando antes de levantá-lo.

– Perdi – disse-lhe, e se levantou.

A planície onde montavam seu acampamento jamais esteve tão movimentada. Era um amarelado, ainda mantendo no limite de Hemilyn, prestes a sair do território Elfo. Estavam caminhando fazia semanas, mas não precisavam se apressar tanto.

Passos Arcanos: Sombras do LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora